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Nossas Histórias
Cedro, o primeiro açude do Brasil
As constantes estiagens, muitas vezes, pautaram ações do Governo Federal no que concerne o enfrentamento à seca no semiárido brasileiro, e no Ceará não é diferente. O quadro “Nossas Histórias” de hoje começa em meados de 1877, quando o Ceará foi escolhido, por uma comissão criada pelo imperador Dom Pedro II, para abrigar um projeto audacioso que previa uma barragem no curso do rio Sitiá, na região do sertão central cearense. A ideia era acumular água e assim aliviar um pouco a sede daquelas famílias que pereciam com a falta d'água, além de ofertar condições salubres também para seus animais.
Estamos falando do início da construção do Açude do Cedro, o primeiro grande reservatório do Brasil. Cabe aqui, antes de mais nada, relembrar a decisiva contribuição dada por Dom Pedro II para que a construção se tornasse uma realidade. Foi o imperador que apoiou, incondicionalmente, o grandioso projeto de instalação, por sua histórica sensibilidade em relação à necessidade de atenuação dos efeitos das secas.
Essa história ganha forma por meio de muitas mãos que lutavam para mudar a realidade de tanta gente que sofria com severas estiagens. Pois bem, a ordem de construção do Açude do Cedro foi dada por D. Pedro II, em decorrência do grande impacto social provocado pelas secas, entre os anos de 1877 e 1879.
Na época, o Governo Imperial solicitou ao engenheiro Ernesto Antônio Lassance Cunha e a outros técnicos estudos prévios. Já no ano de 1882, o primeiro projeto para a construção do Açude do Cedro foi feito pelo engenheiro britânico Jules Jean Revy que coordenou a realização de obras preliminares, como a construção de uma estrada de acesso e a instalação das máquinas. Às vésperas do início das obras, ocorre a proclamação da república e, consequentemente, a retirada de Revy.
Apenas no ano de 1889, o projeto volta a ganhar visibilidade. Após algumas modificações no projeto, realizadas naquele mesmo ano, pelo engenheiro Ulrico Mursa, da Comissão de Açudes e Irrigação, as obras foram finalmente iniciadas em 15 de novembro de 1890. Entretanto, poucos perceberam que essa obra daria início a uma nova maneira de encarar as constantes secas na região. Em contrapartida, tantos outros, diretamente envolvidos, em seu nascedouro, sabiam que ali começava um novo capítulo na história da convivência do homem com as secas.
Um monumento do Império que teve suas obras concluídas, após várias interrupções, em 1906, já sob coordenação do engenheiro Bernardo Piquet Carneiro, que assumiu a direção da construção em 1900. De acordo com estudiosos do tema, é possível afirmar que o Açude do Cedro iniciou um novo momento no semiárido nordestino, pois foi, a partir da construção dele, que o governo passou a projetar outras barragens para mitigar os efeitos das secas.
Assim nasceu o Açude do Cedro, em Quixadá, na conhecida terra dos monólitos. Um reservatório que mudou a paisagem do sertão cearense. Entre os muitos atributos naturais, de raras belezas encravadas nas terras dos monólitos, um reservatório que foi concretizado pelas mãos de centenas de trabalhadores. Um Açude construído com o mesmo capricho com que a natureza desenhou o espaço para abrigar o seu leito.
SAIBA MAIS
O Açude do Cedro tem capacidade para acumular 125 milhões de m³ de água, o equivalente a 50 mil piscinas olímpicas. A represa no coração do sertão central cearense foi a primeira obra para o combate à seca no país. O manancial virou orgulho e ponto turístico emoldurado aos pés da Galinha Choca, uma formação rochosa de destaque no local.
Vale lembrar ainda que a barragem possui, em seu coroamento, um guarda-corpo trabalhado em ferro e pilares em cantaria. Esse guarda-corpo foi produzido por uma empresa escocesa, a Walter Macfarlane e Co., em 1906.
Segundo o instituto do patrimônio histórico e artístico Nacional (IPHAN), a Barragem do Cedro, com sua parede em arco de alvenaria de pedra, foi a primeira grande obra hidráulica moderna do continente sul-americano e uma das pioneiras obras do seu tipo e do seu porte no mundo. Para além da funcionalidade de represamento d'água, a implantação resultou numa paisagem de beleza ímpar.
Por conta disso, o Açude do Cedro é candidato a receber o título de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A solicitação foi feita pelo governo brasileiro, por intermédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
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