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Cultivo experimental de camarões marinhos em água oligohalina é iniciado na Estação de Piscicultura Estevão de Oliveira (RN)
A carcinicultura, técnica de criação de camarões em viveiros, é uma importante alternativa de diversificação para produção e economia, pois alcança bons resultados ao produtor que possui local apropriado para a construção de viveiros. Sob supervisão de Dalgoberto Coelho, engenheiro de pesca e chefe da Divisão de Pesca e Aquicultura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), a Estação de Piscicultura Estevão de Oliveira, localizada em Caicó-RN, está iniciando um cultivo experimental de camarões marinhos em água oligohalina. Vale explicar que águas oligohalinas possuem níveis de salinidade entre 0,5 e 0,6 ppt (partes por mil).
Pois bem, de acordo com Dalgoberto Coelho, essa ação na Estação de Piscicultura Estevão de Oliveira está sendo realizada utilizando a espécie de camarão marinho, Litopenaeus vannamei (Boone, 1931), conhecido pelo nome comercial de camarão-de-patas-brancas ou camarão-branco-do-pacífico. Esta é uma variedade de crustáceos da subordem Dendrobranchiata (e não Caridea), comumente pescado e criado para fins comerciais. Proveniente do Pacífico oriental, da região que vai do estado de Sonora, no México, até o norte do Peru, é a maior espécie de camarão de cativeiro. Os principais produtores comerciais deste crustáceo são Tailândia, Indonésia, Vietnã, Equador, México e Brasil.
“Esse cultivo experimental é muito importante, pois o camarão que está sendo produzido é um alimento de excelente valor proteico. Com o êxito do cultivo, estaremos auferindo renda e empregos diretos e indiretos. Alguns perímetros irrigados do DNOCS, como os de Morada Nova e Jaguaruana, já investem na carcinicultura. Trata-se de uma cultura que tem sustentabilidade econômica, social e ambiental. Áreas que antes não serviam para nenhuma cultura, uma vez que foram salinizadas, foram reaproveitadas para a construção de viveiros”, ressalta Dagoberto Coelho.
Atualmente, o foco dos produtores de camarão é abastecer o mercado interno, no entanto, vislumbra-se a abertura para mercados externos. Comparando o camarão cultivado com o camarão de captura (pescado, tanto pela pesca artesanal, pesca em pequena escala, como pela pesca industrial), o maior diferencial está na sustentabilidade, pois não agride o meio ambiente. “O camarão cultivado prima pela qualidade da água. Muitas vezes as fazendas de camarão captam água com parâmetros de qualidade inferiores às águas que são expurgadas. Isso quer dizer que a água é captada, tratada, utilizada nos cultivos, retirada dos tanques para unidades de tratamento e então lançadas no meio ambiente ou reaproveitada ", explica ainda o engenheiro de pesca Dalgoberto Coelho.
SAIBA MAIS
Segundo a revista Panorama da Aquicultura, muitos têm se referido a águas oligohalinas erroneamente como sendo “água doce”, pelo fato delas serem, em alguns casos, adequadas ao consumo humano ou por seus níveis de salinidade não detectáveis por refratômetros manuais (aparelhos que medem a salinidade).
Como dito anteriormente nessa reportagem, na nomenclatura científica, águas oligohalinas possuem níveis de salinidade entre 0,5 e 0,6 ppt, enquanto águas com salinidade entre 0,7 até 18 ppt são chamadas de mesohalinas. A salinidade, uma medida expressa em partes por mil (ppt) ou gramas por litro (g/L), mede a quantidade total de sais inorgânicos na água, principalmente cloretos, sódio, sulfato, magnésio, cálcio e potássio. A água doce possui uma concentração muito baixa destes sais quando comparada à água oligohalina
Água oligohalina também apresenta dureza e alcalinidade mais elevada em relação a água doce. Estas diferenças não devem ser desprezadas, pois águas essencialmente doces são consideradas inapropriadas para o crescimento e sobrevivência dos camarões marinhos. Recomenda-se que, uma vez identificada a área para o cultivo, seja conduzido um estudo minucioso relacionado às características físicas, químicas e biológicas da água.
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