Notícias
Militares brasileiros ajudam a conter violência em Porto Príncipe
Porto Príncipe, 04/03/2016 - Uma unidade militar brasileira está trabalhando em parceria com a Polícia Nacional do Haiti (PNH) para reduzir os índices de violência em Cité Soleil (Cidade do Sol), considerada a área mais conturbada na região metropolitana da capital haitiana.Trata-se da 1ª Companhia de Fuzileiros e Paz, uma unidade do Brabat (Batalhão de Infantaria de Força de Paz do Brasil), que conta com a atuação de 138 militares, divididos em quatro pelotões, além da seção de comando.
"Nossa atuação é diferenciada, porque estamos literalmente dentro da área mais conturbada de Porto Príncipe", disse o comandante da companhia, capitão Felipe, durante visita da comitiva de oficiais do Ministério da Defesa (MD) e das Forças Armadas realizada nessa quinta-feira (3). Segundo o militar, a atividade principal da companhia é realizar patrulhamentos na região. "Fazemos pelo menos três horas diárias de patrulha, motorizada e também a pé. Tem alguns lugares que não dá pra chegar com viatura porque as ruas são muito estreitas; em outros, por questões sanitárias, não é possível fazer patrulhamento a pé", conta. Apesar das dificuldades de infraestrutura da região, a companhia não sofre nenhum tipo de hostilização por parte da população, segundo informações do capitão Felipe.
O comandante também informou que os militares do Brabat auxiliam a PNH e a UNPol (Polícia da ONU) a manter a segurança na área, que tem uma população de cerca de 300 mil habitantes. "Três vezes por semana, nós fazemos patrulhas em conjunto com a Polícia do Haiti e a UNPol. Esse procedimento é importante para que haja nivelamento de procedimentos da patrulha e para padronizar nossas atividades. Inclusive, a polícia haitiana sempre afirma que gosta de ter instrução junto com a gente", contou o comandante.
Tecnologia
A utilização de novas tecnologias também tem sido de grande importância para o processo de pacificação do Haiti. Nas patrulhas realizadas à noite, por exemplo, drones com visão noturna são empregados para preparar a entrada da patrulha em determinadas áreas. O drone transmite imagens em tempo real para uma estação, que pode ser móvel (montada em uma localidade próxima à operação) ou no próprio batalhão. "O uso do drone nos permite mapear a região, verificando a movimentação das pessoas e alertando sobre ações suspeitas.
Apoio à população
Outro aspecto destacado pelo comandante da 1ª companhia é a atenção dada aos haitianos. Segundo o capitão, a unidade presta atendimento básico de saúde à população. "Nós não temos estrutura para procedimentos complexos, mas sempre que possível prestamos primeiros socorros. E desses atendimentos, 90% são a mulheres e crianças", explica. Outra vertente destacada pelo comandante são as atividades cívico-militares (Cimic), que envolvem ações culturais e de lazer, com o objetivo de integrar as forças militares e a população local.
Durante discurso em uma cerimônia de passagem de responsabilidade da área de operações da Base de Cité Soleil, o comandante do Brabat 23, coronel Ricardo Bezerra, agradeceu pelo empenho da tropa e ressaltou as qualidades da equipe. Ao mesmo tempo, reforçou uma orientação geral: "Lembrem-se sempre que o haitiano é um povo sofrido. Temos que separar os que são bandidos daqueles que são cidadãos. Mantenham sempre o tratamento digno e respeitoso que é uma marca reconhecida das tropas brasileiras".
Reconhecimento da cidade
Os oficiais-generais da comitiva de avaliação também fizeram um passeio de reconhecimento por vários pontos de Porto Príncipe que já tiveram ocupação brasileira, como a Base do Porto, que foi ocupada pelo Brabat 12 e entregue ao governo do Haiti em dezembro de 2015, e servia como ponto de concentração para o cumprimento de missões humanitárias e de segurança em toda a capital. Também visitaram as ruínas da Casa Azul, considerada um marco na pacificação de Porto Príncipe, e que foi destruída no terremoto de 2010, vitimando militares do Brasil.
[leiatambem]
A comitiva visitou ainda o Forte Nacional, localizado na região de Bel Air. O forte, que tem vista livre para o mar e para uma grande parte da cidade, foi utilizado como base para uma companhia de fuzileiros de força de paz. No dia 12 de janeiro de 2010, o terremoto destruiu o local e provocou a morte de três militares brasileiros que serviam na unidade.
Também houve uma parada de reconhecimento na área central da cidade, na região onde ficavam o antigo Palácio de Governo, que ruiu com a magnitude do terremoto, e do Museu do Panteão Nacional Haitiano, que foi visitado pela comitiva. Dentro do museu, os militares conheceram um pouco mais da história do país, da era colonial à proclamação da independência, em 1804. O museu dedicado aos heróis da independência do Haiti, e também ao patrimônio histórico e cultural do país caribenho. Entre os itens de exposição permanente, estão a âncora da nau Santa Maria, que fez parte da expedição de Cristóvão Colombo e alcançou a América em 1492; e a coroa do imperador Faustino I - um oficial de carreira e general do exército haitiano, eleito presidente em 1847 e proclamado imperador do país em 1849.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
61 3312-4071