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Ação interministerial de saúde na fronteira com Colômbia e Venezuela atende 375 indígenas em 5 dias
São Gabriel da Cachoeira (AM), 12/06/2020 - Terminou na quinta-feira (11) a ação interministerial de assistência à saúde nas comunidades indígenas do município de São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Estado do Amazonas. A região é conhecida como a Cabeça do Cachorro e fica na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Venezuela. Durante cinco dias, foram atendidos 375 indígenas de 13 etnias diferentes e realizados 456 testes rápidos de Covid-19. A ação teve início em 7 de junho e contemplou as comunidades Maturacá, Querari e Iauaretê.
A ação conjunta entre os Ministérios da Defesa e da Saúde contou com a atuação de militares do Hospital das Forças Armadas (HFA), incluindo profissionais da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e da Aeronáutica; do Hospital Militar de Área de Manaus (HMAN); e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Foram mais de 30 horas de atendimentos simultâneos nas especialidades Clínica-Médica, Cardiologia, Odontologia, Ginecologia-Obstetrícia, Pediatria, Farmácia e Enfermagem, além de aplicação de 76 doses de vacinas para Tetravalente, Tríplice-viral, Antitetânica e H1N1.
O deslocamento até os locais contou com o apoio da aeronave FAB 2811 C-105 Amazonas, operada pelo 1°/15° GAV - Esquadrão Onça. No total, foram mais de 6 mil quilômetros sobrevoados, o equivalente a atravessar o oceano do Pacífico ao Atlântico. Também foram transportadas 6 mil quilos de carga, como Equipamentos de Proteção Individual (EPI), medicamentos, vacinas, testes rápidos para a Covid-19 e para malária, dentre outros insumos.
Para se ter uma ideia do isolamento das regiões atendidas, o percurso, de embarcação, de São Gabriel da Cachoeira até Maturacá leva dois dias, e se o percurso for o contrário, pode levar até oito dias. E, em Querari, a logística é ainda mais complexa, pois a única opção de chegar à comunidade é com apoio da Força Aérea Brasileira (FAB) ou por meio de voos fretados pelo Exército.
Nos dias 7 e 8, a assistência aconteceu em Maturacá, nas instalações do 5° Pelotão Especial de Fronteira (5° PEF). A Comunidade fica a 140 quilômetros de São Gabriel da Cachoeira, próximo ao Pico da Neblina, na fronteira com a Venezuela, e conta com 600 indígenas da etnia Yanomami.
No dia 9, os atendimentos ocorreram em Querari, que fica na fronteira com a Colômbia. Os limites dos dois países são feitos pelo Rio Uaupés, sendo uma margem brasileira e a outra colombiana. A população conta com 250 moradores da etnia Kubeo e 50 não indígenas. Fisicamente, a comunidade fica a apenas 300 metros do 2° Pelotão Especial de Fronteira (2° PEF), local onde ocorreu a assistência. Até o momento da ação não havia registro de populares contaminados ou suspeitos com a Covid-19 na localidade.
A terceira e última comunidade atendida foi Iauaretê, nos arredores do 1° Pelotão Especial de Fronteira (1° PEF), na divisa com a Colômbia. A comunidade registra 3 mil indígenas de 13 etnias, sendo a Tucanos a mais predominante. O local é o mais populoso da região da Cabeça do Cachorro. A assistência à saúde ocorreu nos dias 10 e 11 de junho. Além dos atendimentos nas diversas especialidades, foram realizados testes para a Covid-19.
Francele Ferreira da Silva, moradora de Iauaretê foi detectada com o vírus e afirmou sentir quase nenhum incômodo. "Eu sinto só um pouco de dor de cabeça", contou. De acordo com a Diretora do Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira (HGUSGC), Tenente-Coronel Enfermeira Anaditália Pinheiro Viana Araújo, entre os militares da Guarnição testados positivos para Covid-19, a grande maioria apresentou sintomas leves. "Muitos deles relatam que não sentiram nada, apresentando alguns sintomas mais leves e até mesmo nada", disse.
O Hospital é a única unidade de saúde da parte central de São Gabriel da Cachoeira e realiza atendimento misto, sendo 85% dos pacientes civis e 15% militares. Dos 85% civis, 80% são indígenas.
A Major Enfermeira Rosangela de Sousa Martins, do Hospital das Forças Armadas, de Brasília, foi uma das voluntárias da missão. "Realizamos este trabalho porque entendemos a necessidade deste apoio e de recursos nestas regiões", declarou. A Capitão Farmacêutica Daniela Boneberger Behm disse que a sensação é de missão cumprida. "Prestamos o apoio à saúde nas áreas indígenas que necessitavam da nossa assistência. É um sentimento de gratidão por poder ajudar", concluiu.
Operação COVID-19
O Ministério da Defesa ativou, em 20 de março, o Centro de Operações Conjuntas, para atuar na coordenação e no planejamento do emprego das Forças Armadas no combate à COVID-19. Nesse contexto, foram ativados dez Comandos Conjuntos, que cobrem todo o território nacional, além do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), de funcionamento permanente. A iniciativa integra o esforço do governo federal no enfrentamento à pandemia que recebeu o nome de Operação COVID-19.
As demandas recebidas pelo Ministério da Defesa, de apoio a órgãos estaduais, municipais e outros, são analisadas e direcionadas aos Comandos Conjuntos para avaliarem a possibilidade de atendimento. De acordo com a complexidade da solicitação, tais demandas poderão ser encaminhadas ao Gabinete de Crise, que determinará a melhor forma de atendimento.
Por Tenente Cristiane/FAB
Fotos: Alexandre Manfrim
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