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Comunidade do Acre reconhece melhorias deixadas pelo Projeto Rondon
Brasília, 26/07/2019 - Transformar um espaço abandonado em oficina de reaproveitamento de materiais que antes viravam lixo. A sugestão foi levada à comunidade de Acrelândia (AC) por professores e alunos da Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS), Campus Alfenas (MG) e da Universidade São Francisco (USF), de São Paulo.
No município, localizado a 110 quilômetros da capital Rio Branco, os rondonistas prepararam uma horta comunitária que ficará aos cuidados de moradores locais. Ao mesmo tempo, eles organizaram um local que estava subutilizado, próximo à horta para, em breve, ser transformado em posto de troca de materiais recicláveis pelas hortaliças colhidas.
O aluno do curso de educação física da UNIFENAS Eduardo Augusto Alves, 26 anos, estava entre os estudantes que revitalizaram o espaço. Ele explica como a comunidade vai fazer para adquirir as hortaliças. “O pessoal vem aqui e troca o material reciclável, como garrafas PET e latinhas pelas hortaliças e verduras da horta”, disse.
Os rondonistas usaram a bananeira, planta muito comum na região, para confeccionarem móveis a serem utilizados no futuro posto de troca. Na oficina “Taboca e Arte”, ensinaram os participantes a extraírem a fibra do caule da bananeira para fabricação de artesanato. Com o material é possível fazer bolsas, bijuterias, tapetes, colchas de cama, fronhas de travesseira, entre outros itens. As atividades integraram as iniciativas desenvolvidas pelos rondonistas na Operação Vale do Acre, que ocorreu de 7 a 20 de julho.
Coordenado pelo Ministério da Defesa (MD), o Projeto Rondon é executado em parceria com ministérios como Educação; Cidadania; Justiça e Segurança Pública e Meio Ambiente. Pedro Ivo Dapper integra o setor de coordenação e supervisão do Projeto no Ministério da Cidadania. Após acompanhar as atividades desenvolvidas pelos rondonistas no Acre, ele avaliou a atuação dos jovens universitários.
“Eu vejo essa meninada do mundo acadêmico que vem conhecer uma outra realidade e percebo a vontade de eles quererem ajudar”, declarou Pedro.
Após reeditado, em 2005, o Projeto Rondon está focado em capacitar possíveis multiplicadores de conteúdo nas áreas de saúde, educação, direitos humanos e justiça, cultura, trabalho, meio ambiente, tecnologia e produção e comunicação.
O coordenador do projeto no MD, Coronel Alexandre Scholtz, esclarece que a finalidade do projeto é “contribuir com a formação cidadã do estudante universitário e com desenvolvimento sustentável de comunidades carentes”.
Ainda no município de Acrelândia, os rondonistas desenvolveram ofereceram capacitações para professores, com conteúdos como metodologias; para agentes comunitários de saúde, oficinas de fossa séptica, irrigação, reaproveitamento de resíduos; horta comunitária, mídias sociais, comunicação com autoridades, biojoias, educação sexual, entre outras atividades.
Operações
Nesta quinta (25), terminou a Operação João de Barro no estado do Piauí. Durante 18 dias, 250 alunos e professores de Instituições de Ensino Superior (IES) percorreram 12 municípios piauienses levando oficinas, cursos e palestras a comunidades pobres do estado.
As iniciativas da Operação Vale do Acre também ocorreram em 12 municípios acreanos e tiveram a participação de 250 estudantes e professores de 25 faculdades públicas e particulares de todo o país.
Somando as três ações realizadas neste ano, a primeira foi no mês de janeiro, mais de 800 estudantes e professores de 80 instituições de ensino superior estão envolvidos em trabalhos voluntários pelo Projeto Rondon.
Resultados
As edições passadas do Projeto Rondon também deixaram frutos para nossa sociedade. Morador de Capixaba, município localizado a cerca de 60 quilômetros de Rio Branco, o empreendedor George Eduardo Carneiro Macedo lembra quando o Projeto passou na localidade, no ano de 2006.
À época, como coordenador de juventude na prefeitura, ele acompanhou o desenvolvimento de oficinas nas áreas de saúde e de meio ambiente. “Tivemos oficinas com gestores públicos, com gestores municipais, na área da saúde e sobre atendimento humanizado”, declarou.
De acordo com George, após receber o Projeto a prefeitura fixou uma cerca viva em torno de uma nascente do município e a população passou a preservar melhor a área. “Depois que eles vieram e mostraram a importância daquela nascente e daquela área de preservação, a população deu mais valor e, constantemente têm atividades nessa aérea”, afirmou.
Gilcinara Gondim, atualmente trabalha como professora no município de Capixaba (AC). Em 2005, participou das atividades do Projeto Rondon, em Xapuri (AC), cidade localizada a cerca de 190 quilômetros de Rio Branco onde nasceu o seringueiro e ambientalista Chico Mendes.
