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Açude Araras: um marco na açudagem do DNOCS
O quadro Nossas Histórias de hoje vai nos levar à construção do Açude Público Paulo Sarasate, mais conhecido como Açude Araras. Os estudos para a construção do reservatório começaram no ano de 1920 e foram concluídos em 1938. A ideia saiu do papel apenas em 1951, por meio do engenheiro do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), Luiz Barbosa de Albuquerque.
A construção do Açude Araras iniciou, na prática, em 1956, e foi concluída dois anos depois.
Conforme descrição da placa inaugural, a obra foi executada em tempo recorde, graças aos seus engenheiros, auxiliares e operários que se tornaram, assim, merecedores da admiração e respeito dos brasileiros.
Em meio às lembranças dessa construção, surge o trabalho da pesquisadora Tecla Lopes de Carvalho. Filha de José Gerardo de Carvalho e Teresinha de Jesus Lopes de Carvalho, a menina nasceu no acampamento Vila Operária, no município de Varjota, no Ceará. Na época, ainda pequenina, ela via seu pai dirigindo veículos enormes e pesados que traziam a terra para a construção de uma das mais importantes barragens do estado do Ceará.
E é pelo olhar da pequena Tecla, que vamos narrar os fatos daquela época. Pois bem, o DNOCS chegou a contratar mais de 12 mil trabalhadores, os chamados “cassacos”, para a construção do Açude Araras. A bacia hidrográfica do reservatório compreende mais de 3.500 quilômetros. Tem ainda uma barragem auxiliar, vertedouro, tomada d’água e uma usina hidrelétrica com duas turbinas, com potência de 6.400cv e capaz de gerar 6 mil kva.
Tecla lembra bem do período da construção que foi o marco inicial para a fundação da cidade de Varjota (CE). Segundo ela, são memórias que jamais serão esquecidas. “Eu lembro de famílias inteiras chegando atraídas pela notícia da grande obra pública, deixando suas terras e migrando em busca de emprego e melhores condições de vida”, contou. Não seria por menos, haja vista que o reservatório é considerado um marco na açudagem do DNOCS pelos múltiplos aproveitamentos, sendo um dos principais vetores do desenvolvimento da região norte do Ceará.
A pesquisadora nos relata que viveu um momento ímpar. “A construção da barragem do Açude Araras, na década de 1950, é um marco histórico para toda a região. Por isso eu estou escrevendo um livro sobre o tema. Quero contar o viver desses homens e mulheres, que, ao encontrar condições básicas de permanência, ficaram e firmaram-se na cidade”.
Na época da construção, a área pertencia ao município de Reriutaba (CE), mas com os benefícios trazidos pela obra, outro núcleo urbano foi se formando. Daí surgiu a cidade de Varjota. O Açude Araras está construído sobre o leito do rio Acaraú entre os municípios de Varjota, Pires Ferreira, Hidrolândia e Santa Quitéria. Vale ressaltar que o rio Acaraú possibilita vários importantes usos, como: abastecimento humano da maioria dos municípios que estão situados ao longo do médio e baixo Vale e a irrigação por meio de perímetros públicos e empreendimentos particulares de médio e pequeno porte, considerados de fundamental importância para o desenvolvimento dessa região.
A barragem foi inaugurada em 31 de julho de 1958, pelo então Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira e por Paulo Sarasate, governador do Ceará naquele período que deu nome à barragem. O reservatório acumula um bilhão de metros cúbicos de água, e é uma das maiores obras executadas pela Autarquia Federal. A barragem foi projetada e construída pelo DNOCS junto à consultoria da Cementation do Brasil S.A. - Engenharia Geral.
Situado a noroeste do Ceará, o Açude Araras é fonte de riqueza para as cidades e povoados situados às suas margens, graças ao pescado, à agricultura irrigada e de vazante, e ao suprimento de água potável, além de ser uma atração turística, especialmente, por ocasião de rara beleza com a formação de cachoeiras.
Saiba Mais
Lembra da nossa personagem? Que conhecemos no início dessa história? Pois bem, o livro que Tecla está escrevendo apresenta personagens singulares, conceitos históricos e fontes de pesquisa que fizeram parte da construção do Açude Araras. Uma verdadeira viagem sob o olhar daqueles que participaram dessa aventura em busca de melhores condições de vida. Além disso, ela reúne fotografias que podem orientar novos pesquisadores e dar visibilidade ao Açude Araras, um dos mais relevantes para o povo sertanejo. “A leitura nos presenteia com caminhos para uma educação comprometida com o social”., finaliza Tecla Lopes.
Curiosidade
A barragem do Açude Araras transbordou mais de vinte vezes desde a construção. Em 2023, após três anos sem o fenômeno, a barragem voltou a sangrar. Destacamos os anos em que o Açude ARARAS sangrou: 1961, 1962, 1963, 1964, 1967, 1974, 1975, 1978, 1984, 1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1996, 2003, 2004, 2009, 2011, 2020 e 2023.