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Produção de origem animal nos perímetros irrigados do DNOCS cresce 25,9 por cento em 2012
Mais da metade da receita de R$ 23,6 milhões é obtida com a pecuária
leiteira
Os perímetros irrigados do DNOCS que exploram a fruticultura irrigada abrem
espaço para produtos de origem animal, que aumentam receita em ano de seca. O
valor bruto da produção animal em 23 dos 37 projetos de irrigação do DNOCS –
todos no Nordeste - teve um crescimento de 25,9 por cento em 2012, com relação
ao desempenho de 2011.
O aumento se deu apesar da seca do ano passado que causou retração na
contribuição da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) dos estados. No
Ceará, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece) registrou em 2012
uma queda de 20,11 por cento na contribuição da agropecuária no PIB, causada
pela seca. O PIB do estado cresceu 3,65 por cento em relação ao ano anterior.
O dado faz parte de um levantamento feito pela Diretoria de Produção e
Desenvolvimento Tecnológico e será apresentado no próximo dia 7 pelo diretor
geral do DNOCS, Emerson Fernandes Daniel Júnior , no Encontro Nordestino do Setor
de Leite e Derivados, em Natal. No evento, realizado pelo Sebrae, nos dias 5 a 8
de junho, ele abordará o tema “Ações do DNOCS para o fortalecimento da pecuária
leiteira nos perímetros irrigados”.
Enquanto em 2011 o valor bruto da produção animal foi de R$ 18,73 milhões, em
2012 cresceu para R$ 23,6 milhões - um aumento de 25,9 por cento. Nos itens que
compõem o resultado das vendas nos perímetros irrigados é destaque a
comercialização do leite, responsável por mais da metade da receita.
O leite gerou uma receita de R$ 10,5 milhões em 2011, o equivalente a 56,04 por
cento do total. Mas em 2012 o faturamento subiu para R$ 12,156 milhões, embora a
parte do leite no bolo das receitas tenha ficado em 51,52 por cento. A produção
do queijo, derivado do leite, adicionou R$ 413,5 mil em 2011 (2,2 por cento do
total) e, em 2012, somou R$ 614,86 mil (2,6 por cento).
Outro subproduto do gado, o esterco, em 2011 acrescentou R$ 1,1 milhão à renda
dos perímetros (5,94 por cento do total) e, em 2012, somou R$ 1,2 milhão ao
faturamento (5,12 por cento do total). O comércio da carne, dos animais para
abate e de reprodutores, em conjunto contribuiu em 2011 com R$ 6,1 milhões
(22,79 por cento) e em 2012 adicionou ganhos de R$ 8,62 milhões (36,77 por
cento).
Conforme o estudo, no ano agrícola de 2012, foi irrigada com pastagem uma área
de 2.203,53 hectares em 23 perímetros irrigados. No mesmo ano foi comercializado
um volume de 13.757.551 mi litros de leite. “A irrigação tem importante papel no
desenvolvimento do Nordeste semiárido, minimizando o risco representado pela
escassez de água, garantindo a atividade agrícola e a sustentabilidade
econômica”, afirma.
Exemplo neozelandês em Limoeiro do Norte
Como modelo inovador de produção de leite e de gestão é citado pelo DNOCS o
exemplo do pecuarista e industrial Luiz Prata Girão em Limoeiro do Norte. No
município, a chapada do Apodi apresenta clima ideal para o crescimento de
forragens tropicais e no perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi os pivôs de pasto
disputam espaço com pivôs utilizados em fruticultura intensiva como banana e
mamão para exportação.
Com o custo operacional de R$ 0,53 por litro de leite, Luiz Girão utiliza pasto
irrigado e rebanho mestiço. Sem nenhum trator, produz por dia cerca de 17 mil
litros de leite com emprego de apenas quatro funcionários diretos e sistema de
parceria no estilo do contrato do sharemilker da Neo-Zelândia que recebe uma
porcentagem do lucro em troca do trabalho.
Vantagens competitivas
Como vantagem da produção de leite em áreas irrigadas o DNOCS destaca a gestão
privada dos perímetros de irrigação, com participação das empresas, a facilidade
na venda de matéria orgânica para as áreas do cultivo de frutas e hortaliças,
garantia de água e terra plana e bem estruturada. Cita ainda a disponibilidade
da estrutura de irrigação com energia elétrica, captação e ponto de água no
lote, e as facilidades para contratar serviços de mecanização, para o uso da
estrutura comum de captação da água e armazenamento e a disponibilidade de área
irrigável de baixo custo.
São vantagens da produção de leite em sistemas intensivos em perímetros
irrigados – acrescenta o estudo – a ampliação da área implantada com atividades
produtivas e a potencialização do uso das terras com maximização do uso da
infraestrutura existente. O modelo contribui ainda para a maior oferta de adubo
orgânico nos perímetros, insumo hoje de alto custo e baixa disponibilidade, e a
diminuição da inadimplência referente às taxas cobradas nos perímetros pelo
consumo de água e administração.
Outros argumentos são citados a favor do sistema de pecuária leiteira com a
pastagem irrigada, como a maior rentabilidade da atividade leiteira, um custo de
produção menor e mais competitivo e a maior produtividade da terra. O caminho é
apontado como fator de sucesso para o aumento da eficiência da mão de obra,
viabilização da pequena propriedade, maximização dos fatores produtivos e
diminuição do capital imobilizado. Menciona também a eliminação da
estacionalidade na produção de forragem e a eliminação ou diminuição do uso de
tratores e assemelhados.