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NOSSAS HISTÓRIAS
Rodovia Nordeste-Brasília: as vias para a nova capital brasileira construída pelas mãos dos nordestinos
A contribuição do DNOCS para a malha rodoviária brasileira
O Nossas Histórias de hoje vai te levar para uma viagem ao final da década de 50, onde o governo do presidente Juscelino Kubitschek (JK) foi marcado pela política econômica desenvolvimentista. É neste cenário que o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) participou da construção da Rodovia Nordeste-Brasília, que liga a então nova capital do país à região Nordeste.
A construção de Brasília foi uma obra realizada durante o governo de JK e estendeu-se de 1957 a 1960. A mudança da capital do país para o planalto central fez parte de um plano idealizado desde o começo da república. Brasília nasceu no coração do Brasil e modificou a direção do progresso do país naquele momento. Para que a nova capital fosse o polo desenvolvimentista do Brasil, muitas estradas foram abertas para ligar o cerrado ao restante do país.
Surgiu, neste contexto, segundo relatório “Evolução das rodovias no polígono das secas”, a Rodovia Nordeste-Brasília, implantada pelo DNOCS. O projeto, em quase toda sua extensão, foi calcado no levantamento aerofotogramétrico (técnica de medição planialtimétrica que utiliza fotografias métricas obtidas a partir de câmeras especiais embarcadas em aeronaves), e partindo de Fortaleza, passa por Canindé, Boa Viagem e Tauá, no Ceará; por Picos, Simplício Mendes, São João do Piauí e São Raimundo Nonato, no Piauí; Barreiras na Bahia; Posse e Formosa, em Goiás, atingindo finalmente Brasília.
O relatório do DNOCS afirma ainda que aprovada para o Plano Rodoviário Nacional em 1950, principalmente por sua importância econômica para a capital do país, a estrada era a ligação direta entre Fortaleza e Brasília. Uma alternativa para a construção seria o aproveitamento da BR-13, considerada espinha dorsal da rede rodoviária do Nordeste, até Feira de Santana, e da BR-28, que ligava Salvador à Barreiras. Mas, considerado o elevado custo da ponte sobre o Rio São Francisco, na BR-28, os responsáveis pelo projeto adotaram a ligação direta onde seriam aproveitados alguns trechos anteriormente construídos, precisando apenas de adaptação para melhores condições técnicas e onde a única obra especial importante seria a travessia do Rio Prêto, no trecho Barreiras-São Raimundo Nonato.
A construção foi iniciada em 1958, com recursos de emergência, sendo posteriormente concedidos pelo Governo créditos especiais para seu prosseguimento, em ritmo intenso para permitir tráfego no menor tempo possível, sendo algumas frentes de serviço instaladas e mantidas por via aérea. Muitos trabalhadores locais foram empregados para a realização da obra, contribuindo para reduzir o nível de desemprego e pobreza nas regiões assoladas pelas secas.
Os relatórios do DNOCS indicam que diversas frentes de trabalho foram abertas onde o acesso se fazia mais difícil. Atravessando regiões totalmente inexploradas, algumas destas frentes foram instaladas e mantidas por via aérea. Homens materiais, máquinas, alimentos e combustíveis foram lançados em regiões desprovidas de qualquer via de acesso terrestre ou fluvial.
O orçamento da época para o quilômetro com revestimento primário, foi de cerca de um milhão de cruzeiros, ficando portanto estimado em 1,8 bilhão de cruzeiros, o custo total da Nordeste-Brasília. A execução dos trabalhos com pessoas vítimas da seca de 1958, foi da ordem de 146 milhões de cruzeiros.
Curiosidades
O relatório do DNOCS de 1960, do engenheiro Sylvio Aderne, informa que a ausência de recursos impôs a quase paralisação desta obra nos primeiros meses daquele ano. Graças a interferência do Presidente da República, não só foi possível sua continuação, bem como a recuperação do tempo perdido com a intensificação dada aos serviços. O trecho Barreiras-Formosa, foi subdividido em subtrechos e estes empreitados por grandes empresas especializadas em obras rodoviárias. Um trecho foi reservado ao DNOCS que nele concentrou seus recursos em equipamentos e pessoal existente na região.
“ Em 21 de abril de 1960, conforme a determinação presidencial, dava tráfego à primeira Caravana e o trecho restante continuou sob administração direta com alguns serviços tarefados. Juntamente com o Comandante Gabino Vieira, assessor da Presidência da República, percorri toda a rodovia em camioneta observando o andamento da obra e com escalas normais para repouso e alimentação. A viagem durou 4 dias. Até 31 de janeiro de 1961 estará com suas principais obras d'arte concluídas ou execução e revestidas em grande parte de sua extensão, estando em tráfego, embora precário, em alguns trechos. Em outro tópico tornareis a referir-me à Nordeste-Brasília.”, relata o engenheiro.
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