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NOSSAS HISTÓRIAS
Piscicultura do DNOCS comemora 90 anos de histórias

Nos últimos dez anos, cinco novas estações foram criadas
No dia 12 de novembro, a piscicultura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas completa 90 anos. Em alusão a data, dessa vez você vai viajar pelas conquistas que a modalidade teve durante todos esses anos. A piscicultura é um dos ramos da aquicultura que desenvolve o cultivo de peixes e outros organismos aquáticos. Graças ao extenso território litorâneo e grande quantidade de água doce, o país tem condições de se tornar um dos maiores produtores mundiais de pescado. Essa modalidade de criação cresceu muito nos últimos anos e movimenta uma parte importante da economia do mercado brasileiro atualmente. O peixe fornece a mais de 4,5 bilhões de pessoas em todo o mundo uma grande proporção de suas necessidades diárias de proteína. Para muitos, é uma refeição diária essencial para a nutrição, a saúde e o bem-estar.
Com atuação no semiárido nordestino e no Norte de Minas Gerais há mais de um século, o DNOCS responde pela construção de cerca de 328 barragens, de centenas de quilômetros de irrigação, abastecimento de água, perfuração de mais de 30 mil poços tubulares, perenização de aproximadamente 3 mil quilômetros de rios intermitentes, reflorestamento, práticas de agricultura vazante, de áreas secas e irrigadas, pecuária, hidrologia e outras obras importantes para o desenvolvimento social e econômico do semiárido.
Dentre tantas realizações, a pesca e piscicultura se destacam como uma das mais representativas, firmando-se numa base sólida, graças aos trabalhos realizados pelos renomados cientistas, além de servidores da Autarquia. Porém, para podermos entender melhor como surgiu a piscicultura do DNOCS, precisamos voltar para 1649. Foi neste ano que se deu o primeiro registro sobre os peixes no Ceará, feito pelo colonizador holandês, Matias Beck. No seu Diário, ele citou que os rios eram piscosos, ou seja, que se encontra considerável quantidade de peixes. Outro historiador afirma que a população residente nas margens do rio Piranhas, que atravessa os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, escapou da seca de 1844 ao capturar peixes daquele manancial, usando como artefatos de pesca suas próprias redes de dormir.
Catorze anos depois, o Governo Imperial, atormentado pelos terríveis efeitos dessa seca que durou 3 anos (1844-1846), decidiu criar uma Comissão Científica de Exploração comandada pelo Marechal de Campo Henrique de Beaurepaire Rohan para estudar o problema. O militar recomendou, dentre tantas ações, o armazenamento de água por meio da construção de 30 açudes e a abertura de um canal ligando o rio São Francisco ao rio Jaguaribe, e a criação de peixes em viveiros, conforme registros extraídos da publicação “80 anos da pesca e piscicultura do DNOCS”, de José Jarbas Studart Gurgel. Mesmo com a crise climática na região, muitas dessas atribuições demoraram anos para serem colocadas em prática e apenas em 1911 que a piscicultura voltou a ser lembrada, por meio da Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS).
Em 1919, a IOCS foi reestruturada e passou a ser denominada Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), tendo como objetivos a construção de açudes, a perfuração de poços, a irrigação e a criação de postos de piscicultura à margem de açudes e rios, para introdução e aprimoramento de peixes de boa qualidade e erradicação das espécies indesejáveis. Mas foi apenas em 1932 que foi criada a Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste (CTPN). O cientista brasileiro, Dr. Rodolpho Theodoro Wilhelm Gaspar von Ihering, foi convidado para dirigir a comissão, e foi a partir desse momento que o DNOCS passou a ser conhecido internacionalmente, como a maior instituição do país no campo de pesca e da piscicultura, graças aos trabalhos desenvolvidos pela CTPN e que continuam até hoje.
Centro de Pesquisas em Aquicultura Rodolpho von Ihering (atual)
FATOS RELEVANTES
Ao longo dos 90 anos, o acervo de trabalhos publicados pelo DNOCS sobre a piscicultura já ultrapassou a marca de 1.200 documentos, entre trabalhos técnicos, livros, artigos, manuais e cartilhas. O DNOCS tem uma rica história sobre a piscicultura extensiva:
- Em 1933 foi realizado o primeiro peixamento pela CTPN, transportando oitenta e cinco peixes do tipo mandi, capturados no Rio São Francisco e colocados no açude Campo de Sertânia, em Arcoverde-PE;
- No 15° Congresso Internacional de Fisiologia, realizado em 1935 em Moscou, na Rússia, foi apresentado pelos descobridores o método da reprodução induzida (hipofisação) de peixes, considerado na época como a maior descoberta científica de todos os tempos no campo da piscicultura;
- Em 1958 foi inaugurado o Museu Rodolpho von Ihering, em Fortaleza-CE, sendo transferido em 1985 para o Centro de Pesquisas Ictiológicas Rodolpho von Ihering, em Pentecoste-CE;
- Em 1971, chegaram a Fortaleza, procedentes da Estação de Piscicultura de Bouakê, Costa do Marfim-África, sessenta alevinos de tilápia do Nilo e igual quantidade de tilápia de Zanzibar, espécies até então inexistentes no continente americano;
- Em 1985, a nova sede do Centro de Pesquisas Ictiológicas Rodolpho von Ihering, em Pentecoste-CE é inaugurada, com modernos laboratórios de Limnologia, Tecnologia de Pescado, Ictiologia, Biologia Pesqueira, auditório, prédios de
administração, fabriquetas de ração, tanques, viveiros, canais de abastecimento e de drenagem, e outras instalações;
- Em 1996, o Brasil importou da Tailândia a tilápia tailandesa, (Oreochromis niloticus) geneticamente melhorada, variedade que melhor se adaptou às águas tropicais e subtropicais do território brasileiro;
- Junto com a Universidade Federal do Ceará, foi elaborado um “Manual Sobre Manejo de Reservatórios para a Produção de Peixes”, financiado pelo Projeto AQUILA, abordando aspectos da administração pesqueira de reservatórios, com o intuito de divulgar e implantar na América Latina e no Caribe, o modelo adotado pelo DNOCS na exploração de pesca dos açudes públicos do semiárido nordestino;
- A pesca e piscicultura do DNOCS participa da II EXPO Mundial ocorrida em Zaragoza, Espanha, que contou com a participação de mais de 100 países, tendo o Eng. Agr. Pedro Eymard Mesquita apresentando em uma Roda de Conversa, o painel Projeto Pirarucu (Arapaima gigas), peixe da bacia amazônica que foi transplantado e aclimatizado no semiárido nordestino para produção extensiva em açudes e que é atualmente utilizado para cultivo em sistema de criação intensiva.
