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Gestão Ambiental de Rodovias homenageia colaboradoras no Dia Internacional da Mulher
Ainda minoria em profissões consideradas do universo masculino, aos poucos as mulheres ocupam seu espaço em atividades que antes eram exclusivas dos homens. Aumento da escolaridade e mudanças de padrões culturais fizeram com que a participação delas no mercado formal de trabalho crescesse nos últimos anos. O nível de ocupação feminina apresentou um salto considerável na última década. Em 2000, 35,4% das mulheres brasileiras tinham uma ocupação, número que aumentou para 43,9% em 2010. O desempenho foi sete vezes maior do que o masculino, segundo dados do último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010.
É por isso que no Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), por meio da STE – Serviços Técnicos de Engenharia S.A., homenageia as colaboradoras que trabalham na construção da BR-448 e nas duplicações da BR-116/RS e BR-392. A STE S.A. é a empresa responsável pela Gestão Ambiental dos empreendimentos que integram cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre (Sapucaia do Sul, Esteio e Canoas) e da Região Sul do Estado (Guaíba a Rio Grande). Somados, estes três empreendimentos contam com cerca de 140 mulheres atuando tanto nas frentes de obras, quanto em funções de Supervisão de Obras e de Gestão Ambiental.
São motoristas, topógrafas, biólogas, engenheiras, entre tantas outras profissões exercidas com o diferencial da sensibilidade, percepção aguçada e versatilidade. Características que estão levando muitas mulheres a cargos de liderança, uma conquista recente no mercado de trabalho. Um exemplo é Luciane Peixoto, 42 anos, encarregada administrativa que exerce cargo de chefia há dois anos no consórcio SBS/Mac/Pelotense, responsável pelo Lote 1B do Contorno de Pelotas. A receita dela para o sucesso começa pela seriedade. “Como mulher, nunca passei por situações difíceis no exercício da minha profissão. Atribuo isso a minha postura reservada, concentrada nas atividades do grupo”, afirma.
O dia a dia na Supervisão Ambiental
Encarar a rotina de campo em uma obra rodoviária é outro desafio que vem sendo superado pelas mulheres em um segmento predominantemente masculino. Silvia Aurélio, 26 anos, é engenheira florestal e atua como supervisora ambiental na construção da BR-448, a Rodovia do Parque. Ela acredita que, aos poucos, as mulheres estão ganhando espaço e cita o exemplo da Gestão Ambiental do empreendimento. “É formada em sua maioria por mulheres que estão diariamente na obra, acompanhando todas as atividades de implantação da rodovia e que têm contato frequente com os demais trabalhadores”, explica. Apesar das dificuldades no início, Silvia avalia que a relação atual com o sexo oposto é de mútuo respeito e amizade. “Acho que eles já se acostumaram com a presença de mulheres na obra, porque lá somos profissionais assim como os demais, independente do sexo”, finaliza.
A mesma opinião é compartilhada pela técnica ambiental Andressa Faccin, 21 anos, inspetora de campo na BR-448. “O inicio não foi fácil, pois algumas pessoas nos olhavam diferente, mas com muita habilidade e paciência conseguimos mostrar que ser mulher é apenas um detalhe, e que somos tão competentes quanto os homens”. Ela acredita que a parceria com os trabalhadores é também um diferencial. “Isso se dá em função da forma de tratamento que temos com todas as pessoas presentes na construção, que é o mesmo, desde o operário até o gerente, o que gera um sentimento de confiança recíproca”, observa.
A percepção das colaboradoras é legitimada pela opinião de homens que estão em atividade na rodovia. Biólogo do lote 3 (consórcio Queiroz Galvão, OAS, Brasília-Guaíba), Paulo Mattos, 33 anos, comenta como é trabalhar pela primeira vez com uma fiscalização ambiental feminina. “Não há muita diferença, cobram bastante, são mais detalhistas, mas têm um jeito mais delicado de falar, de abordar os assuntos quando surgem problemas. O homem é mais incisivo e agressivo quando tem que cobrar. As mulheres são mais tranquilas”.
Testada ao limite para seguir na profissão
O trabalho pesado, com foice e marreta, fez parte da formação da topógrafa Vanessa Leite Jardim, 33 anos, colaboradora do lote 3 da BR-448. Ela precisou superar tarefas difíceis e foi testada ao limite para estar hoje à frente de uma equipe de três homens que é responsável pela liberação de frentes de obra. “Depois de uns oito meses passaram a me respeitar. Às vezes me olho e penso como consegui. Mentalizei que tinha que passar pelas tarefas para ser topógrafa”, revela. Quando concluiu o curso de topografia, Vanessa não conseguia emprego pelo fato de ser mulher. Para ganhar experiência, chegou a trabalhar de graça e precisou administrar o preconceito. “A mulher deve esquecer o tabu com relação a áreas com perfil masculino e assumir o que quer fazer indiferente da crítica. O profissional é assexuado, não tem sexo. Não existe profissão masculina ou feminina”, acredita.
Uma vida dedicada à estrada
Unhas pintadas, maquiagem nos olhos e brincos de argola chamativos. É assim que a motorista Marilene Santos Pintanel, 49 anos, dá seu toque feminino ao uniforme laranja de trabalho. Falante e de riso fácil, ela passa a maior parte do dia dentro do caminhão de sinalização que dirige no lote 08 (SBS Engenharia) da duplicação da BR-116/RS. Logo cedo, às 7 horas da manhã, começa a sinalizar o trecho com placas e cones. No restante do dia, fica circulando e sempre alerta para prestar socorro à equipe. Na cabine pensa na vida, nas filhas e nos netos (que são seu xodó), sempre ao som de músicas diversas. Quem vê e ouve Marilene falar do amor pelo seu trabalho nem imagina que ela já foi professora primária no município gaúcho de São José do Norte, sua terra natal. O contato com a verdadeira vocação surgiu através do primeiro marido, carreteiro que viria a perder a vida fazendo o que mais gostava. “Eu larguei tudo para pegar a estrada e viajar do Oiapoque ao Chuí. Fui me entusiasmando e decidi que era o que eu queria fazer. A SBS me deu essa oportunidade e estou fazendo tudo para conquistar cada vez mais meu espaço”. E o destino fez com que ela casasse novamente com um caminhoneiro, funcionário da mesma construtora há dois anos.
Morando na pequena Turuçu/RS há três meses, Marilene já é conhecida na cidade como “a mulher do caminhãozinho”, o que a enche de orgulho. “As mulheres e meninas me veem como um exemplo. Pode ser uma vaidade, mas é muito gostoso”, comenta. Para trabalhar em um meio tão masculino, conta que às vezes é preciso saber lidar com a desconfiança e com algumas piadinhas. “Acho que o espaço existe. O que falta para nós, mulheres, é correr atrás e dar a cara a bater. Eu corri e pedi uma oportunidade”, recomenda. A expectativa dela é trabalhar por muito tempo na duplicação da rodovia, obra que julga ser fundamental para o Estado. Entretanto, Marilene sabe que os ventos da vida na estrada podem apontar novas direções. É como diz uma canção de Roberto Carlos, uma das que a motorista gosta de cantarolar no trabalho: “vou sem saber pra onde nem quando vou parar. Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar...”.