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Plano de turismo sustentável e livro sobre a história local serão entregues à prefeitura após a passagem da operação pelo município
Projeto Rondon desenvolve ações voltadas à valorização do patrimônio natural e imaterial de Machadinho d’Oeste (RO)
O Conjunto B, formado por rondonistas da Universidade de Taubaté (UNITAU), do interior de São Paulo, apresentará, ao fim da Operação Sentinelas Avançadas II, do Projeto Rondon, um plano de desenvolvimento turístico para o município de Machadinho d’Oeste, localizado a 297 km de Porto Velho.
A iniciativa dos universitários intensificou o diálogo entre a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM), a prefeitura municipal e os extrativistas da região, onde se produz principalmente borracha, óleo de copaíba e castanhas. O objetivo é mapear potenciais locais para implementar o turismo sustentável, identificar necessidades de investimento em infraestrutura e capacitar gestores públicos e cidadãos interessados em atuar na área.
O plano começou a ser delineado ainda na visita precursora, em maio, e, durante a operação, os universitários estiveram na Cachoeira 2 de Novembro, na Vila Tabajara – a mais antiga de Rondônia –, e na reserva extrativista Rio Preto Jacundá, para aperfeiçoar o projeto. “As visitas técnicas permitiram apresentar uma nova proposta com os potenciais turísticos elencados por nossa equipe”, destaca a professora Aline Liz de Faria, coordenadora do Conjunto B.
A iniciativa também contempla o tombamento de edificações históricas, como igrejas e postes telegráficos de ferro, herança das expedições do Marechal Cândido Rondon, que, na primeira metade do século 20, contribuíram para a interiorização das comunicações no Brasil. Outra iniciativa proposta pela equipe da UNITAU é a criação de um festival de flores do deserto, muito comuns na região.
Além do relatório detalhando possíveis locais de visitação, o projeto turístico prevê a implementação de uma Escola do Trabalho para profissionalizar cidadãos em áreas como hotelaria, turismo e gastronomia. “Queremos que a população possa enxergar o potencial do produto turístico local”, finaliza Aline.
Registro de patrimônio imaterial
O povo pelo povo é o título do livro que está sendo escrito e organizado pelas integrantes do Conjunto A de rondonistas também sediados em Machadinho d’Oeste, alunas da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). A obra busca resgatar as memórias e a cultura local, por meio do registro de histórias contadas pelos próprios moradores em entrevistas com estudantes.
Serão cerca de 22 entrevistas, com histórias pessoais que se entrelaçam com histórias dos pontos turísticos locais, como a igreja de Tabajara, datada de 1913. No distrito de Tabajara, inclusive, é onde estão localizados os antigos postes telegráficos das expedições de Rondon, local em que o Conjunto A realizou uma oficina cultural em parceria com a Secretaria de Turismo e lideranças da comunidade, que resultou em importante caminhada com a participação de rondonistas e moradores.
O conteúdo final do livro, que traz na capa imagens dos “postes do Rondon”, será entregue à prefeitura de Machadinho d’Oeste e disponibilizado aos moradores da cidade. Segundo uma das participantes do projeto, Giovana Quadrado Abruzzi, estudante de Farmácia da UFCSPA, a ideia é “tornar material o que é imaterial”, para que muito mais interessados possam conhecer e contemplar o passado, o presente e o futuro da região.
Projeto Rondon
Com mais de 53 anos de história, o Projeto Rondon é uma ação interministerial de cunho estratégico do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Defesa, destinada a contribuir com o desenvolvimento da cidadania entre os estudantes universitários e comunidades do país. Ao empregar soluções sustentáveis para a inclusão social e a redução de desigualdades regionais, o projeto estimula importantes trocas visando ao fortalecimento da Soberania Nacional.
A ação conta com a parceria dos Governos Federal, Estadual de Rondônia, dos municípios selecionados e das Forças Armadas, nesta oportunidade, representadas pelo Comando da 17ª Brigada de Infantaria de Selva e 5° Batalhão de Engenharia de Construção – 5°BEC, Organizações Militares do Exército Brasileiro que proveem Apoio Logístico à operação. Participam também professores e estudantes universitários de 24 Instituições de Ensino Superior (IES), somando 252 pessoas.
