Notícias
Museu do Sertão
Durante o Seminário de Biocombustíveis realizado pela Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte – UERN, nos dias 20 e 21 de novembro de 2008, os
palestrantes foram convidados pelo Dr. Benedito Vasconcelos Mendes, organizador
do evento, a conhecerem o Museu do Sertão, criado e organizado por aquele
cientista. O Dr. Benedito, eminente pesquisador do semi-árido, autor de mais de
50 (cinqüenta) publicações sobre o tema, além de ter desenvolvido pesquisas para
introdução e criação de animais silvestres, como exemplo citamos: porco do mato
(catitu), ema, cutia, mocó e outros; no intuito de tornar economicamente viável
sua produção, em cativeiro, no meio rural, beneficiando os pequenos
agricultores.
Homem com muitas responsabilidades assumidas no meio científico,
pesquisador, estudioso, renomado nacional e internacionalmente, considerado um
segundo Guimarães Duque do semi-árido pelo que já produziu e desenvolveu em prol
do nordeste brasileiro, e, não conformado em só estudar e promover pesquisas
para convivência nessa região árida de tudo, criou um espaço, o MUSEU DO
SERTÃO. A iniciativa pautada em uma visão de futuro para guardar e eternizar as
reminiscências das coisas do sertão, àquela época, 1983, já apaixonado pela
caatinga e acreditando na sua viabilidade econômica e social, resolveu
garimpar, comprar e guardar a historia do cotidiano do homem simples.
O museu dispõe de artefatos de madeira, ferro, palha, minério, peles e
outros materiais, compostos por peças residenciais, industriais e instrumentos
diversos. Estes últimos, criados muitas vezes pela necessidade, e, por vezes,
visando atender as mais diversas profissões representadas e com soluções para a
comunidade residente e valente do nosso nordeste brasileiro, reconstituindo
nossas raízes ao longo dos séculos.
Doando-se por inteiro a sua idéia, disponibilizou um sítio, comprado com
recursos próprios, a 6 Km da cidade de Mossoró, na localidade de Lagoinha, com o
nome de Rancho Verde, o qual seria para qualquer mortal um local de lazer com a
família e com os amigos nos finais de semana, para ali eternizar as coisas do
sertão. Misturando sua vontade com o apoio da dedicada esposa, abriu mão de sua
tranqüilidade, e por diversos finais de semana promove encontros com estudantes,
pesquisadores e visitantes, visando atendê-los da melhor maneira possível.
De volta as atividades, como professor da UERN, estando aposentado pela
antiga Escola Superior de Agricultura de Mossoró – ESAM, hoje Universidade
Federal Rural do Semi-Árido, membro da Academia Norte Riograndense de Ciências,
da Academia Mossoroense de Letras e de outras entidades, ainda disponibiliza
tempo para sua luta incansável de garimpar, procurar no meio rural, não medindo
esforços e recursos próprios, novas peças e melhorar o acervo do “nosso”, como
ele mesmo diz, Museu do Sertão.
Ao visitarmos aquela belíssima iniciativa, sentimos a alegria nos olhos
daquele pesquisador , que ao falar a história das peças, como eram utilizadas,
em que materiais estão confeccionadas, sua utilidade, o que elas representam e
como foram adquiridas (diga-se de passagem, com recursos próprios ou doadas por
amigos, já que não recebeu, até a data da visita, nenhuma ajuda do Poder Público
ou Privado), vimos e sentimos o que representa aquele Museu, para ele e, sem
igual, para a história do Nordeste e seu povo sofrido.
O DNOCS, como Departamento do Semi-árido, que vem estruturando a região para
uma convivência digna de seus habitantes, nestes seus noventa e nove anos, não
poderia deixar de reconhecer o abnegado trabalho do Professor Benedito, como é
conhecido no mundo científico, pelos ex. e atuais alunos, colegas e parceiros de
trabalho.
Por conseguinte, vem o DNOCS tornar público no seu site, o reconhecimento à
obra do batalhador incansável e convidar a todos para conhecerem aquele trabalho
monumental, composto de seis galpões temáticos, distribuídos da seguinte forma:
1-Área do Vaqueiro, 2 - Pequenas Indústrias, 3 - Instrumentos para Confecção de
Artesanato, 4 - Serraria, 5 – equipamentos Agrícolas, 6 – Casa de Farinha e
Moendas e, por último, uma residência de taipa típica do nosso homem do sertão,
com seus mínimos detalhes, dentre eles: a rede, o pinico, o pote, a cama de vara
e a cortina de chita no quarto do casal, a cozinha com todos os instrumentos de
trabalho da dona de casa e familiares, a máquina de costura e a bodega do seu
Raimundo, com meia porta de levantar.
Ao Professor Benedito, o nosso reconhecimento e parabéns pelo seu trabalho
de caráter local, com respaldo nacional e internacional, mostrando que a cidade
de Mossoró tem bons profissionais na representação do Estado do Rio Grande do
Norte, que acolheu esse cearense de Sobral, mas mossoroense de coração.
Texto elaborado pelos técnicos da Diretoria de Produção, Dr. Amaury Reis
que participou como palestrante no Seminário citado e o publicitário Victor
Pinheiro.