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Mulheres nas Forças: Marinha tem exemplos de dedicação
Brasília, 09/03/2015 – Há 26 anos na Marinha do Brasil, a capitão de mar e guerra Ana Claudia de Paula ingressou na Força porque sabia que teria grandes oportunidades como oceanógrafa. Hoje, a comandante integra o universo de cerca de 25 mil mulheres que atuam no âmbito das Forças Armadas e acredita que houve importantes avanços nas relações entre homens e mulheres.
Para Ana Claudia, a convivência atual dentro das Forças é bem diferente de antigamente, época em que os homens ingressavam em um ambiente preponderantemente masculino. Ela conta que as relações tornaram-se mais saudáveis e profissionalmente melhores a partir do momento em que eles passaram a serem admitidos nas Forças junto às mulheres. “Agora, os homens entram nas Forças e encontram colegas mulheres no curso de formação militar”, explica.
Integrante do quadro técnico da Força Naval, Ana Claudia agora trabalha na Divisão de Ensino do Ministério da Defesa (MD). O setor é responsável por estimular iniciativas de pesquisa e pós-graduação que atenda os interesses da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. A militar também assessora o coordenador da Comissão de Gênero do ministério.
De caráter consultivo, a Comissão de Gênero é responsável por estudar e propor ações para efetivação dos direitos das mulheres e igualdade nas Forças Armadas e no âmbito da administração central do MD. O organismo também possui a finalidade de contribuir na articulação do ministério com outras instituições que tratem de políticas para as mulheres. Além disso, tem como missão propor ações de sensibilização e capacitação de servidores e dirigentes sobre o tema.
A comandante esclarece que a comissão reavalia os objetivos anualmente e que, no momento, prioriza concretizar questões referentes ao avanço das mulheres. “Na comissão, pretendemos consolidar elementos que vão desde o aparato militar até o atendimento de necessidades básicas do público feminino, como creche e outros itens, que, na realidade, não são exclusivamente para atender mulheres”, explica.
Admissão na Marinha
Sem o histórico de militares na família, a comandante Ana Cláudia enxergou na Marinha uma boa oportunidade para atuar na área de oceanografia, profissão que não era regulamentada na época de seu ingresso. “Nós, oceanógrafos, víamos na Força Naval várias possibilidades de trabalhar com questões científicas e não científicas. Podíamos desenvolver bem o que tínhamos aprendido na universidade”, conta.
Ana Claudia faz parte da Marinha há bastante tempo e, para ela, algumas profissões ainda são vistas como masculinas. “A gente não pensa num pedreiro mulher. Da mesma forma que algumas pessoas também não associam mulheres ao militarismo”, compara. Para ela, é preciso um intervalo de tempo para a sociedade dissolver essa percepção.
A comandante possui pretensões altas na carreira militar e confessa uma ambição: “Sou meio presunçosa, mas como oficial de Marinha, minha aspiração maior seria chegar ao comando da Força, ou mesmo à chefia do Estado-Maior da Armada”, revela. Ela esclarece que esse anseio ainda não é possível. “Acredito que seja questão de tempo existir a possibilidade de conquistarmos essas posições, que são o ápice da carreira militar Naval”.
Ela reconhece que já existem avanços para que o sexo feminino escale altos cargos na Marinha. "As mulheres têm tido algumas oportunidades como fazer cursos específicos para alcançarem o almirantado", destaca. "O exemplo mais recente que temos é da almirante Dalva. Ela é médica do corpo de saúde que galgou o almirantado. Para nós, foi uma grande conquista", comemora.
Ainda sobre os avanços, a comandante lembra da Escola Naval, que precisou passar por modificações estruturais para receber a primeira turma de mulheres, em 2015."Foi realizada uma grande obra para poder adequar um espaço feminino dentro da Escola Naval", diz. Foram realizadas obras na enfermaria, no alojamento e nos banheiros femininos, de acordo com a Marinha.
Conquistas recentes
Em março de 2015, foi sancionada a lei que estende, entre outros benefícios, a licença-maternidade de seis meses para as mulheres que servem nas Forças Armadas. A norma também assegura direitos às adotantes e aos militares pais, que têm oficializada a licença de cinco dias corridos a partir do nascimento do filho.
Além dos seis meses assegurados às gestantes, as militares adotantes terão direito a licença remunerada de 90 dias, quando a criança for menor de um ano de idade, e de 30 dias, quando tiver mais de um ano – neste último caso, pode haver prorrogação de 15 a 45 dias, dependendo de situações específicas previstas na lei.
Em 2014, o Ministério da Defesa instaurou Comissão de Gênero, com o objetivo de estudar e propor ações para efetivação dos direitos das mulheres e igualdade nas Forças Armadas e no âmbito da administração central do MD. A Comissão de Gênero também possui a finalidade de contribuir na articulação do ministério com outras instituições que tratem de políticas para as mulheres.
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Ingresso feminino
O ingresso de mulheres na Marinha ocorre desde 1980, quando a legislação permitiu a admissão do sexo feminino na Força. No início, elas integravam um corpo auxiliar e sua participação era limitada a alguns cargos e serviço em terra. Entre 1995 e 1996, com a publicação de novas leis que regulamentaram a carreira militar, o acesso das oficiais mulheres foi estendido aos corpos de saúde e engenharia. Em 1997, houve uma expressiva ampliação da participação das mulheres nas atividades da Força Naval após a reestruturação dos quadros de oficiais e praças.
De acordo com dados de 2015, a Marinha possui 7.975 mulheres em seu efetivo.
Por Lane Barreto
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
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