Notícias
Construída pelo DNOCS, Barragem Arrojado Lisboa desenvolveu o município de Banabuiú
No início da década de 30, algumas famílias começaram a chegar às terras de Banabuiú, mais precisamente na Fazenda Amendoim, propriedade do Sr. Zezinho Queiroz. Alguns anos depois, em 1952, a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) chegou ao município de Banabuiú para dar início à construção do que seria um dos reservatórios mais importantes da região, o Açude Arrojado Lisboa. É assim que essa história começa, com um povoado que perecia nos longos períodos de estiagem e se desenvolveu a partir da construção de um grande açude.
Durante esse período inicial, a comitiva do IOCS, antiga denominação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), construiu um campo de pouso, residências, hotel, hospital, escola e um complexo administrativo com escritórios, almoxarifado, cooperativa, carpintaria e oficina para automóveis pesados. Toda essa estrutura foi erguida para receber outra comitiva que deu início a construção do Açude Arrojado Lisboa, popularmente conhecido pelo nome da cidade, Banabuiú.
As comitivas que chegaram à localidade eram compostas por engenheiros, geólogos, técnicos e operários. A construção da barragem teve início em 1952, com a instalação do canteiro, acampamento e estradas de acesso. Em 1953 foram feitas abertura, limpeza e tratamento da fundação. Até 1960 o grupo de trabalho lutava arduamente para que a barragem não fosse ultrapassada pelas cheias do período chuvoso, uma vez que a única passagem de descarga para o volume afluente era a galeria da tomada d'água.
Nesse momento, de acordo com documentos datados da época, era preciso intervir para que as cheias não interferissem nas obras. Pois bem, em uma das intervenções de desvio foi feito um canal provisório, no leito do rio, confinado entre o corpo da galeria e a ombreira esquerda. Um segundo desvio foi realizado no local que corresponde à barragem auxiliar. No local previsto para o vertedouro foi feito um corte com 10 metros de largura, pelo qual pudesse sangrar o reservatório numa emergência, nesta nova fase da construção. A esta altura, a galeria já estava concluída. Superada aquela cheia, os trabalhos retomaram seu ritmo normal, até que em 1961 novas chuvas preocuparam os construtores. Os trabalhos foram reiniciados em 1963 e concluídos em 1966.
Fotos do Blog: Banabuiú em fatos e fotos
De acordo com a prefeitura de Banabuiú, a história do município se atrela à do Açude Arrojado Lisboa. Foi na época da construção da barragem que a cidade mais cresceu. Os trabalhadores foram chegando e permanecendo na região, formando famílias e desenvolvendo o local. Ainda segundo a prefeitura, Banabuiú, da época de seu surgimento, era apenas Laranjeiras, um distrito de Quixeramobim. Somente em 1988, conforme o Projeto-Lei nº 11.427, de 25 de janeiro deste mesmo ano, que o distrito foi elevado à condição de município.
A barragem foi erguida no rio Banabuiú (daí vem o nome do município e consequentemente da forma como é conhecido o açude), principal afluente do rio Jaguaribe. A função principal da barragem é o acúmulo de água para o abastecimento humano, a irrigação e o controle de enchentes na região. Com capacidade para armazenar cerca de 2,4 bilhões de metros cúbicos de água, é considerada uma das maiores do Ceará.
Representando uma importante conquista no aproveitamento dos recursos hídricos da região, a barragem Arrojado Lisboa, contribui para o desenvolvimento socioeconômico e segurança hídrica. Sua história evidencia a importância da gestão adequada dos recursos naturais e da busca por soluções sustentáveis para suprir as necessidades da população, considerando sempre os aspectos ambientais e sociais envolvidos.
O LEGADO DE ARROJADO LISBOA
A história do DNOCS se entrelaça com a jornada da ocupação do homem no semiárido brasileiro e se expressa por um acervo material e tecnológico que foi legado pelos que conduziram essa caminhada, tenham sido, eles, engenheiros de larga visão, como Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa.
Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa fincou uma programação de pesquisas sobre a realidade concreta do meio e sobre aspectos sociais da região assolada pelas secas, visando a adquirir dados confiáveis para nortear um programa de ação de combate aos efeitos das secas.
Vale mencionar ainda que as providências para a coleta sistemática de dados de natureza pluvio-fluviométrica foi iniciativa de Arrojado Lisboa, ativada a partir de 1911, quando já era Presidente o Marechal Hermes da Fonseca.
Por fim, tomamos por empréstimo, sobre este tema, o que escreveu o Engenheiro Agrônomo Paulo de Brito Guerra, em seu livro: A Civilização da Seca. "Para ocupar a Direção da Inspetoria de Obras Contra as Secas foi designado o Eng°. Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, homem de visão excepcional, que soube promover os estudos básicos sobre a área, de modo amplo, estudos ainda hoje valiosos, quando, a muito custo, conseguia penetrar os sertões bravios, sem estradas.”, escreveu Paulo de Brito Guerra.