De acordo com a chefe do Serviço de Fomento e Produção da Divisão de Pesca e Aquicultura, Daury Gabriel de Sousa, atualmente o DNOCS conta com doze Estações de Piscicultura e tem capacidade de produção de 125 milhões de alevinos/ano, além de um Centro de Pesquisas:
1. Estação de Piscicultura “Adhemar Braga”, localizada no Perímetro Irrigado Caldeirão, Piripiri-PI;
2. Estação de Piscicultura “Osmar Fontenele”, localizada no Perímetro Irrigado São Vicente, Sobral-CE;
3. Estação de Piscicultura “Valdemar Carneiro de França”, localizada à jusante do açude Amanari, Maranguape-CE;
4. Estação de Piscicultura “Pedro de Azevedo”, localizada no Perímetro Irrigado Lima Campos, Icó-CE;
5. Estação de Piscicultura “Estevão de Oliveira”, localizada à jusante do açude Itans, em Caicó-RN;
6. Estação de Piscicultura “Bastos Tigre”, localizada no Perímetro Irrigado Moxotó, Ibimirim-PE;
7. Estação de Piscicultura “Oceano Atlântico Linhares", localizada à jusante do açude Jacurici, Itiúba-BA;
8. Estação de Piscicultura “Pau dos Ferros”, localizada no município Pau dos Ferros-RN;
9. Estação de Piscicultura “Ruy Simões de Menezes”, localizada no Complexo Castanhão, em Nova Jaguaribara-CE;
10. Estação de Piscicultura “Joaquim Firmino Filho”, localizada no perímetro irrigado de São Gonçalo no município de Marizópolis-PB;
11. Estação de Piscicultura “Gracho Cardoso”, sendo abastecida pelo açude Três Barras sendo assim também conhecida de “estação de piscicultura de Três Barras”, localizada no município Gracho Cardoso-SE;
12. Estação de Piscicultura “José Ailton Nogueira Mota”, localizada no município de Jaramataia-AL;
13. Centro de Pesquisas em Aquicultura “Rodolpho von Ihering” localizado à jusante do açude Pereira de Miranda, Pentecoste-CE.
A chefe do Serviço de Fomento e Produção da Divisão de Pesca e Aquicultura destacou ainda que o serviço de Aquicultura e Pesca capacita por ano cerca de 500 produtores, técnicos e estudantes de todo o país e de algumas partes do mundo com transferência de tecnologia.
Com alevinos das diversas espécies, o DNOCS faz a manutenção e a preservação da biodiversidade, povoa os novos reservatórios e repovoa os antigos em sistemático programa de peixamentos. Com a produção e distribuição de alevinos de espécies selecionadas (principalmente a tilápia do Nilo), também de matrizes e reprodutores de qualidade genética superior, a Autarquia incentiva a piscicultura comercial que faz do Nordeste uma das maiores regiões produtoras de peixes criados em cativeiro do país. Outra ação é a transferência de conhecimento com capacitação e treinamento de produtores, profissionais liberais e estudantes por meio de cursos, estágios, aprendizado em trabalho de campo, assessoria a cooperativa, associações de produtores e empresários.
“Vale muito destacar as nossas capacitações de pessoas, o Centro de Pesquisas em Aquicultura capacita por meio de cursos, aulas práticas, tanto para estágios de nível técnico, como superior, então isso tem uma importância enorme por repassarmos o conhecimento. Além disso, a Estação de Piscicultura do Pau dos Ferros, Joaquim Firmino Filho, em Marizópolis, Gracho Cardoso, em Gracho Cardoso, José Ailton Nogueira Mota, em Jaramataia e Rui Simões de Menezes, em Nova Jaguaribara Castanhão também merecem destaque porque foram instaladas nos últimos dez anos. A do Castanhão (Rui Simões de Menezes), inclusive, tem capacidade de produzir 25 milhões de alevinos por ano. Esse povoamento que fazemos é fundamental para alimentar famílias e pescadores que através dos peixes sobrevivem e geram renda para os municípios e adjacências das localidades que se encontram, ressaltou.
VAMOS RELEMBRAR
Ato de reinauguração do Museu Rodolpho von Ihering Laboratório móvel para ovos livres de peixes importado da Hungria
Descerramento da placa da Diretoria de Pesca e Piscicultura, 1972
Centro de Pesquisas em Aquicultura Rodolpho von Ihering, 1973
Serviço de Comunicação Social
Telefone (85) 3391-5121
E-mail: comunicacao@dnocs.gov.br