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SÃO FRANCISCO - Eudoro faz defesa técnica do projeto de integração (*)
Diretor geral do Dnocs, Eudoro Santana defende o projeto de integração
do rio São Francisco Garantir a sustentabilidade hídrica para o Nordeste
é a principal meta do Projeto de Integração do Rio São Francisco às
Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, que engloba os estados
do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, o agreste de Pernambuco e
parte de Alagoas. Ontem, Dia Mundial da Água, o diretor geral do
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Eudoro
Santana, voltou a defender a obra, criticando ''o tom emocional'' dos que
são contra o projeto.
No Nordeste, enquanto a média pluvial é de 800 milímetros por ano, a
média de evaporação da água dos açudes é de 2.200 milímetros/ano, o
que gera um déficit de 1.300 milímetros d'água. Em Minas Gerais, a
média de chuvas é de 1.800 milímetros, contra o índice de evaporação
de 500 milímetros por ano. Os dados apresentados pelo diretor geral
do Dnocs sustentam a sua defesa em favor do Projeto de Integração do
Rio São Francisco.
''Se o Castanhão tem 4 bilhões de metros cúbicos d'água, apenas 1
bilhão poderá ser utilizado, pois os 3 bilhões restantes vão ser perdidos
por evaporação. Para que eu tenha sustentabilidade hídrica eu preciso
superar esse déficit'', afirma Eudoro Santana, explicando que com a
obra de integração, diariamente vão chegar para o Castanhão 6mß de
água, o que vai assegurar que a água antes perdida possa ser utilizada
para irrigação, abastecimento humano e indústrias.
Eudoro Santana acredita que se estivéssemos em um período de seca,
como a registrada em 1999, 2000 e 2001, seriam poucas as pessoas
contrárias ao projeto de integração. ''2004 foi um ano excepcional, fez
sangrar o Orós que não sangrava há 16 anos, encheu o Castanhão,
que se acreditava não encheria tão logo. Mas 2004 não é regra e
precisamos ter segurança hídrica'', comenta.
Para Santana, as cisternas de placas, defendidas pelos que são
contrários à integração de bacias, devem ser usadas apenas nas
casas difusas no semi-árido, mesmo assim utilizando também riachos
próximos para abastecê-las. ''No Nordeste não podemos depender
somente da chuva''.
O diretor geral do Dnocs critica ''o tom emocional e sem critérios
técnicos'' dos que se põem contrários à integração. ''Eles mantêm a
discussão em cima do velho projeto de transposição. Mas a nova
concepção, que vem sendo trabalhada há um ano e meio, mudou até o
nome do projeto'', esclarece Santana. Segundo ele, o termo
transposição foi substituído por integração de bacias para dar o real
sentido do projeto, de integrar as regiões mais pobres do País. ''As
pessoas batem na mesma tecla da engenharia civil e não têm visão
que esse é um projeto de engenharia política, é bem mais amplo''.
Sobre a questão ambiental, Eudoro Santana se diz consciente que as
obras terão impactos ambientais, mas que o projeto prevê
reflorestamento das margens do São Francisco. ''As ONGs tratam
bastante do impacto ecológico, mas o impacto social é mais dramático.
É desumano o que a seca causa no Nordeste''.
* matéria publicada no jornal O Povo, edição do dia 23/03/2005