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DNIT registra imagens inéditas de animais em extinção
Em todas as regiões do Brasil onde o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) realiza empreendimentos em rodovias federais, há um compromisso especial com a gestão ambiental. Para monitorar e proteger a fauna, a flora e as comunidades locais, são realizadas captações de imagens aéreas, terrestres e aquáticas. Em algumas situações, equipes de trabalho se deparam com registros únicos, como ocorreu no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, onde foram avistados animais próximos ou mesmo ameaçados de extinção.
Por exemplo, nas proximidades da obra de implantação e pavimentação da BR-285/RS/SC, em São José dos Ausentes, foram capturadas imagens raras e inéditas do veado-campeiro, uma espécie ameaçada de extinção no estado. Um vídeo foi produzido com o intuito de sensibilizar a comunidade para a importância desse animal, destacando os danos causados pela caça e as medidas para mitigar atropelamentos na rodovia. Esse vídeo, intitulado "Relíquias dos Campos de Cima da Serra", marca o início de uma série de pequenos vídeos que valorizam aspectos naturais e culturais do território.
Para adaptar os empreendimentos às necessidades da fauna, no segmento dos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, foram projetadas duas pontes com adaptações para a passagem desses animais. As estruturas estão localizadas no Lote 1 - km 49 e no km 51, e ambas estão praticamente concluídas, visando a manutenção dos corredores ecológicos. Além disso, estão sendo construídas três galerias de concreto, com seção quadrada de dois metros, exclusivamente para o uso dos animais que atravessam a rodovia.
No trecho da Serra da Rocinha, em Santa Catarina, três dispositivos subterrâneos já estão em operação (Lote 2). São bueiros de 1,5m x 1,5m, cuja função é permitir o deslocamento de espécies nativas. Essa medida é complementada por telas de 1,80m de altura, que buscam evitar o acesso dos animais à rodovia e direcioná-los para locais de cruzamento seguro. No trecho urbano da rodovia, ainda existem duas passagens secas por baixo das pontes sobre os rios Rocinha e Serra Velha.
Assista ao vídeo sobre as passagens de fauna da Serra da Rocinha: Vídeo
Até embaixo d’água
Como ações da implantação das obras de duplicação da BR-116/RS (Guaíba – Pelotas), o DNIT executou o Programa de Monitoramento de Fauna e Bioindicadores, que complementa o cuidado e conhecimento sobre os animais da região e propõe o manejo adequado e a conservação das espécies. Um vídeo foi produzido a respeito dos rivulídeos - peixes que são encontrados em áreas úmidas vizinhas à rodovia e abrangem espécies em risco de desaparecimento.
Os peixes-anuais ou peixes-das-nuvens – duas maneiras pelas quais também são conhecidos os peixes da família Rivulidae – vivem por pouco tempo e dependem das chuvas para a eclosão de seus ovos. Medindo menos de cinco centímetros em sua maioria, boa parte das espécies é registrada em várzeas, banhados e charcos que se mantém alagados entre seis e oito meses por ano. Nesse período, ocorre sua reprodução. Com a seca da área, os adultos morrem, mas os resistentes ovos desses animais permanecem aguardando até a chegada do período chuvoso seguinte, em um processo chamado de diapausa, quando então um novo ciclo de vida é iniciado.
Dentre as espécies de peixes-anuais verificadas ao longo do monitoramento, A. jaegari e C. nigrovittatus são protegidas e consideradas oficialmente ameaçadas de extinção. Com exceção de A. gymnoventris e C. melanotaenia, as demais espécies identificadas na área de influência das obras são endêmicas do Brasil e do território gaúcho. Em torno de 40 espécies de peixes-anuais ocorrem no Rio Grande do Sul, sendo a maioria endêmica, ou seja, encontrada somente no bioma Pampa gaúcho. Devido à distribuição geográfica restrita (alto endemismo), e à fragilidade de seus habitats (rasos, alagados temporariamente e de dimensões reduzidas), os quais são altamente sujeitos à ação humana, os peixes-anuais são considerados os animais vertebrados mais ameaçados do Brasil e de toda a região Neotropical. Também por essas características, são considerados grupo-alvo em estudos e processos de licenciamento e monitoramento ambiental de empreendimentos.
Animais que auxiliam a flora
O Programa de Monitoramento de Fauna e Bioindicadores da BR-290/RS executado constantemente pelo DNIT, por meio da gestora ambiental, registrou espécies que desempenham um papel muito importante na flora da região. Eles são responsáveis pela dispersão de sementes ao se alimentarem dos frutos e acabam dispersando esses materiais em diferentes locais, contribuindo com a manutenção da biodiversidade e regeneração de áreas degradadas.
O programa é aplicado para monitorar qualquer alteração ecológica decorrente da implantação da rodovia, para monitorar as populações de alguns grupos da animais e não só fornece uma base para se quantificar os impactos ecológicos, como também acesso às taxas de mudança. Os últimos registros foram dos Graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus ); Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans ); Falsa-coral (Oxyrhopus rhombifer) e Azulão (Cyanoloxia brissonii).
O bugio-ruivo (alouatta guariba clamitans), por exemplo, está vulnerável a extinção e por coexistirem em fragmentos florestais e habitats próximos a populações humanas, a longo prazo, ficam vulneráveis a caça, doenças, atropelamentos, predação, escassez de recursos alimentares e “depressão” por endocruzamento (cruzamento de indivíduos com elevado grau de parentesco). Além disso, as populações em fragmentos são mais suscetíveis à extinção, pois os impactos têm um peso maior em populações pequenas.