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Missões de Paz: Interoperabilidade na essência da palavra
Salvador (BA), 9/11/2018 – O Ministério da Defesa coordenou, no período de 5 a 9 de novembro, a 4ª Reunião de revisão do Manual do Batalhão de Infantaria das Nações Unidas. O evento contou com a presença de representantes de Bangladesh, Camboja, Estados Unidos da América, Finlândia, Holanda, Marrocos, Nigéria e Paquistão. Além de representante da Organização das Nações Unidas (ONU) e componentes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) do Brasil.
A reunião, sediada nas instalações do Centro Militar de Convenções e Hospedagem da Aeronáutica (Cemcoha), em Salvador (BA), reuniu oficiais com grande experiência em missões de paz, como o general José Eduardo Pereira, o comandante Alexandre Mariano Feitosa, o coronel Ulisses de Mesquita Gomes e o coronel José Paulino Sobrinho Junior.
O vice-chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa (MD), general José Eduardo Pereira, destacou que a oportunidade de contribuir para revisão do manual acontece em função do excelente desempenho do Brasil em missões de paz. “Nossa atuação nos habilita a opinar em diversos capítulos do manual e, com isto, contribui para a possibilidade de participação do Brasil em futuras missões”, avaliou. Ele disse que o fato de organizar um evento como esse, “nos dá a oportunidade de divulgar essa capacidade a outros países”. Ainda segundo o general, a capacidade de planejamento dos brasileiros foi provada no apoio a eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas, e os Jogos Mundiais Militares.
Nunca desistir
Um dos destaques do encontro foi a presença do comandante Alexandre Mariano Feitosa. O oficial participou de missão no Haiti e serviu no Departamento de Manutenção de Operações de Paz da ONU, em Nova Iorque. Nesse organismo, planejava as missões no Oriente Médio.
Ao atuar na Síria, o comandante estava em uma viatura, próximo à cidade de Damasco, quando o carro foi atingido por tiros. Graças à blindagem do veículo, os integrantes não se feriram. Todavia, diante da alteração no seu metabolismo, teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e permaneceu em coma por quatro dias. Foi removido para Nova Iorque onde deu início à sua recuperação. Por seis meses ficou em uma cadeira de rodas e fez mais de mil sessões de fisioterapia.
Hoje, ele acalanta o sonho de prosseguir na sua missão por mais tempo. “Aprendi na Marinha a nunca desistir”, ressaltou o comandante. Ele enfatizou que a reunião de revisão do manual “materializa o respeito e a atenção que o Brasil tem no cenário internacional, fruto do desempenho brasileiro em Operações de Paz”.
O oficial destacou ainda que sente orgulhoso por poder representar o Corpo de Fuzileiros Navais, a Marinha e o Brasil, em um trabalho tão relevante. Ele aconselhou as futuras gerações de fuzileiros a executarem suas tarefas com vibração, crença e sempre buscarem mais conhecimento.
Preparação sempre
Atualmente, à frente da Chefia da divisão de política, doutrina e treinamento do Escritório de Assuntos Militares do Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas, está o coronel do Exército Brasileiro Ulisses de Mesquita Gomes. Ele avalia que o segredo para o sucesso no cargo reside no respeito às diferenças culturais dos países envolvidos.
A divisão que comanda é responsável pela produção dos manuais e da montagem dos pacotes de treinamento das tropas da ONU, que serão enviados para os Centros de Treinamento de Operações de Paz dos países que contribuem com tropas nessas missões. Para ocupar o atual cargo, o coronel concorreu com 134 oficiais de diversos países. Ele considera que sua aprovação, entre outros fatores, se deu em decorrência do rigor da seleção do Exército e da sua preparação no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB).
O oficial esclareceu que a revisão do manual de infantaria tem início após as discussões dos capítulos pelos subgrupos de trabalho. As propostas são apreciadas por ele e, uma vez aprovadas, seguem para análise nas Nações Unidas, quanto ao enquadramento nas normas lá existentes e especialmente aos pontos apresentados no relatório do general Carlos Alberto dos Santo Cruz para ONU - “Cruz Report”. Em seguida, o manual pode ser publicado e suas orientações cumpridas por todos os componentes das missões de paz.
Desafios e projetos
Na opinião do oficial, o maior desafio para o Brasil na atualidade é o envio de tropas para uma próxima missão de paz. Ele destacou que, atualmente, além da revisão em andamento, estão previstas as revisões dos manuais de aviação e de engenharia. Bem como, a criação do curso para comandantes de batalhões de infantaria da ONU, projeto dos quais o Brasil também participa.
O coronel José Paulino Sobrinho Junior, que serve na ALA-8, situada em Manaus (AM), fez sua preparação para Missões de Paz em Kingston, no Canadá. Após, foi observador no Saara Ocidental, onde exerceu todas as funções de uma missão do tipo, desde encarregado do pessoal até encarregado do material, passando pela seção de operações.
O oficial disse que chegou a comandar um destacamento, composto por 15 a 20 militares internacionais, no Saara, realizando a cobertura das tropas e fazendo o monitoramento do cessar fogo na região. Falando das experiências vividas, destacou a presença de famílias se deslocando no deserto, que mesmo diante de tamanha dificuldade, mantém a alegria de viver. O tenente-coronel Paulino permaneceu no deserto do Saara por dois anos e disse que deixou a região com o sentimento de orgulho por perceber o quanto o Brasil é valorizado e, principalmente, por contribuir para a paz mundial.
Por comandante Cleber Ribeiro
Fotos: Keven Kobalchini / MD
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
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