Em julho deste ano, a Operação Sentinelas Avançadas II promove oficinas com temáticas de cultura, meio ambiente, saúde, justiça e direitos humanos, comunicação, tecnologia, trabalho e educação em 12 cidades do estado de Rondônia: Cujubim, Mirante da Serra, Nova União, Vale do Anari, Alto Paraíso, Espigão d’Oeste, Machadinho d’Oeste, Cacaulândia, Ministro Andreazza, Theobroma, Governador Jorge Teixeira e Rio Crespo. Para saber mais, acesse as redes sociais do Projeto Rondon e do Ministério da Defesa.
Texto por Isadora Camello e Mariana Oliari - Jornalismo, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) / 22 de julho de 2024.
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Rondonistas realizam oficinas para moradores em áreas da selva amazônica, no município de Machadinho d´Oeste
Universitários visitaram Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá e trechos de Rio Ji-Paraná, onde destacaram importância da sustentabilidade
Por Isabela Rodrigues - Jornalismo, Universidade de Taubaté (UNITAU)
Além das ações voltadas para o desenvolvimento histórico, turístico e cultural de Machadinho d´Oeste, onde estão sediados os rondonistas da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e da Universidade de Taubaté (UNITAU), também foram desenvolvidas no município atividades enfocando temas como sustentabilidade, empreendedorismo, comunicação, saúde, direitos humanos, educação e tecnologia.
Em dois importantes deslocamentos, os universitários de ambos os conjuntos tiveram a oportunidade de entrar em áreas da selva amazônica, como a Reserva Extrativista (RESEX) Rio Preto Jacundá, e o Rio Ji-Paraná, conhecido pela população local como Rio Machado, onde percorreram 64 quilômetros. Estiveram acompanhados de representantes do Exército Brasileiro, do Ministério da Defesa, do governo estadual de Rondônia e da Prefeitura de Machadinho D'Oeste, tendo a oportunidade de observar uma área de mais de 2.600 hectares que, segundo informações de José Pinheiro, assistente administrativo da Associação de Moradores da reserva extrativista, de 2012 a 2018, foi desmatada ilegalmente para pastagem, tendo sido reintegrada por ação do Ministério Público.
Para o adjunto da coordenação da Operação Sentinelas Avançadas II, Capitão Barbosa, a visita teve grande valia para os acadêmicos por tirá-los da realidade em que estão acostumados. “É um habitat totalmente diferente, eles saem de uma área urbana e vão para uma área de selva, em que eles podem transmitir seus conhecimentos acadêmicos para uma sociedade isolada”, ressaltou o Capitão.
Além da relevância acadêmica, a operação também focou o desenvolvimento de melhorias para as regiões que os rondonistas tiveram a oportunidade de conhecer. “Essa visita traz visibilidade para nossa reserva e para todas as reservas do Brasil sobre a possibilidade de os povos tradicionais viverem em harmonia com a natureza e estarem tirando seu sustento de forma harmônica”, disse Laís Voitena, gestora ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Machadinho D'Oeste. “Nós estamos demonstrando que tem como a população viver com qualidade de vida dentro da floresta, com sua própria atividade econômica, mesmo em uma região afastada dos grandes centros”, reiterou Marco Antônio Lagos, secretário do Desenvolvimento Ambiental do Estado de Rondônia.
Para a Coordenadora do Conjunto B da operação em Machadinho D'Oeste, professora Aline Liz, o dia foi voltado para a construção de pontes. "Essa é uma oportunidade única que levou três meses para ser preparada, com o objetivo de integrar os órgãos de governo, a população da RESEX Jacundá e o Projeto Rondon, para que o fruto que foi plantado possa ser semeado". Para a Coordenadora do Conjunto A, professora Mara Rubia, estar na reserva possibilitou a oportunidade de colocar em prática os conteúdos apresentados em sala de aula. "É muito diferente ter a teoria sobre o assunto e ter a possibilidade de colocar em prática", acrescentou.