“Lembro que andamos muito nos municípios e na zona rural. Reunimos grupos para oficinas e conversas. Foi um momento de muita produtividade, de troca de ideias e de informações”, recordou Gilcinara.
A educadora declara que, na ocasião, trabalhava com um programa de alfabetização para jovens e adultos. Ela explica que as oficinas realizadas nas zonas urbana e rural impulsionaram o desenvolvimento na área de educação no município de Xapuri, principalmente no meio rural.
“Todas as oficinas ficaram muito marcadas na população xapuriense. A partir daquele momento, começamos a trabalhar políticas públicas”, disse Gilcinara. “Hoje, a maioria das pessoas na zona rural de Xapuri são formadas com ensino fundamental, médio. Muitos deles têm ensino superior e conseguem prestar serviços na própria localidade”, comenta acerca de mudanças positivas naquela comunidade.
Bastidores
Para que as operações do Projeto Rondon aconteçam, atores importantes trabalham de maneira discreta. Um deles é o anjo: personagem fundamental para garantir a segurança e o bem-estar dos rondonistas durante as operações.
Integrante do Comando de Fronteira, 4º Batalhão de Infantaria de Selva (4º BIS), o 2º Sargento do Exército Raimundo Costa da Silva acompanhou um grupo de 20 rondonistas, em Porto Acre (AC).
O Sargento Costa foi o anjo do grupo de alunos e professores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho – Fundação João Pinheiro (EG-FJP), situada em Minas Gerais. Há 28 anos no Exército, é a primeira vez que o Sargento Costa cumpre missão em uma operação do Projeto Rondon. Ele revela estar positivamente surpreso com a atitude de respeito praticada entre os integrantes das universidades, apesar das diferenças culturais.
“Duas equipes totalmente diferentes, que se respeitam. Respeitam os espaços, as culturas, os modos diferentes de vida. Eu acho isso uma maravilha nesse projeto”, disse.
Mesmo tendo que dormir mais tarde que o horário habitual por causa da operação, o Sargento Costa ressaltou que a rotina como militar não foi muita alterada com as atividades da Operação Vale do Acre. Ele faz um comparativo do alojamento onde ficaram acomodados os rondonistas com um quartel das Forças Armadas.
“Quando a gente vai para os acampamentos, acontecem as mesmas coisas que ocorreram aqui no Projeto Rondon. Ficamos todos acampados no mesmo local e trabalhando para cumprirmos nossas missões”, explicou.
“Do mesmo jeito o Rondon fez com esses alunos e professores. Vejo como se fosse dois pelotões comandados por seus comandantes, que no caso seriam os professores”, comparou o Sargento.
Outro ator fundamental para apoiar o trabalho desenvolvido pelos rondonistas é a equipe de comunicação social. São responsáveis pela cobertura jornalística e produção de conteúdo para as redes sociais do Projeto e têm a função de dar visibilidade as ações desenvolvidas pelos alunos e professores voluntários.
O professor da Faculdade de Comunicação Social da Universidade de Brasília (UnB) Jairo Faria Guedes Coelho coordenou equipe de cobertura jornalística do Projeto durante a Operação Vale do Acre. Com experiência na área de extensão universitária, o professor Jairo teve contato anterior com o Rondon ao capacitar equipes da UnB para participarem das operações do Projeto.
Com perfil e responsabilidades diferentes das outras equipes que realizam as oficinas das outras áreas, e ficam alojadas em uma única localidade, a comunicação social percorre vários municípios, possibilitando um contato constante com diversas equipes de universidades diferentes.
“A equipe de comunicação possui o perfil de a gente poder conhecer as outras todas iniciativas, conhecer as realidades em todos os municípios, e isso é muito bom”, enfatiza Jairo.
Com horário para iniciar as atividades, mas sem previsão para o fim, para comunicação social o trabalho termina somente após produção e publicação do conteúdo. No 4º BIS, por exemplo, o trabalho da equipe avançava até a madrugada para concluir os vídeos e as postagens feitas nos municípios. “O trabalho é intenso, mas gratificante também, porque a gente recebe muito conhecimento”, concluiu o professor.
Próximas Operações
Estão previstas quatro operações para a ano de 2020. A primeira, em janeiro, deve ocorrer em 20 municípios do estado do Paraná. Essa ação tem expectativa de participação de 412 rondonistas. Para julho do ano que vem, três operações estão programadas: uma com a participação de cerca de 200 alunos e professores de todo o país em 12 municípios do estado da Bahia e as outras duas ocorrerão no Distrito Federal e no estado do Rondônia.
Por Lane Barreto
Fotos Tereza Sobreira
Assessoria de Comunicação Social (ASCOM)
Ministério da Defesa
(61) 3312-4071