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Gasto com pessoal militar não teve maior alta em uma década, como afirma matéria
Em alusão à matéria intitulada “Gasto com pessoal militar teve maior alta em uma década”, do Portal UOL, o Ministério da Defesa informa que a referida matéria contém graves incorreções, incluindo seu próprio título. Não procede a afirmação de que houve “o maior” aumento de despesas militares em uma década, nem tampouco que “os gastos com pessoal, por exemplo, apresentaram o maior aumento anual em mais de uma década, como parte de um plano para aumentar os salários dos militares".
Apesar da matéria alegar estar baseada em estudo recente, publicado pelo Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (Sipri, sigla em inglês), as conclusões apresentadas estão incorretas, uma vez que nada disso é demonstrado em números no referido estudo do Sipri. Pelo contrário, o estudo em questão (Global military expenditure sees largest annual increase in a decade reaching $1917 billion in 2019) afirma apenas que as despesas militares na América do Sul não mudaram, em 2019, e que o Brasil representa 51% do total do continente. Lembrando que são despesas totais, incluindo pessoal, custeio e investimento.
Em outra publicação do Sipri (Military expenditure), também disponibilizada no site da instituição em abril, aborda-se as tendências em gastos militares, em 2019. Menciona-se que o gasto global diminuiu 0,5 % de 2018 para 2019. O Brasil é considerado o 11º país do mundo com mais gastos (1,4% do total de gastos militares do Mundo). O segundo país em investimentos militares nas Américas, atrás dos EUA, e o primeiro da América do Sul, com 51% dos gastos totais. Considerando-se as dimensões do território brasileiro e de sua economia, os números constantes dos relatórios estão coerentes. Cabe destacar, ainda, que o estudo constata que a despesa caiu 0,5%, em 2019.
Finalmente, observando-se o histórico de gastos, verifica-se que o gasto com pessoal militar, entre os anos de 2018 e 2019, realmente sofreu um incremento de 6,74%. No entanto, tal incremento está muito longe de ser a maior elevação anual da última década, como alegado na matéria publicada. Os anos de 2015 (10,79%), 2017 (9,95) e 2014 (8,50%), por exemplo, apresentaram percentuais de majoração das despesas com pessoal militar nitidamente superiores aos observado no período 2018/2019.
Em suma, ao contrário do que afirma a matéria, os custos de pessoal NÃO “apresentaram o maior aumento anual em mais de uma década, como parte de um plano para aumentar os salários dos militares”. Além disso, a matéria parte de premissa falsa, uma vez que o estudo do Sipri, supostamente apresentado como referência não ampara as conclusões apresentadas.