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Comunicação não violenta e mediação de conflito estão entre as atividades promovidas pelas universidades voluntárias
Mirante da Serra recebe oficinas do Projeto Rondon pela terceira vez
“Saio daqui já planejando minhas próximas aulas”, diz a professora Ângela Maria Conti após as oficinas de capacitação promovidas pela Operação Sentinelas Avançadas II, em Mirante da Serra (RO), a 389 km da capital. A docente participa do Projeto Rondon na cidade pela terceira vez (2008 e 2017), e enfatiza que saber operar os equipamentos tecnológicos de apoio às aulas é fundamental para os professores da rede municipal. A ação da qual participou aconteceu na Escola Municipal Arquimedes Fernandes, no dia 15 de julho. Entre os temas a serem abordados em Mirante da Serra estão Comunicação não violenta e mediação de conflitos, educação inclusiva e capacitação em tecnologias.
As oficinas são realizadas por demandas que as equipes de coordenadores recolheram nas viagens precursoras, realizadas dois meses antes, e também no contato com a comunidade. “Percebemos que as escolas têm os equipamentos, mas não têm professores aptos para usarem”, diz a professora Rayanne Coelho Ferreira, coordenadora do Conjunto B da Fundação João Pinheiro (FJP-MG). Para a capacitação, os universitários tiveram que aprender a utilizar as salas de robótica e lousas interativas. Metodologias ativas de aprendizagem também fazem parte da programação para aprimorar a formação dos docentes do município.
O professor André Silva Carissimi, coordenador do Conjunto A da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acrescenta que também houve a necessidade de desenvolverem capacitações de educação inclusiva para alunos com Transtorno de Espectro Autista (TEA), Superdotação, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e deficiência visual e auditiva. A Secretaria de Educação de Mirante da Serra ampliou o calendário acadêmico do município para que todos os professores possam se capacitar, além de receberem certificados das oficinas.
A Operação Sentinelas Avançadas II, seguindo o propósito do Projeto Rondon, traz benefícios tanto para a comunidade, quanto para os rondonistas - todos universitários voluntários e que apresentam grande expectativa para o contato e as trocas anunciadas. “Plantamos a semente para a comunidade”, diz Ana Clara de Oliveira, estudante de Administração Pública da FJP.
A Operação Sentinelas Avançadas II apresenta dois grandes conjuntos de ações: o conjunto A, que engloba atividades nas áreas de Cultura, Direitos Humanos e Justiça, Educação e Saúde; e o Conjunto B, de Comunicação, Meio Ambiente, Tecnologia e Produção e Trabalho.
Por trás das oficinas
Além de contribuir com o desenvolvimento e cidadania das comunidades por onde passa, o Projeto Rondon também atua na formação e integração dos próprios rondonistas. Foi assim que os estudantes da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) criaram a mascote “Rumi”. A ovelha de pelúcia com crachá próprio vem acompanhando a equipe durante toda a viagem. “A gente começou a cultivar esse afeto pelo bonequinho e na operação ficou mais forte. Ela vai nas nossas mochilas, fica com a gente em todas as oficinas e as crianças se apaixonam por ela”, conta Emanuelle Moura da Silva, estudante da UFRGS.
Apesar da popularidade, o mascote tem um significado mais profundo. A professora da equipe, Raquel Fraga, estuda e leciona a disciplina “Medicina de pequenos ruminantes” e explica que “em um rebanho de ovelhas, elas andam juntas, é uma característica da espécie. Quando uma ovelha se afasta do rebanho, é porque ela está com algum problema”. O exemplo foi usado com os rondonistas para incentivar o trabalho em equipe, o entrosamento e o apoio entre os voluntários durante a duração do projeto. As oficinas estarão na cidade até o dia 24 de julho.
Projeto Rondon
Com mais de 57 anos de história, o Projeto Rondon é uma ação interministerial de cunho estratégico do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Defesa, destinada a contribuir com o desenvolvimento da cidadania entre os estudantes universitários e comunidades do país. Ao empregar soluções sustentáveis para a inclusão social e a redução de desigualdades regionais, o projeto estimula importantes trocas visando ao fortalecimento da Soberania Nacional.
A ação conta com a parceria dos Governos Federal, Estadual de Rondônia, dos municípios selecionados e das Forças Armadas, nesta oportunidade, representadas pelo Comando da 17ª Brigada de Infantaria de Selva e 5° Batalhão de Engenharia de Construção – 5°BEC, Organizações Militares do Exército Brasileiro que proveem o Apoio Logístico à operação. Participam também professores e estudantes universitários de 24 Instituições de Ensino Superior (IES), somando 252 pessoas.
Em julho deste ano, a Operação Sentinelas Avançadas II promove oficinas com temáticas de cultura, meio ambiente, saúde, justiça e direitos humanos, comunicação, tecnologia, trabalho e educação em 12 cidades do estado de Rondônia: Cujubim, Mirante da Serra, Nova União, Vale do Anari, Alto Paraíso, Espigão d’Oeste, Machadinho d’Oeste, Cacaulândia, Ministro Andreazza, Theobroma, Governador Jorge Teixeira e Rio Crespo. Para saber mais, acesse as redes sociais do Projeto Rondon e do Ministério da Defesa.
Texto por Giovanni Ribeiro e Sofia Leal - Jornalismo, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) / 16 de julho de 2024.