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RIO SÃO FRANCISCO - Comitê prepara ofensiva para apoiar transposição (*)
O objetivo do comitê é se contrapor à campanha de opinião pública
contrária ao projeto que estaria sendo desencadeada nos estados de
Sergipe, Alagoas, Bahia e Minas Gerais
O Ceará instalou ontem, na Assembléia Legislativa, o comitê estadual
de defesa da transposição das águas do rio São Francisco. Organizado
por algumas das principais forças políticas do Estado, o comitê tem
uma tarefa dura pela frente: se contrapor a forte campanha contra a
transposição desenvolvida em estados como Sergipe, Alagoas, Bahia e
Minas Gerais.
Ontem, durante sua instalação, a idéia mais repetida pelos
participantes era a de que é preciso intensificar o debate técnico,
articular ações políticas com estados que serão beneficiados pela
transposição - Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco - e
desmistificar informações que têm sido veiculadas.
''A desinformação é a mais grave inimiga do projeto'', disse o ministro
Ciro Gomes (Integração Nacional), durante exposição no plenário da
Assembléia. Ele destacou os aspectos técnicos e a importância da
transposição para a região, além dos benefícios que a revitalização vai
levar para todos os estados cortados pelo rio, inclusive os que são
contra.
Segundo Ciro, uma pesquisa encomendada pelo ministério revelou que
apenas o Estado de Sergipe tem uma posição ''majoritariamente
contrária'' ao projeto. Ele informou que, em Sergipe, a sondagem
identificou um ''caricato'' argumento dando conta de que a transposição
iria desviar o curso do rio. Na verdade, a transposição prevê apenas a
construção de um canal que irá transferir cerca de 5% da vazão da água
do São Francisco.
O ministro definiu como ''naturais'' as eventuais polêmicas em torno da
transposição. Ele atribuiu isso ao fato de o projeto ter sido ''mal
encaminhado no passado''. O ministro disse que ''havia um consenso
oco sobre a necessidade de se revitalizar (o rio), mas não havia projeto,
orçamento, compromissos e iniciativas concretas''.
Também convencido da importância do projeto, o governador Lúcio
Alcântara (PSDB) disse ser necessário discutir com os segmentos
contrários sob o ângulo da qualidade técnica do projeto. ''O clima de
beligerância e de confronto não nos interessa'', disse o tucano.
Um dos articuladores da formação do comitê, o presidente do
legislativo estadual, Marcos Cals (PSDB) mostrou-se preocupado com
os prejuízos que a corrente contrária à transposição pode provocar ao
projeto. Sem citar nomes, o deputado tucano disse que em meio
a ''entidades sérias'' existem ''entidades instrumentalizadas'' usando
discurso ''nefasto''.
Fazem parte do comitê a Assembléia Legislativa, representantes das
universidades do Estado, da Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos (Cogerh), do Departamento Nacional de Obras contra as
Secas (Dnocs), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec),
do Instituto da Cidade e do Banco do Nordeste (BNB). A primeira
atividade, uma audiência pública, está marcada para amanhã, às 15
horas, no auditório da Legislativo.
Ontem, além de representantes dessas entidades, o evento contou com
a presença de deputados federais, estaduais, prefeitos e vereadores,
além de representantes do Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e
Pernambuco.
( * ) matéria publicada no jornal O Povo, edição 08/03/05.