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Capacitação do Projeto João do Pulo reúne profissionais de todo o Brasil
Brasília (DF), 11/11/2019 -
Na quinta-feira (7), quem passava pela quadra da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército (ASSEB) deparava-se com várias pessoas jogando vôlei sentadas, praticando atletismo com venda nos olhos ou experimentando algum tipo de experiência com fatores limitantes. Em comum, havia a animação e a sensação da descoberta do novo e da capacidade de superação. Tratava-se de mais uma das diversas atividades do curso de capacitação, realizado pelo Comando de Operações Terrestres (COTER) para coordenadores, professores e monitores dos núcleos do Projeto João do Pulo, que atende pessoas com deficiência, em situação de vulnerabilidade social.
A capacitação ocorreu no período de 5 a 7 de outubro e reuniu 62 participantes, entre profissionais que trabalham nos núcleos do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) – Manaus (AM), do 38º Batalhão de Infantaria (38º BI) - Vila Velha (ES), do 55º Batalhão de Infantaria (55º BI) - Montes Claros (MG) e do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (COMGEx) – Brasília (DF), além de convidados que, de alguma forma, trabalham com o assunto.
Com o tema: Ações Sócio-Inclusivas para pessoas com deficiência, a capacitação teve como objetivo elaborar e aplicar um planejamento pedagógico direcionado aos beneficiados pelo projeto, apresentando as principais características funcionais da pessoa com deficiência e pontuando técnicas básicas para as ações inclusivas. Para isso, uma série de palestras e oficinas foram ministradas por profissionais da área, de entidades parceiras como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), a Pestalozzi, a Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (CETEFE) e o Instituto Benjamin Constant (IBC).
Para o Coronel Paulo de Tarso Cordovil Correa dos Santos, coordenador geral da capacitação, o elemento-chave na elucidação de tarefas e didáticas que possibilitem o sucesso de métodos de ensino para a aplicação de atividades adaptadas visando à inclusão de pessoas com deficiência está justamente na capacitação dos professores e no engajamento das Organizações Militares que atendem o Projeto.
Dessa forma, o COTER, juntamente com o Departamento de Desporto Militar (DDM) e algumas instituições parceiras, pensaram na melhor forma de atualizar, para o aperfeiçoamento dos conteúdos utilizados no desenvolvimento e na execução das atividades do Projeto João do Pulo, que hoje atuam em 11 Organizações Militares, beneficiando 348 pessoas com deficiência, por meio de práticas desportivas e também pela convivência no meio militar.
Para o coordenador pedagógico da capacitação e gerente nacional do PJP, Coronel Roberto De Moraes, da Divisão de Programas e Projetos Sociais pelo Esporte (DIPSE) do DDM, a inclusão questiona não somente as políticas de organização da educação especial, mas também o próprio conceito de integração.
“O Projeto dá a todos que com ele trabalham a oportunidade de combinar inúmeros procedimentos para remover barreiras e promover a aprendizagem de nossos alunos, combinando esporte, civismo, disciplina e educação”, disse o Coronel.
Ainda de acordo com o militar, a prática desportiva se reveste de um dos fatores fundamentais para que pessoas com deficiência possam sobrepujar as barreiras impostas pela própria sociedade e desenvolvam um estilo de vida fisicamente ativo, de modo a exercer sua cidadania e aprimorar sua saúde e qualidade de vida.
“Com isso, o PJP surge como um marcante diferencial na melhora geral da aptidão física de seus beneficiados, promovendo sua autoestima e confiança para realizar as tarefas básicas do dia-a-dia, proporcionando-lhes um inquestionável auxílio na reabilitação e na integração social, com a firme convicção de que: “A deficiência não habita o corpo físico e sim a consciência”, disse ele.
Capacitação e vivência
A Tenente Clara Faria, Coordenadora do PJP no 38° Batalhão de Infantaria, localizado em Vila Velha (Espírito Santo), participou da capacitação. Ela trabalha com 50 crianças com algum tipo de deficiência, como microcefalia, paralisia, paralisia cerebral, autismo e síndrome de down. Ela reforça a necessidade da capacitação, no sentido de se conhecer ainda mais esse universo, com suas peculiaridades e cuidados, mas sem esquecer que são crianças, que devem brincar e também ter limites. Além disso, a Tenente reforça a necessidade de rever conceitos e pré-conceitos, e encarar a inclusão social dessas crianças de forma natural, sem ater-se a dogmas e paradigmas.
“Vivenciando o dia a dia e tendo o retorno positivo dos pais, temos consciência de que estamos no caminho certo. A confiança que conquistamos junto às crianças, o que não é fácil para o autista, por exemplo, são o nosso maior ganho. Elas estão felizes ali conosco”.
Do núcleo do PJP do GIGs, em Manaus, esteve presente também o coordenador, Tenente Murilo. Diferentemente do núcleo de Vila Velha, que trabalha com crianças, o projeto atende 30 pessoas com deficiência com idades entre 18 e 54 anos.
“Procuramos trabalhar a rotina deles como se fosse a de um soldado, já que não tiveram a oportunidade de servir. Temos, além das atividades físicas, a instrução cívica-militar. A ordem unida é a parte preferida”, disse ele.
Essa diversidade tanto em relação aos beneficiados quanto ao que cada núcleo oferece, varia conforme as instalações e as possibilidades de cada Organização Social que abraça o projeto. O que pontua de forma comum todos eles, é o carinho e a disciplina com que são tratados seus beneficiados e o aprendizado, em contrapartida, dos próprios executantes.
“São diferentes deficiências que aprendemos a adaptar com outras atividades. Aprendemos demais com eles”, conclui Murilo.
O Projeto
O Ministério da Defesa, por intermédio do Departamento de Desporto Militar, instituiu o Projeto João do Pulo, uma vertente do Programa Forças no Esporte, em 2015, com vistas a promover a reintegração social dos militares que adquiriram deficiência física em consequência de acidentes ou enfermidades. A denominação foi em homenagem ao extraordinário desportista militar João Carlos de Oliveira, que teve sua perna direita amputada em decorrência de um grave acidente automobilístico.
Em sua nova versão, o PJP foi ampliado e, atualmente, atende pessoas com deficiência, priorizando as crianças a partir dos seis anos de idade, e adolescentes, em estado de vulnerabilidade social. A finalidade é reduzir riscos sociais e fortalecer a cidadania por meio da inclusão social dos beneficiados, que terão acesso à prática de atividades paradesportivas, desenvolvidas no âmbito da Marinha, do Exército e da Força Aérea.
O PJP conta com o apoio dos ministérios: da Cidadania, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e da Educação. Conta, também, com uma verdadeira rede colaborativa de parceiros constituída pela Federação Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Fenapaes), Federação Nacional das Associações Pestalozzi (Fenapestalozzi), Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Instituto Benjamin Constant (IBC), Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), Universidade Estácio de Sá, Associação dos Vencedores Adaptados (AVA) e Pastoral do Menor.
Assessoria de Comunicação Social (ASCOM)
Ministério da Defesa
(61) 3312-4071