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Sistema Curema-Mãe: um verdadeiro mar no sertão construído pelo DNOCS
O quadro Nossas Histórias desta quinta-feira (13/07) vai falar sobre uma das construções mais desafiadoras do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Estamos falando do Sistema Curema – Mãe D’Água. Considerado um verdadeiro “mar no sertão paraibano”. Isso porque a captação do Sistema une as águas de duas grandes barragens em um só reservatório. O projeto foi considerado inovador para a época, ano de 1939, e os desafios da execução e conclusão entraram para a história do Autarquia.
Com capacidades hídricas distintas, coube ao engenheiro do DNOCS, o paraibano Estevam Marinho, o desafio de deixar semelhantes os níveis das águas das duas barragens que compõem o Sistema. Naquele mesmo ano (1939), o engenheiro conseguiu um feito inédito: a elevação das águas por meio de um sistema turbogerador – uma espécie de eletrobomba.
Na prática, para que ocorresse a elevação e o nivelamento das águas, instalou-se no Açude Curema (com capacidade de projeto de 720.000.000m³) um sistema turbogerador e no Açude Mãe D’Água (capacidade de projeto de 638.000.000m³) uma eletrobomba. Foram elevados aproximadamente a cota 207.00 para 249.00. Desta forma, os 20.000 hectares, da varzea de Souza puderam ser irrigados. Além disso, a montante da barragem Mãe D’Água foram instaladas duas comportas e turbinas, o que possibilitou ao Sistema gerar 3.200 kW de energia.
Os detalhes da história do projeto é narrado no livro Barragens do Brasil. A obra aborda ainda que durante os estudos percebeu-se que a formação rochosa da área exigiria mais atenção. Coube então ao DNOCS outro feito único e inédito: a criação de um laboratório exclusivo para estudos geotécnicos das jazidas e controle de qualidade do solo. O trabalho, comandado pelo engenheiro Mario Brandi Pereira, possibilitou a utilização da terra de maneira correta, garantindo assim a construção do Sistema Curemas – Mãe D’Água.
Naquela época foram realizados estudos hidrológicos, que permitiram uma maior precisão dos coeficientes do deflúvio (escoamento da água). Brandi também foi responsável pelos dados. A conclusão das obras do Sistema Curemas – Mãe D’Água é registrada em 1942. O chamado “mar no sertão” percorre mais de 8.000 km² (oito mil quilômetros quadrados) no sertão paraibano, e já foi considerado uma das maiores construções, nesse quesito, do país. Isso porque em 1961 outra grande obra do DNOCS, o Açude Orós, foi inaugurada.
O avanço que o Sistema Curemas trouxe para o sertão paraibano é indiscutível. Além da esperança de oferta hídrica para o sertanejo daquele lugar, a obra teve o respeito de todos, incluindo a classe política. Prova disso foi que os presidentes Getúlio Dornelles Vargas (em 16 de outubro de 1940), Eurico Gaspar Dutra (em 1º de outubro de 1949) e Juscelino Kubitschekem (em 5 de janeiro de 1957) visitaram a construção e puderam ver de perto a grandiosidade daquele “mar de água doce” que mudou a vida do povo de mais de 100 cidades abastecidas pelo Sistema Curemas – Mãe D’Água.