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NOSSAS HISTÓRIAS
Segundo maior reservatório do estado do Ceará, Açude Orós, é sinônimo de esperança para o povo cearense
Inaugurado em 1961, o reservatório foi criado para amenizar as consequências da seca
O Nossas Histórias de hoje vai narrar a criação do segundo maior reservatório hídrico do estado do Ceará. Para que você aproveite com louvor a história que vamos contar, pedimos que leve seus pensamentos para os tempos do Império. É nessa época que a história do Açude Orós se inicia.
Já começamos com uma pergunta: você sabia que o problema das secas do Nordeste é uma preocupação constante dos líderes governamentais desde o tempo do Império? Os órgãos foram criados pensando nas consequências que a seca poderia trazer para as populações que sofriam com a falta de chuvas na região.
A situação era tão calamitosa que, em 1878, Dom Pedro II, sentindo o que estava acontecendo no Ceará, reuniu uma comissão de estudiosos com o objetivo de discutir a seca e suas consequências. O Barão de Capanema, que conhecia cientificamente o problema e as regiões semiáridas, sugeriu a construção de barragens nos principais boqueirões, a perfuração de poços e a arborização de todo o interior do nosso estado. O objetivo seria a construção imediata de abastecimentos de água permanentes, em primeira escala. Foi nessa época que a barragem de Orós começou a ser citada entre os projetos de canalização das águas.
Porém, do Império até 1909, nada se registrou acerca da barragem de Orós. Naquela época, a prioridade foi realizar obras governamentais em outras regiões menos favorecidas, especialmente na abertura de estradas, para facilitar a locomoção de pessoas e materiais a serem empregados nas construções em diferentes partes do Nordeste.
Com essa decisão, as secas se sucediam ininterruptas, provocando um êxodo rural assustador. O homem, fugindo da seca, da peste, da fome que assolava plantas, rebanhos e o povo, despovoou cada vez mais o Ceará.
Diante da iminência de um total despovoamento, o Governo voltou mais uma vez a programar atividades que sanassem as consequências das secas. Assim, foi criada a Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), antiga denominação do DNOCS, um órgão destinado à programação de obras de emergência.
O Engenheiro Miguel Arrojado Lisboa organizou os trabalhos de observações geológicas das diferentes bacias hidrográficas, e, a partir de 1911, a região do Boqueirão do Orós foi, pela primeira vez, estudada de perto. O Engenheiro José Gomes Parente fez o primeiro levantamento topográfico, auxiliado pelo Eng. Louis Philipps, que fizeram os desenhos da região do Boqueirão e enviaram à IFOCS, em Fortaleza, com o intuito de que a direção do órgão tomasse conhecimento da realidade do local onde se pretendia construir a barragem. Nas sondagens preliminares, descobriram um poço, com profundidade superior a quarenta metros, no centro do boqueirão, local onde a barragem deveria ser construída.
O relatório com todos os dados sobre o Orós foi destruído em um incêndio, que aconteceu em dezembro de 1912, restando apenas desses primeiros estudos um esboço do Boqueirão do Orós e uma redução topográfica da bacia hidráulica do rio Jaguaribe. Somente em 1919, o Presidente da República, Epitácio Pessoa, sancionou a Lei N° 3925, fixando planos para a construção de grandes barragens no Nordeste. Com isso, a barragem do Orós volta, mais uma vez, a ser objeto de estudos.
LINHA DO TEMPO
- Em 1921: chega à região do Sítio Orós, a firma norte-americana Dwight Robinson & C° Incorporated. Após um levantamento topográfico respectivo, foram traçados os projetos da barragem e instalação de casas, estradas de rodagem, eletrificação e outras obras de maiores urgências. Esses trabalhos, realizados por A. Pyles, José Visetti, C. P. Cunha, José Wright e George Shobinger, foram os primeiros documentos precisos do primeiro projeto de construção do Açude Orós.
- Em 1924: chuvas intensas caíram na região, ocasionando a paralisação da obra.
- Em 1925: o Governo decreta uma lei que suspende todas as obras públicas e Orós, mais uma vez, cai no esquecimento.
- Em 1930: por portaria do Engenheiro Palhano de Jesus, foram realizados mais estudos e projetos para a construção do Açude Orós, sob a direção do Engenheiro Luís Augusto Vieira. De sua autoria, constam dois projetos acerca da barragem do Orós, porém, segundo dados e relatórios, ambos não se adaptavam à realidade do local, nem ofereciam garantias quanto à impetuosidade das águas do rio Jaguaribe.
- Em 1957: o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, denominado assim em 1945, concluiu os estudos definitivos para a construção do Açude Orós. A sua construção foi entregue à equipe do Engenheiro Anastácio Honório Maia.
- Em 1958: iniciavam as escavações de fundação da parede.
- Em 1960: chuvas intensas se anteciparam e desabaram sobre a construção, ocasionando, durante dias, pânico em toda população cearense. No dia 26 de março, um alarme anunciava para toda população ribeirinha do Jaguaribe e para todo o mundo, que as águas do Jaguaribe rolavam por sobre a parede inacabada, levando as esperanças do povo. Mas, ninguém ficou de braço cruzado e no dia 15 de julho do mesmo ano, foi retomada a construção, mobilizando 1.600 homens que, em 80 dias úteis, recuperaram a posição da barragem anterior ao transbordamento.
- Em 1961: em 5 de janeiro de 1961, estava concluída a construção do Açude Orós. Uma barragem de 670 metros de comprimento e 54 metros de altura, com capacidade para armazenar 2.000.000.000 m³ de água.
O então Presidente da República, Juscelino Kubitschek, despedia-se do Ceará como presidente, inaugurando o Açude Orós. “O vasto mar que aqui se formou não se destina apenas a refletir a luz das estrelas. É um mar ativo que vai regularizar o regime do maior rio seco do mundo (...) Obra legendária que desafiou quarenta anos de esforços e de frustrados desejos”, declarou.
O Açude Orós fica a 450 km de Fortaleza e tem como finalidades a perenização do Rio Jaguaribe, irrigação do Médio e Baixo Jaguaribe, piscicultura, culturas agrícolas de áreas de montante, turismo e aproveitamento hidrelétrico.
A barragem, que já ocupou o posto de maior reservatório do Ceará até 2002, ano em que o Castanhão foi construído, atingiu duas expressivas marcas este ano: o reservatório mais que dobrou em 2022 e atingiu um volume que não era alcançado desde 2014, ultrapassando o índice de 49% de volume hídrico acumulado (dados obtidos através de uma matéria publicada pelo Diário do Nordeste, com base nos números do portal hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
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