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A saga da construção do Perímetro Irrigado de São Gonçalo
Hoje vamos te contar um pouco da história da construção do Perímetro Irrigado de São Gonçalo (PISG) que é um empreendimento de irrigação estabelecido pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), logo após a conclusão das barragens de Engenheiro Ávidos e São Gonçalo. Sua principal finalidade era a colonização e o assentamento de famílias, proporcionando condições adequadas para o trabalho.
Localizado no distrito de São Gonçalo, município de Sousa, no estado da Paraíba, o PISG fica situado no Vale do Rio Piranhas, na mesorregião do Sertão Paraibano. Encontra-se às margens da BR-230, a cerca de 440 km de distância da cidade de João Pessoa, capital do estado. De acordo com os estudos conduzidos por Ronaldo Araújo de Almeida, da Universidade Federal de Campina Grande, emerge a narrativa da trajetória do Perímetro Irrigado de São Gonçalo, sob responsabilidade do DNOCS. Em 1972, os primeiros passos da implementação ecoaram pelos campos da Paraíba, trazendo consigo a promessa de prosperidade.O autor dos estudos explica que desde os primeiros passos dados na região, em 1936, com a inauguração do Açude Público e do Posto Agrícola de São Gonçalo, até a criação do Instituto da Região Seca, em 1940, as comunidades testemunharam os esforços incansáveis de muitos em prol do desenvolvimento agrícola irrigado, sob a coordenação da Comissão Técnica de Reflorestamento e Postos Agrícolas, da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), posteriormente transformada em DNOCS.
De acordo com o livro “São Gonçalo, lote, renda e arado”, de Rosimar Severino dos Santos, o perímetro Irrigado de São Gonçalo foi resultado das ações do governo nas regiões áridas do Sertão. A publicação também é enfatiza que o DNOCS, ao longo dos anos, vinha trabalhando a terra, e para conhecê-la melhor, teria que observar os tipos de solos, suas potencialidades, a cultura adequada, a melhor água para irrigação e, ainda, na década de 30, realizou a instalação do laboratório de análise de solos.
Para se ter uma melhor ideia da importância deste trabalho, o autor conta que no Brasil existiam apenas dois laboratórios para este tipo de análise, sendo um pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas/SP, e o outro, era o Instituto Agronômico José Augusto Trindade, em São Gonçalo, nome dado em homenagem ao mineiro que fixou residência na Paraíba, e foi o primeiro chefe da comissão de serviços complementares do DNOCS. Após a seca de 1958, aconteceram grandes mudanças e o laboratório de solos foi levado para Campina Grande, e sequer fora instalado naquela cidade. Porém na tentativa de restabelecer seus trabalhos, retornou a São Gonçalo e em 1996 foi reinaugurado, e fechado mais tarde por falta de recursos.
O ano de 1973 marcou o início dos serviços de administração, operação e manutenção da infraestrutura compartilhada do PISG. Nesse período, 477 famílias foram selecionadas e assentadas de forma gradativa nos lotes de terra, ocupando uma vasta extensão de 5.290 hectares. O tempo, nesse cenário, se desdobrava em três etapas, cada uma marcada pela construção das agrovilas e pelo enraizamento das comunidades. Cada fase desse processo marcou não apenas um avanço físico, mas também a promessa de um futuro mais próspero e seguro.
A autarquia emergiu como uma peça fundamental diante dos desafios enfrentados na luta contra a fome e a precariedade de condições de vida no Nordeste. Sua atuação foi muito importante para transformar um cenário difícil em um horizonte de progresso e esperança. Ronaldo Araújo de Almeida relata em seu estudo que diante da resistência dos grandes proprietários rurais, que preferiam a criação de gado como forma de manter a estrutura fundiária, o DNOCS optou por desapropriar terras e estabelecer pequenas propriedades familiares, onde os colonos e suas famílias pudessem prosperar. A década de 1970 trouxe consigo uma nova visão para o futuro, com o DNOCS liderando o caminho na expansão da agricultura irrigada, culminando na fundação do Perímetro Irrigado de São Gonçalo.Foi nesse momento que começou a batalha pela irrigação, dando origem a comunidades representadas pelos Núcleos Habitacionais I, II e III. Cidades como Sousa, Marizópolis e Nazarezinho testemunharam um crescimento significativo, impulsionado pela disponibilidade de mão de obra e pelo desenvolvimento econômico gerado pelo comércio local. O homem do campo, antes um simples trabalhador rural, viu-se agora como “proprietário” de sua própria terra. Muitos desses colonos alcançaram uma renda mensal superior a dez salários mínimos, evidenciando o impacto positivo das políticas implementadas pelo DNOCS. Cada colono recebeu uma casa, uma carroça, assistência técnica e social.
Cada poço perfurado, cada açude construído, foi um testemunho do compromisso do DNOCS em fornecer as ferramentas necessárias para transformar sonhos em realidade. Que essa jornada de superação e dedicação continue a inspirar aqueles que labutam na terra árida do Nordeste, oferecendo-lhes a promessa de um futuro mais verde e próspero como foi em São Gonçalo.
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