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Militares e agentes derrubam abrigos e cercas de invasores em terra indígena
São Félix do Xingu (PA), 30/07/2021
– Mais um esforço conjunto para a proteção da Amazônia. Na quinta-feira (29), militares e agentes ambientais da Operação Samaúma derrubaram pontos de apoio ao desmatamento na Terra Indígena Trincheira/Bacajá, próxima à Vila Sudoeste, no município de São Félix do Xingu, no Pará. A localidade fica a cerca de 1 mil quilômetros de Belém.
Esses locais são barracas improvisadas que infratores utilizam para abrigarem-se e prepararem refeições. Esses pontos de apoio contam com poço artesiano, fogareiro de barro, panelas, assentos e mesa. As estruturas possibilitam a sobrevivência dos infratores e contribuem para facilitar a abertura de novas ocupações irregulares.
No mesmo local, a equipe da Operação cortou, ainda, uma cerca que caracterizaria um loteamento dentro da Terra Indígena Trincheira/Bacajá. O caminho dos agentes e militares foi longo para chegar até ali. Parte da equipe saiu às 4h30 da madrugada para a Vila Sudoeste, partindo da Base São Francisco, em um trajeto de 75 km, para apoiar parte do grupo que seguiu de helicópteros do Ibama, Marinha e Exército. Ao se encontrarem, continuaram por mais um trecho de 20 km, em estrada de chão batido. Este percurso demorou cerca de uma hora.
Ao chegar na entrada de Trincheira, as equipes encontraram toras de sustentação da ponte jogadas no córrego. "A metodologia utilizada pelos invasores é serrar parte da estrutura da ponte. Os invasores fazem isso para que os agentes não adentrem nas terras indígenas", explicou o indigenista da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) Jonilson Navarros.
Dessa forma, a equipe fez a travessia a pé, embaixo de forte calor e muita poeira, em direção ao local dos ilícitos, andando sobre as toras que restaram da ponte. "Verificamos in loco os ilícitos para que possamos tomar as atitudes", disse Navarros.
Os militares das Forças Armadas integrantes do Comando Conjunto Norte realizaram a segurança dos agentes dos órgãos. “Fazemos a segurança afastada, para evitar, por exemplo, que alguém venha das cidades mais próximas e interfira nas ações”, explicou o Comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, General de Brigada Giovani Moretto.
De acordo com o coordenador de fiscalização da FUNAI, Luiz Conde, aquele local foi escolhido para a atuação da Operação Samaúma após detectadas ações de desmatamento, identificadas pelo Centro de Monitoramento Remoto (CMR) do órgão. Esse sistema monitora as ocorrências de desmatamento e degradação nas terras indígenas e acompanha as mudanças de uso e ocupação do solo. “Fazemos esse acompanhamento e verificamos que aquelas entradas da Terra Indígena estão sendo ampliadas, dando a certeza de que ali ocorre desmatamento”, explicou Conde.
A Terra Indígena possui 1.651.000 hectares, englobando áreas dos municípios de Altamira, Anapu, São Félix do Xingu e Senador José Porfírio, todos no Pará. A atividade contou com o apoio de dois helicópteros das Forças Armadas.
Combate a ilícitos
A Operação Samaúma, de Garantia da Lei e da Ordem, ocorre em terras indígenas e unidades de conservação de 26 municípios dos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Mato Grosso. No Pará, seis municípios integram a Operação Samaúma: Altamira, Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, Trairão e São Félix do Xingu. Nesse último, a atuação das agências abrange duas terras indígenas: Apyterewa e Trincheira/Bacajá. Os 26 municípios definidos para atuação foram mapeadas pelo Grupo Gestor do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), sendo os mais críticos em termos de desmatamento no Brasil.
A Samaúma abrange a participação das Forças Armadas, Polícia Federal, IBAMA, Força Nacional e FUNAI. A operação teve início em 28 de junho e prossegue até 31 de agosto. As Forças Armadas são responsáveis pela segurança da Base instalada para os profissionais das agências, pelos postos de bloqueio e controle de estrada e pelas patrulhas para reconhecimento de terreno. Além disso, emprega seus meios de transporte, como caminhões e helicópteros, para que os agentes de fiscalização cheguem aos locais de difícil acesso.
Por Mariana Alvarenga
Fotos: Igor Soares
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