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DNIT apoia projeto internacional vencedor de Oscar da Natureza
Fernanda Abra e a Princesa Real Anne
Nesta quarta-feira, 1º de maio, a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e pós-doutoranda pelo Zoológico Nacional e Instituto de Biologia de Conservação do Smithsonian, Fernanda Abra, esteve em Londres, na Inglaterra, para receber o prêmio Whitley 2024 da instituição de caridade britânica Whitley Fund for Nature (WFN). A premiação foi apresentada e entregue pela Princesa Real Anne, Patrona da Caridade, e é considerada o Oscar da Conservação da Natureza. Esse reconhecimento vem pelo trabalho pioneiro na idealização e produção de pontes de dossel de baixo custo para passagem de fauna, sobre a rodovia BR-174, na Amazônia.
O projeto tem total apoio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Para o diretor de Planejamento e Pesquisa do DNIT, Luiz Guilherme de Mello, acreditar nesses trabalhos é parte das ações da autarquia. “Acreditamos que projetos que visam a conservação da fauna devem ser apoiados e sua aplicabilidade ampliada para diferentes regiões do país. A autarquia vem acompanhando os resultados das pesquisas para criarmos infraestrutura cada vez mais sustentável”, explicou.
Com o prêmio, Fernanda Abra planeja escalonar as pontes de dossel, visando proteger os mamíferos arborícolas dos impactos em diversas outras rodovias da Amazônia. As pontes consistem em cabos de aço, cordas e redes de nylon e são ancoradas por postes de concreto. Cada uma é monitorada com duas armadilhas fotográficas, registrando o número de animais se aproximando, atravessando ou evitando as pontes.
O custo dos materiais utilizados neste projeto foi em média 1,5 mil libras esterlinas por ponte, aproximadamente R$ 9,5 mil. Com o financiamento do Prêmio Whitley, o planejamento é aumentar a conectividade do habitat para espécies arbóreas e reduzir a mortalidade por atropelamento na BR-174, além de expandir o projeto para Alta Floresta, uma cidade fronteiriça localizada no estado de Mato Grosso. Oito espécies de primatas podem ser encontradas em Alta Floresta, das quais cinco estão em perigo especificamente devido à perda de habitat natural, fragmentação e colisões em viários: Zogue-zogue-de-Alta-Floresta, Macaco-aranha-preto, Mico-de-Schneider, Bugio-ruivo-de-Spix e Bugio-ruivo-do-Purus.
“Foi uma grande honra e uma grande realização pessoal e profissional ter desenvolvido um projeto de conservação aplicado com parceiros tão importantes. O apoio do DNIT foi fundamental para implementação deste projeto e a grande meta agora é replicar as lições aprendidas do Projeto Reconecta na BR-174 para outras rodovias da Amazônia ou outros biomas Brasileiros. Eu acredito que podemos avançar muito em termos rodovias que sejam menos impactantes para a fauna e espero que em breve o Brasil seja reconhecido por isso”, agradeceu a Fernanda.
O “Projeto Reconecta” conta com a participação povo indígena Waimiri-Atroari, cujos 2,3 milhões de hectares de terra são cortados pela rodovia federal e cujo território é considerado um dos mais bem preservados da Amazônia. 150 indígenas Waimiri-Atroari participaram da construção e instalação das pontes na copa das árvores ao longo de um trecho de 125 quilômetros da rodovia.
Crédito das fotos: Smithsonian´s National Zoo and Conservation Biology Institute