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Centro de Pesquisas em Carcinicultura dissemina camarão do Amazonas nos açudes do Nordeste
A quarta produção dos camarões trazidos em outubro de 2007 da bacia do
rio Amazonas, em Belém, pelo Centro de Pesquisas em Carcinicultura do
Dnocs, vai estar pronta para ser entregue nos açudes nos próximos 45
dias. Este é o quarto ciclo de desenvolvimento do camarão canela
(Macrobrachium amazonicum) com pureza genética a ser colocado como
pós-larva nos açudes públicos ou vendido aos produtores, que atinge
peso médio comercial de 10 gramas em 4 meses de engorda. Esses
camarões alcançam peso até 25g.
O chefe do Centro de Carcinicultura do Dnocs, Adécio Rodrigues da
Silva, lembra que revezou 24 horas na direção da caminhonete com Pedro
Eymart, do Centro de Pesquisas em Aquicultura, sem parar, para trazer
600 camarões reprodutores vivos , na Praia de Iracema, em Fortaleza. A
viagem a Belém teve como motivo renovar a pureza genética afetada pela
degeneração da espécie por efeito de retrocruzamentos que resultaram
no "camarãozinho forragem" encontrado nos açudes, de pequeno tamanho e
sem valor comercial.
O plantel hoje soma aproximadamente 25 mil matrizes e reprodutores
distribuídas em oito viveiros – cinco na Estação de Piscicultura de
Amanari e quatro no Centro Pesquisas em Aquicultura do Dnocs, em
Pentecoste. Somente um viveiro conserva 17 mil matrizes. Uma vez por
semana, a equipe do Centro de Carcinicultura vai a Pentecoste para
fazer o monitoramento da qualidade das águas e dos viveiros. Faz o
acompanhamento biométrico do crescimento dos reprodutores, da
sanidade, alimentação, e traz as fêmeas para desovar no laboratório em
Fortaleza.
Para conseguir a eclosão das larvas de camarão, os técnicos do Centro
tentam reproduzir o ambiente natural do estuário do rio Amazonas, em
Belém. Bombeiam água do mar para os tanques, fazem a mistura com água
doce para deixar na salinidade de 12 ppt, e usam processos de
filtragem natural que propiciam as condições para criação das larvas e
das pós-larvas, que são alimentadas com ração elaborada no Centro. Com
auxílio de termostatos, a temperatura da água precisa ser mantida com
30 graus centígrados para que as 50 mil larvas em média de cada tanque
sobrevivam e cresçam.
O Centro de Pesquisas de Carcinicultura recebeu terça-feira pela
segunda vez a visita do coordenador de Aquicultura e Pesca do Dnocs,
João Fontenelle, que discutiu medidas para dinamizar a produção do
Laboratório. O Centro possui capacidade instalada para produzir 8
milhões de pós-larvas de camarão canela por ano.
João Fontenelle anunciou a intenção de trabalhar junto com a
iniciativa privada, de buscar a captação de recursos com projetos em
parceria com os órgãos do governo estadual e federal, e defendeu
estímulo às pesquisas. O Centro de Carcinicultura do Dnocs foi a única
instituição de pesquisa no mundo a conseguir dominar o ciclo de
produção em cativeiro do camarão Pitu (Macrobrachium carcinus), nos
anos 2003-2007. Por duas vezes, a equipe técnica fechou o ciclo do
Pitu.
"O Centro faz as pesquisas e leva o resultado para o campo ", disse
Felipe Cordeiro, diretor de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do
Dnocs. As pós-larvas do camarão Pitu foram lançadas nas lagoas do
Cauípe, em Caucaia, e nos açudes Pentecoste, Curu e Jaibara. O
trabalho com o camarão Pitu foi interrompido por falta de recursos. O
Centro de Carcinicultura do Dnocs recebe pedidos de outras
instituições para falar da experiência. Um recente convite chegou da
Universidade Federal de Pernambuco, diz a pesquisadora Sandra
Pinheiro.
Felipe Cordeiro conta que o camarão do Amazonas foi escolhido pelo
Dnocs por ser economicamente viável para o pequeno produtor, pelo
impacto social e por possuir melhor bagagem genética e maior peso que
a variedade encontrada nos açudes públicos do Nordeste. Na próxima
semana, as equipes do Centro de Pesquisas em Carcinicultura e do
Centro de Pesquisas em em Aquicultura vão ministrar cursos de
Tecnologia do Pescado – Camarão e Peixe, para comunidades em Itarema,
no Ceará, e Sabugi, no Rio Grande do Norte. O curso já foi dado para
comunidades dos açudes Jaibaras, Castanhão e Pentecoste. Este ano, no
total de 120 alunos vão fazer o curso.