Notícias
Desenvolvimento econômico e transformações da China são temas de debate
Brasília, 22/09/2015 - O Instituto Pandiá Calógeras e a Assessoria Especial de Planejamento, ambos órgãos do Ministério da Defesa (MD), promoveram nesta terça-feira mais uma etapa do “Ciclo Especial de Palestras sobre Planejamento Estratégico de Defesa” e dentro do programa de debates "Pandiálogos".
O evento de hoje tratou sobre o tema China e contou com a exposição do professor Marcos Cintra, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que abordou "As transformações recentes e a situação atual da China frente aos desafios econômicos e geopolíticos da crise internacional e da globalização". Sobre o mesmo contexto, o coronel Zenedir da Mota Fontoura, da Chefia de Assuntos Estratégicos (CAE) do MD, falou sobre "O Desenvolvimento pacífico da China e o sonho chinês".
Cintra iniciou sua explanação descrevendo o contexto histórico de projeção do país. Segundo o professor, as transformações ocorreram a partir de 1978 com as políticas implantadas pelo líder chinês Deng Xiaoping e conhecidas como as “quatro modernizações”: desenvolvimento da agricultura, indústria, ciência e tecnologia e defesa nacional.
Porém, o doutorando em Ciências Econômicas pela Unicamp conta que dois movimentos de globalização e geopolítica antecederam (década de 1970) ao desenvolvimento do país, com aproximação dos Estados Unidos com a China, e da Alemanha com a antiga União Soviética. "Estes fatos levaram o que a gente hoje conhece sobre a China", comenta o professor Cintra.
De acordo com o técnico do Ipea, a taxa de crescimento média anual do produto interno bruto chinês ao longo do tempo foi de 10% e investimentos na ordem de US$ 4,5 trilhões ao ano.
Para ele, isto é consequência da criação de um "sistema de crédito robusto e um sistema bancário moderno e ágil". Segundo Cintra, o estoque de ativos é de US$ 25 trilhões, e ainda conta com a participação de quatro bancos de desenvolvimento econômico e cinco públicos.
[leiatambem]
"O país investe em infraestrutura, logística, na captação de depósitos e poupanças familiares, uma estratégia de atração tecnológica e joint venture com empresas chinesas”. Cintra considera a China a fábrica do mundo e metade do seu entorno e da Ásia também se encontram no mesmo modelo de progresso.
Nos próximos anos, a China deve investir cerca de US$ 1,3 trilhão fora do seu território em grandes projetos estratégicos com suas empresas partindo para o mercado internacional.
Mas o projeto chinês, conforme o professor Cintra, é mais audacioso. A intenção é internacionalizar a sua moeda, o Renminbi, além de se tornar um centro financeiro mundial. Cintra disse que estas pretensões já custaram muito caro à China, quando em agosto deste ano promoveu uma desvalorização da moeda, que custou aos chineses uma fuga de capital entre US$ 90 e 150 bilhões.
Com o segundo maior orçamento militar do mundo, a China quer reorganizar a ordem internacional sob o ponto de vista chinês. Entre 1989 e 2012, o gasto militar representou 2% do PIB. O país acredita num modelo de desenvolvimento pacífico, protegendo e criando condições favoráveis para o crescimento econômico do seu entorno.
Para isso, está investindo em um novo sistema satelital de posicionamento global, no seu programa de exploração lunar e em um moderno submarino, capaz de ficar submerso por até quatro semanas.
O Sonho Chinês
Em sua palestra, o coronel Fontoura relatou que os dirigentes da China têm a expectativa que em 2020 o PIB e o ingresso per capita dobrem sobre a base de 2010.
Ele ainda disse que a economia de mercado é uma das medidas adotadas pelos chineses em parceria com as grandes potências mundiais, além de salvaguardar a paz na Ásia. As razões para acreditar no sonho chinês são os êxitos obtidos no passado com as reformas e a abertura econômica.
O país quer intensificar, internamente, nas próximas décadas, a promoção social do povo e o bem-estar coletivo. Como política externa, a cooperação multilateral é o pilar de paz e desenvolvimento.
O próximo evento do Pandiálogos ocorrerá no dia 27 de outubro e o tema escolhido é Rússia. O ciclo de palestras também tem por objetivo subsidiar o processo de revisão e atualização quadrienal dos documentos previstos no Sistema de Planejamento Estratégico de Defesa, como a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa Nacional.
Por Alexandre Gonzaga
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
61 3312-4071