Notícias
Nossas Histórias
Construído pelo DNOCS na década de 30, Açude Lima Campos trouxe esperança para a população de Icó, no Ceará
O açude foi uma alternativa para aplacar a seca de 1932
Desta vez, o quadro Nossas Histórias remonta ao início da década de 30, quando o Ceará viveu uma das maiores secas. Nesta mesma época, a Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), antiga denominação do DNOCS, começou a ampliar ações para conter os efeitos das severas estiagens. Foi neste cenário que surgiu o Açude Lima Campos, o protagonista da história de hoje.
A construção do Açude Lima Campos foi realizada pela IFOCS, na época vinculada ao Ministério da Integração Nacional. O objetivo da Inspetoria era um aproveitamento das várzeas do Icó, fazendo com que as terras do Vale do Rio Salgado, no centro-sul cearense, formassem um sistema de reserva de água e irrigação.
Os primeiros estudos e orçamentos do Açude Lima Campos, na época conhecido como Açude Estreito, começaram a ser feitos ainda em 1912, segundo estudos de Priscilla Régis Cunha de Queiroz, no III Seminário Nacional de Histórias e Contemporaneidades. Conforme a pesquisadora, falhas no projeto impediram o desenvolvimento da construção ainda nesta década. A questão mais expressiva foi a desproporção entre a capacidade da bacia hidráulica e a descarga anual do Rio São João, muito aquém do que deveria ter para suprir o açude projetado, fazendo com que o projeto fosse retomado somente durante as calamidades advindas da seca de 1932.
A população de retirantes da seca foi parte principal da mão de obra para construção do reservatório. O trabalho, diário muitas vezes, era realizado manualmente. Neste ano, a região passou por muitas dificuldades por conta da estiagem e aos poucos a paisagem foi ganhando um novo componente, o açude Lima Campos, que foi dando novas esperanças ao povo da região, garantindo sustento para muitas famílias cearenses.
Segundo a publicação do DNOCS, Barragens do Nordeste do Brasil, o início da construção data de abril de 1932 e a conclusão deu-se em dezembro do mesmo ano. De acordo com a publicação, “No período de nove meses foi feito um volume de 83.800m³ de maciço, que corresponde a cerca de 330m³/ dia”. Em decorrência das condições topográficas locais, foi construído um túnel para substituir com grandes vantagens a construção de um canal. Assim, o túnel Orós-Lima Campos, destinado a estabelecer comunicação entre as bacias hidráulicas do grande reservatório de Orós e do Açude Lima Campos, permitiu que o primeiro suprisse o segundo de quantidade de água necessária para a irrigação das férteis várzeas de Icó.
No projeto do Açude Lima Campos, destaca-se a técnica de compactação usada. Na época, o uso de equipamentos de terraplenagem ainda marcava os primeiros passos no DNOCS. Para a construção do açude, foi utilizado o sistema de compactação manual, aproveitando assim a mão de obra das pessoas da região.
CURIOSIDADES SOBRE O MUNICÍPIO DE ICÓ
Segundo o IBGE, no início do século XVIII, as tribos indígenas que habitavam a região se opuseram aos colonizadores. De acordo com o levantamento, “Entre as serras do Pereiro e os vastos sertões do Cedro, o capitão-mor Gabriel da Silva Lago fez erguer uma paliçada para defender os moradores da ribeira do rio Salgado, surgindo ali o arraial Novo, hoje cidade de Icó”.
Após violentas lutas entre sesmeiros, colonizadores e indígenas, o Padre João de Matos Serra, prefeito das Missões, conseguiu alcançar a pacificação. A origem da denominação do local é o nome de uma tribo Tapuia que habitava o território compreendido entre os Rio Jaguaribe e o Peixe.
O povoamento e o desenvolvimento da região devem-se às famílias Monte e Feitosa, que tinham grande prestígio e dominavam muitas áreas do território. A capela de Nossa Senhora do Ó, padroeira do povoado, foi erguida por Francisco Monte, em meados do século XVIII.
Lengenda das imagens:
Fotos 1 e 2: retiradas do Livro "Barragens no Nordeste do Brasil"
Fotos 3 e 4: divulgação do IBGE
Serviço de Comunicação Social
Telefone (85) 3391-5121
E-mail: comunicacao@dnocs.gov.br