Notícias
Mundo Rondon em evidência: Parceria para novos conhecimentos
Roselane Neckel
O olhar curioso dá lugar a uma nova visão da realidade, da vida extra campus, do mundo lá fora. Desta forma, alunos da Universidade Federal de Santa Catarina descrevem a experiência de ser rondonista, de ir a lugares fora dos eixos centrais de nosso país, de ver de perto a nossa tão decantada multiculturalidade.
A UFSC participa do Projeto Rondon desde a sua primeira versão, entre os anos de 1967 e 1989. Desde a retomada do Projeto Rondon, em 2005, a UFSC tem organizado equipes anualmente, em um total de 23 operações, incluindo a próxima de janeiro de 2014, no Piauí. Nossos alunos e professores já estiveram em 11 estados, com destaque para os das regiões Norte e Nordeste. Estas pessoas ajudam a contar novas histórias de vida, de suas vidas, de como elas se entrelaçam com as daqueles que visitam em comunidades carentes. Elas levam muita coisa para estas regiões, em seus campos específicos de atuação, mas trazem consigo a vontade de ser um cidadão ou uma cidadã melhor, de contribuir de forma decisiva para a promoção da igualdade de direitos em nosso país. Para muitos, talvez, um “choque de realidade” que transforma conceitos, atitudes e vidas.
Os futuros profissionais relatam que a experiência muda seus jeitos de pensar e os seus valores. Alguns voltam para as regiões de atuação para trabalhar ou fazer estágio. Há estudante que menciona, com orgulho, que seus pais se conheceram no Projeto Rondon. Muitos viajaram de avião pela primeira vez. Há casos curiosos de estudantes que nunca tinham visto um pé de mamão ou um coqueiro. Eles têm contato com gente que nunca viu um carro ou televisão – ou mesmo uma bomba de chimarrão. Estes estudantes parecem aprender que nada disto deve ser visto como exótico, que são realidades como estas que constroem o mundo e suas singularidades.
Recém-chegada de uma missão ao Norte, uma aluna de Odontologia escreveu:
“Hoje, desfazendo as malas, consigo perceber que quem vivia na miséria era eu! Na miséria de tempo para as coisas que importam; miséria de sentimento naquilo que fazia todos os dias; miséria de aspirar ao mundo e não valorizar tudo que já conquistei”.
São depoimentos como estes que nos fazem crer na importância do projeto, na sua riqueza. Se ele permite o exercício da alteridade, que nossos alunos entendam o quão complexo é este país no qual vivemos. Temos um ganho incalculável e, quem sabe, o ponto de partida para transformarmos a nossa realidade a partir do conhecimento não só científico, mas o conhecimento do outro.
Fonte: Coordenação de Comunicação Social do Projeto Rondon