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Em Brasília, a Páscoa dos Militares, celebrada fora de época, confraternizou integrantes das Forças Armadas e Auxiliares
Brasília, 31/05/2019 - A tradição da Páscoa dos Militares surgiu com a volta dos expedicionários da Campanha da Itália. Foi celebrada, pela primeira vez, em 1945, no Rio de Janeiro, no retorno da Guerra, para aqueles que não tinham participado da Páscoa no tempo normal da Semana Santa. Constituiu o agradecimento a Deus pela missão cumprida e a prece pelos que ficaram em solo italiano.
A Páscoa Militar, desde então, é comemorada fora de época, com o consentimento da Igreja, e visa preservar a história do final da Segunda Guerra Mundial, quando a Força Expedicionária Brasileira (FEB) retornou ao Brasil.
Este ano, as celebrações, por diferentes convicções religiosas, se fizeram em sedes específicas em Brasília, com a participação de integrantes das Forças Armadas, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. O Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil , do Ministério da Defesa, Dom Fernando José Monteiro Guimarães , esteve presente, na quinta-feira (30), nos cultos evangélico e espírita, na Asa Sul, e nesta sexta-feira (31), presidiu a missa realizada na Asa Norte.
Missa Pascal, no Santuário Francisco de Assis
Cerca de mil integrantes das Forças Armadas e de Forças Auxiliares reuniram-se no Santuário São Francisco de Assis, na Asa Norte. No início da solenidade católica, foi proferido o significado de Páscoa: “passagem da morte para a vida, do egoísmo para a doação de si, do rancor para o perdão, da discórdia para a paz”, destacava o texto no folheto litúrgico.
Após entrada da imagem de Nossa Senhora, o Arcebispo Dom Fernando, ressaltou a importância da realização da missa de Páscoa fora de época, para lembrar dos expedicionários. “Embora já tivesse passado a data oficial, como estavam em combate, não puderam ter esse momento de fé, de espiritualidade e de oração”, explicou.
Os integrantes da Banda de Música da Ala 1, localizada em Brasília, foram os responsáveis pelos cânticos durante a solenidade. Sob a orientação do Capelão da Ala 1 e conduzidas pelo Suboficial Adil Francisco Silva, foram definidas as músicas da cerimônia. Adil Francisco, que é evangélico, destacou a importância de participar da solenidade. “Independente de religião, nós servimos ao mesmo Deus, em qualquer circunstância, qualquer lugar que nós estivermos louvando, inclusive no quartel tocando, estamos servindo ao mesmo Deus” ressaltou.
Culto Evangélico, na Igreja Memorial Batista (IMB)
Para o culto evangélico, na Igreja Memorial Batista , estiveram presentes pastores capelães de Marinha, Exército e Aeronáutica, e das Forças Auxiliares. Ao início, houve um ato cívico, com o canto do Hino Nacional e, em seguida, o coral da Ala 1 entoou o louvor "Precioso Deus".
Após, a leitura de algumas passagens bíblicas, o pastor Oliveira, Capitão Capelão da FAB, fez uma reflexão com o tema "Os militares diante da cruz". De acordo com ele, esses profissionais são personagens marcantes em toda a história da humanidade. "Há três exemplos que, nós militares, exercemos baseados na vida de Jesus. A primeira é doação voluntária, a segunda a postura adequada, em situações boas ou ruins, e, por último, o momento de manter a fé na cruz, nas dificuldades, escalas, localidades", disse.
A Ceia do Senhor foi o ponto alto da celebração. Ao final, o pastor titular da IMB, David Pereira, agradeceu a presença de todos e aos que trabalharam para a realização do evento. "Que a comunhão do Espírito de Deus esteja sob a Marinha, o Exército, a Aeronáutica, a Polícia Militar do Distrito Federal e Corpo de Bombeiros", disse na benção apostólica.
Culto Espírita, na Comunhão Espírita da Brasília
Também na Asa Sul, foi realizada, na sede da Comunhão Espírita, o culto espírita, com a participação de militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, o Arcebispo Dom Fernando, autoridades das Forças e dirigentes daquela casa religiosa.
Iniciando com a prece de abertura, logo depois, o Tenente Coronel da Aeronáutica Rodrigo Piedade expôs reflexões em torno dos temas “Por que estamos aqui” e “A importância dos nossos antepassados”.
O presidente da casa espírita, Adilson Marinho, agradeceu a presença dos militares e apresentou o palestrante do dia, o General de Divisão Marco Aurélio, que trouxe a passagem do Evangelho “Meu reino não é deste mundo”, enaltecendo os princípios espíritas para o crescimento interior de cada pessoa e a construção de uma vida futura. “Nós podemos fazer a escolha de seguir Jesus”, afirmou o palestrante.
O Arcebispo Dom Fernando, que participou das três cerimônias, proferiu algumas palavras ao final do culto. “Cada um de nós, independente de nossas convicções religiosas, temos uma missão. E essa missão, nunca poderemos realizar sozinhos, individualmente. A Fé é algo muito pessoal, mas ela nos joga numa dinâmica que é, necessariamente, uma dinâmica comunitária. É juntos que caminhamos. Às vezes, por caminhos diferentes, mas são caminhos que todos levam a uma meta ou respondem a um designo de Deus”, disse. Ainda complementou que “na medida que a gente aprende a se conhecer, aprende a se respeitar”.
Por Lane Barreto, Júlia Campos, Major Sylvia Martins
Fotos: Alexandre Manfrim e Keven Cobalchini/MD