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Piscicultura é destaque no Seridó
Durante cinco dias, quatrocentos e dezenove pescadores e piscicultores de
vinte e três municípios do Seridó e Oeste potiguar, participaram em Caicó,
da 1ªSemana da Piscicultura, evento realizado através de uma parceria do
Senar, Sebrae, Dnocs, Emater e Secretaria Estadual de Agricultura e Pesca.
O objetivo principal, do acontecimento encerrado ontem, foi proporcionar a
integração dos participantes na criação e comercialização de peixe, além de
incentivá-los e orientá-los sobre a atividade pesqueira.
O local da realização, foi a Estação de Piscicultura Estevão de Oliveira ,
na sede do Dnocs.
"O Senar está investindo muito na piscicultura, em águas interiores, porque
está vendo que é uma forma de resgatar também a cidadania do homem do campo,
no sentido de trazer mais renda e esse estilo de evento, vem completar o
trabalho na região do Seridó, onde nós realmente precisamos ter um trabalho
melhor", disse Leônidas Ferreira de Paula, presidente do conselho do Senar,
Sebrae e Faern.
Analisa ele, que a piscicultura em açudes tem um futuro maior talvez, do que
a carcinicultura, porque a demanda do mercado de peixe é imensa. "E
qualificar o produtor no sentido de que ele agregue valor ao pescado, é uma
obrigação nossa. Estamos fazendo aqui o que fizemos em Pau dos Ferros, que
hoje é uma realidade. Começou com a prefeitura adquirindo o produto para a
merenda escolar e já existe um mercado consumidor em Natal e em Recife, a
procura desse tipo de peixe, através do filé e do embutido, é um mercado
grandioso".
Marcílio Andrade de Lucena, coordenador estadual do Dnocs, analisou que a
procura pelo pescado da água doce é muito grande, pelo fato da
carcinicultura está estabilizada.
"Não adianta a gente produzir os alevinos e fazer o peixamento dos açudes,
se a gente não tem as pessoas capacitadas para desenvolver o projeto. Então
com esse evento, os participantes vão se tornar agentes multiplicadores e
ajudar a produzir com mais técnicas".
O dirigente do Dnocs disse que foram alocados recursos para recuperação de
um canal da estação de piscicultura e serão construídos mais três viveiros.
"E com esses três viveiros vai dar para se chegar à meta de 10 milhões de
alevinos por ano. Nós produzimos no ano passado, seis milhões, todos foram
distribuídos nos açudes públicos, comunitários e particulares".
Marcílio Lucena, ainda considera a produção pouca e anunciou que o Governo
do Estado está fazendo parceria com o Dnocs, para construção de estações de
pisciculturas em Itajá e em Apodi, para atingir a meta ambiciosa de produzir
20 milhões de alevinos por ano.
Dentre as atividades desenvolvidas durante a Semana da Piscicultura em
Caicó, estiveram beneficiamento do pescado e reversão sexual da tilápia.
A estação de piscicultura de Caicó, única no Estado,atendeu no ano passado,
oitenta açudes no Rio Grande do Norte e sessenta no Estado da Paraíba.
É pioneira na prática de reversão sexual da tilápia tailandesa. Faustulina
Alves de Oliveira, engenheira agrícola da secretaria estadual de agricultura
explica que o processo começa com o acasalamento de 45 fêmeas e 15 machos,
durante quinze dias, em um tanque medindo um metro quadrado de abertura, com
três metros de profundidade.
Na primeira semana é dada alimentação durante duas vezes ao dia enquanto na
segunda semana, não é servido o alimento, para forçar a desova.
Posteriormente são retiradas as larvas e os ovos. As larvas são levadas para
viveiros e os ovos para uma incubadora.
As larvas são colocadas para seleção num tanque com tela, de 3 mm, passando
os menores do que essa medida, que são aproveitados. Como até dez dias do
nascimento, as larvas não têm sexo definido, é colocada a ração com hormônio
masculino.
Na primeira semana são colocadas quatro alimentações. Na segunda semana sobe
para seis. Na terceira chega a oito e na quarta semana, são oferecidas doze
refeições.
Segundo Faustulina Alves, entre 28 e 30 dias os alevinos já estão prontos
para serem colocados em açudes.
O processo de reversão sexual de tilápia foi implantado em Caicó, segundo a
engenheira agrícola, porque existe uma procura muito grande pela espécie
macho. Como a espécie tilápia reproduz muito , há a necessidade da aplicação
dessa técnica.
Na última produção, de sete tanques foram retiradas 60 mil larvas. Com um
índice de mortalidade, de 10%, 54 mil larvas se tornaram alevinos.
A tilápia é um peixe de alto significado econômico, porque é aproveitado em
vários níveis. A pele, por exemplo, é usada para fabricação de cintos,
bolsas, sapatos e casacos.
Fonte: Diário de Natal (25/9/2005)