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Ministro anuncia redução de tropas no Haiti e uso das Forças Armadas apenas em ação emergencial
Brasília, 21/05/2015 – As tropas das Forças Armadas brasileiras começarão a sair do Haiti em 2016. A confirmação foi feita pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado. De acordo com o ministro, o efetivo militar que neste mês de maio era de 1.343 homens e mulheres, cairá para 970 em junho, e a partir do próximo ano, 850 militares estarão apenas em Porto Príncipe, capital do país caribenho.
E, ao complementar a informação, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) , general José Carlos De Nardi, que acompanhava o ministro Wagner na comissão, disse que o Brasil será a única nação a ter tropas na capital haitiana. Ao longo de 11 anos, já foram enviados ao país caribenho mais de 30 mil militares brasileiros por meio da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).
O ministro Jaques Wagner lembrou que a Minustah “é uma das principais e mais importantes” missões de paz com participação do Brasil. E citou, também, a atuação no Líbano, por meio da Unifil . “A ONU tem muito respeito por nós nessas atividades”, ressaltou.
Garantia da Lei e da Ordem
Ao ser perguntado sobre a atuação da Marinha , do Exército e da Aeronáutica em ações subsidiárias, como no auxílio à segurança pública nas cidades, o ministro alertou que ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) “não devem ser perenizadas”. “Não podemos banalizar a GLO. Ela é estritamente emergencial. Apesar das Forças terem total credibilidade junto à população, não é próprio da instituição operar nessas atividades”, completou.
Outro fator que inviabiliza a permanência de militares por tempo indeterminado, em lugares como o Complexo da Maré e o Morro do Alemão (no Rio de Janeiro), por exemplo, é o valor de manutenção da tropa. “Custa R$ 1 milhão por dia a presença das Forças Armadas em GLO”, disse Wagner. Somente no Alemão, foram gastos mais de R$ 200 milhões mantendo esse tipo de iniciativa.
Atualmente, 2,3 mil militares do Exército e da Marinha estão no conjunto de comunidades da Maré, na operação São Francisco. Até o começo de abril eram 3,2 mil homens. As tropas devem deixar o local, segundo cronograma, no fim do próximo mês. No Morro do Alemão, os militares permaneceram pelo período de 2010 a 2012.
O titular da Defesa defendeu a proteção das fronteiras, dizendo ser algo “fundamental”. “É melhor aplicar o dinheiro que se gasta com garantia da lei e da ordem no Sisfron [Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras], porque é responsabilidade nossa. Além disso, o sistema atende todo o território”, afirmou.
O Sisfron pretende fortalecer a capacidade de ação do Exército Brasileiro na faixa de fronteira do país, uma área de 16.886 quilômetros de extensão. Trata-se de um conjunto integrado de recursos tecnológicos, tais como sistemas de vigilância e monitoramento, tecnologia da informação, guerra eletrônica e inteligência que, aliados a obras de infraestrutura, vão reduzir vulnerabilidades na região fronteiriça.
O Ministério da Defesa também atua em combate ao crime transfronteiriço com as Operações Ágata . Desde 2011, já foram realizadas oito edições. Somente na Ágata 8, que aconteceu no ano passado, mais de 40 toneladas de entorpecentes foram apreendidas.
Para o ministro, o tráfico de drogas é um dos problemas que precisa ser atacado. Ele enfatizou que no período em que ocupou o governo da Bahia, 75% de assassinatos de jovens eram por envolvimento com entorpecentes.
Assuntos abordados
Ainda na audiência, Jaques Wagner opinou sobre o serviço militar para mulheres. Ele é favorável, mas desde que se tenha previsibilidade de quantas mulheres se alistarão e não apenas que o serviço seja facultativo. O ministro lembrou que as escolas de formação de oficiais já estão recebendo mulheres. E que, em 2017, a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), do Exército, irá abrigar a primeira turma feminina de sua história.
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O ministro abordou também a necessidade de legislações especificas para combate ao terrorismo e o emprego de drones. Wagner recordou que esteve recentemente na França quando, em reunião com o colega da Defesa, Jean-Yves Le Drian, conversaram sobre o atentado ao jornal satírico Hebdo. “Ninguém está fora desse risco”, comentou. "O terrorismo é um problema da intolerância. É o que tem de mais odiento, pois atinge inocentes e, muitas vezes, até crianças."
Assessoria de Comunicação
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