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07/12/2010 - DEFESA - Discurso do Ministro Nelson Jobim em cerimônia na AMAN, no último sábado
Discurso do Ministro Nelson Jobim em cerimônia na
Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em 04/12/2010
Excelentíssimo Senhor Comandante do Exército, General Enzo Martins Peri;
Excelentíssimo Senhor Comandante da Marinha, Almirante Júlio Soares de Moura Neto;
Excelentíssimo Senhor Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Juniti Saito;
Senhores oficiais generais, senhoras e senhores:
Aspirantes da turma de 2010 !
Creio que vocês encontrarão um Exército empenhado na busca de novos caminhos para a excelência operacional; uma sociedade que valoriza e respeita os seus soldados; um Brasil embalado na rota do crescimento sustentável e assumindo cada vez mais o protagonismo internacional.
Vamos terminar o ano, considerando os atos econômicos e a situação econômica do Brasil, com um crescimento em torno de sete e meio a oito por cento neste ano, o que representa uma grande reação à crise internacional, que não consegue crescer mais do que um por cento ao ano no mundo.
O cenário mundial, senhores aspirantes, agudiza as incertezas e aponta para as disputas de recursos essenciais. Essas circunstâncias, o conjunto dessas circunstâncias, exigirão de cada um de vocês, além dos atributos correspondentes aos soldados, o constante aperfeiçoamento profissional.
Lembrando que nós não construímos o futuro pensando no passado; e não nos preparamos para o futuro com as mesmas estruturas do passado. Houve equívocos e erros nos processos e conflitos internacionais. Por exemplo, na Segunda Guerra Mundial, quando generais franceses prepararam-se para a guerra do passado e para o conflito do passado e encontraram, na Segunda Guerra Mundial, o conflito do futuro.
Hoje as ameaças mundiais são completamente distintas. Há uma distinção, e grande, entre a atividade convencional e necessidade de uma preparação assimétrica de rusticidade e de engenhosidade dos senhores soldados. Isso é o que os senhores enfrentarão: o estudo e a compreensão dos ambientes e das populações com quem trabalharem.
Nenhum soldado legitima-se se não tiver atrás de si a legislação do Direito e da Moral. A entrada no conflito precisa ter uma legitimação moral, a realização e os atos durante o conflito têm que ter uma legitimação moral. E também terá que ter uma legitimação moral a saída do conflito. Ou seja, aquilo que Santo Agostinho referia de jus in bello, jus ad bellum, jus in bello e jus pos bellum faz parte exatamente de um futuro incerto que nos vem pela frente.
O permanente zelo pela imagem da instituição a que pertencem também é um dos apanágios dessa necessidade. Também é importante considerar a claríssima defesa do Estado Democrático de Direito e a subordinação do poder militar à autoridade civil democrática instituída no país. Em qualquer situação nós teremos duas ferramentas que podemos socorrê-los: a firmeza de princípios, a honestidade de propósitos e o compromisso com as estruturas democráticas.
Senhores aspirantes, a metamorfose desta manhã em que devolvem o espadim para receber a espada do oficial representa a renovação dos sagrados compromissos com os valores que irmanam os soldados do Brasil.
E dirijo-me também especialmente aos aspirantes do Paraguai, da Venezuela, da República Dominicana e da Guiné Bissau, mostrando exatamente a internacionalização da formação militar em que o Brasil pode contribuir claramente com seus irmãos sul-americanos, com seus irmãos caribenhos e com seus irmãos africanos.
Senhor comandante desta academia, cumprimento a vossa excelência por esta solenidade e desejo a todos vocês, aspirantes, o futuro. E lembrem-se que daqui a quarenta anos, quando vocês estiverem neste palanque como generais e comandantes, será outro mundo, serão outras perspectivas e serão outros os desafios. Portanto, o que exige é que nós tenhamos flexibilidade, cabeça aberta e coragem de enfretamento.
Muito obrigado!