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Do sonho a realidade: a concretização do Açude Engenheiro Ávidos pelo DNOCS
Nas terras áridas do sertão paraibano, ergueu-se um reservatório de sonhos e esperança, a barragem Engenheiro Ávidos, também conhecida como Açude Boqueirão de Piranhas, que foi construída no século passado, pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), para trazer alento à população do município de Cajazeiras e comunidades vizinhas. A barragem passou a desempenhar um papel essencial para o estado da Paraíba e sua importância abrange aspectos econômicos e sociais.
De acordo com estudos de Isaías Souza de Oliveira, para a universidade Federal de Campina Grande, o processo de ocupação e colonização da região onde está localizado o açude foi estimulado pelas cristalinas águas do Rio Piranhas, que nasce na Serra do Bongá, no município de Bonito de Santa Fé-PB, descendo e cruzando o estado do Rio Grande do Norte, onde encontra o mar.
Segundo o pesquisador, por muitas décadas, a população do Baixo Piranhas amargou inúmeras consequências provocadas pelas longas estiagens que provocavam a escassez da água e a diminuição de alimentos. A construção de um açude na região seria um ponto crucial para que as comunidades tivessem acesso a segurança hídrica e alimentar. Uma barragem naquela região do sertão paraibano era uma ideia antiga, presente nos relatórios e estudos de engenheiros que visitavam a Paraíba em fins do século passado. Com a criação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), antiga denominação do DNOCS, esses estudos foram intensificados.
Isaías de Oliveira conta que após a finalização dos estudos técnicos, a viabilidade da obra foi oficializada com a divulgação do local, a baixada da Vila de São José de Piranhas, mas, mesmo com todos os efeitos provocados pela seca de 1915, somente em 1919 o então Presidente da República, Epitácio Pessoa, determinou que o IFOCS agilizasse a execução dos trabalhos de construção de grandes açudes, entre eles o de Boqueirão de Piranhas. Após um intervalo de dois anos, os trabalhos foram iniciados no dia 1º de julho de 1921.
A obra, que antes era coordenada por uma empresa americana, foi paralisada no ano de 1925 e retomada em 1932, agora sob a responsabilidade direta do IFOCS. Em outubro do mesmo ano, o engenheiro responsável pela obra, Lauro de Mello Andrade, foi afastado da chefia dos trabalhos por motivos de saúde, sendo substituído pelo engenheiro Moacyr Ávidos, que faleceu meses depois e teve, em sua homenagem, o nome dado ao açude. Na pesquisa da universidade paraibana consta que o engenheiro Sylvio Aderne assumiu a coordenação dos trabalhos de construção da barragem até a sua conclusão em 30 de setembro de 1936. Inaugurada em 19 de novembro daquele ano, a solenidade contou com a presença de autoridades do mundo político e de jornalistas. Entre eles o governador da Paraíba, Argemiro de Figueiredo, o jornalista Assis Chateaubriand e uma comitiva de empresários paulistanos.
Com a construção do reservatório, as comunidades do entorno foram beneficiadas com outras mudanças, como a construção e melhoramento de estradas que facilitavam a circulação da população e de mercadorias e a chegada da luz elétrica ao lugarejo que proporcionou um salto econômico e social para a comunidade.
Cajazeiras e mais algumas cidades do sertão são abastecidas pela reserva hídrica do Açude Engenheiro Ávidos, que no seio da terra seca emerge como fonte de alívio para um povo sofrido pelos muitos anos de seca.
Curiosidades sobre o município de Cajazeiras
De acordo com a Prefeitura Municipal, Cajazeiras é um município brasileiro no interior do estado da Paraíba. Pertence a Mesorregião do Sertão Paraibano e a Microrregião de Cajazeiras e está distante 468 quilômetros da capital do estado, João Pessoa. Ocupa uma área de 565,899 km² e sua população, de acordo como censo de 2022, é de 69.239 habitantes.
Desmembrado do município de Sousa em 1863, o nome “Cajazeiras” faz referência a uma fazenda fundada no século XVIII, onde existiam várias cajazeiras, árvores que produzem o cajá. Nos dias atuais, Cajazeiras é a principal cidade da região do Alto Piranhas e polariza quinze municípios do extremo oeste da Paraíba.