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Bagagem de volta: Nossa passagem pelo estado do Piauí, mais precisamente por Cabeceiras do Piauí
Daniela Regina Kommers
Leonir Terezinha Uhde
INTRODUÇÃO
A operação Parnaíba do projeto Rondon, aconteceu no estado do Piauí em 2019, a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) desenvolveu as atividades do conjunto de Ações B: Comunicação, Tecnologia e Produção, Meio Ambiente e Trabalho, com o Projeto ”Ações multidisciplinares: construção de soluções para o desenvolvimento com sustentabilidade e fortalecimento da cidadania, bem-estar social e qualidade de vida”, no município de Cabeceiras do Piauí/PI. O município localiza-se no norte piauiense, na microrregião do baixo Parnaíba, com mais de 608 mil quilômetros quadrados e uma população em torno de 10 mil habitantes. “O projeto Rondon é desenvolvido pelo Ministério da Defesa, em parceria com governos estaduais, municipais e Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas, tem os objetivos de contribuir para a formação dos universitários e para o desenvolvimento das comunidades atendidas.” (Ministério da Defesa, 2019).
O objetivo deste trabalho é relatar a preparação pré-operação Parnaíba do Projeto Rondon, a experiência obtida durante a operação e sua importância para a formação acadêmica e cidadã.
METODOLOGIA
O projeto da Unijuí foi coordenado pelos professores Leonir Terezinha Uhde, Maria Aparecida de Carvalho Zasso e Felipe Libardoni, do Departamento de Estudos Agrários (DEAg). A professora Leonir realizou uma viagem precursora para o município onde o grupo desenvolveria as atividades, no período de 23 a 29 de setembro de 2018, com o objetivo de conhecer as lideranças do município, a organização de alojamentos e de transporte, as características da região e da cidade e os possíveis pontos a melhorar; realizar registro em fotos e reuniões com os secretários municipais; apresentar o plano de trabalho e fazer as adequações necessárias. A operação do projeto Rondon aconteceu no período de 18 de janeiro a 03 de fevereiro de 2019.
Como método de preparação para a operação Parnaíba, além das reuniões de capacitação, foram realizados dois projetos pilotos no município de Ijuí (município sede da UNIJUÍ), o primeiro no bairro Getúlio Vargas (zona urbana) e o segundo no Distrito de Itaí (zona rural). Os projetos pilotos colaboraram para colocar em prática os métodos de exposição das oficinas realizadas pelos rondonistas, para auxiliar as mudanças nas comunidades e para realizar o contato com integrantes das comunidades.
No dia 21 de janeiro, já presentes no município de Cabeceiras do Piauí, rondonistas e professores de ambas as instituições reuniram-se com representantes do município para fazer os últimos ajustes das atividades previstas. Entre esses estavam: o Secretário de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, o representante do Secretário de Educação, o Secretário de Esportes, a Secretária de Assistência Social e a Secretária da Saúde. Os alunos do curso de agronomia da UNIJUÍ participaram das seguintes oficinas nas comunidades visitadas: “Horta vertical”, “Repelente para insetos”, “Compostagem”, “Cobertura de solo”, “Inseticidas e fungicidas naturais” e “Riscos da realização de queimadas”. As oficinas foram realizadas em 20 povoados, cujas necessidades foram consideradas e problemas existentes foram priorizados. As oficinas sobre hortas verticais e repelente caseiro foram realizadas na prática, mas nem todas as oficinas puderam ser realizadas em cada povoado visitado devido à restrição de tempo. Em algumas localidades, principalmente naquelas com maior número de participantes, as oficinas foram apresentadas simultaneamente e o próprio participante escolhia a oficina ou a área do conhecimento que lhe era de interesse. A UNIJUÍ realizou atividades juntamente com a Universidade de São Paulo/Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (USP/EERP SP), que era responsável pelas atividades do Conjunto de Ações A. Deve ser destacado que as duas universidades deslocaram-se juntas até os povoados, onde intercalavam as ações, as quais eram sempre colocadas em cronograma, em reuniões diárias. Ou seja, os dois grupos reuniam-se e decidiam como a equipe seria dividida e como a programação funcionaria no próximo dia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os participantes relataram as dificuldades provenientes da escassez de chuvas, o fato das frutas da região não serem usadas para a produção de doces e geleias, a falta de assistência técnica e de tecnologias no campo e a incerteza em relação à produção dos cultivos em razão da falta de água. As oficinas, então, mostraram algumas formas de amenizar essas dificuldades, tais como: o melhor aproveitamento da água disponível, usando hortas verticais com garrafas e o uso de palhada sobre o solo cultivado, a fim de reduzir as perdas pela evaporação.
Figura: Oficinas sobre horta vertical e repelente para insetos. (Fonte: arquivo do autor).
“A extensão universitária proporciona a troca de experiência e de aprendizagem que beneficia não só a comunidade, mas também serve como uma lição de vida e de cidadania para os acadêmicos e professores.” (CLEMENTE, 2011, p. 173). Também foi realizado um diagnóstico geral da cidade, através de caminhada pelas ruas, onde foram visitadas lojas agropecuárias e uma granja de suínos, que ficava próxima ao local. Pôde ser observado que há falta de assistência técnica aos agricultores da região, venda de produtos sem diagnóstico das plantas e animais nos quais serão usados, problemas com pulgas e carrapatos, com o uso incorreto de dessecantes agrícolas e descarte incorreto de embalagens de produtos agropecuários. Algo que chamou a atenção foi a carência de informações das comunidades atendidas. Outro objetivo das oficinas, portanto, foi tentar auxiliar nessa questão, trazendo elementos à respeito dos pontos de maior dificuldade no município. O interesse demonstrado pelas comunidades acerca dos assuntos abordados nas oficinas foi bem grande. Geralmente realizavam perguntas ou lançavam contribuições a respeito das temáticas abordadas e sobre o que já haviam vivenciado na região.
A troca de informações entre os integrantes das duas universidades também contribuiu para nossa formação, visto que a equipe era formada por estudantes de diferentes áreas do conhecimento e diferentes experiências de vida. O projeto permitiu aprofundar as habilidades de trabalho em equipe e contribuiu muito tanto para a formação individual como do grupo.
Figura: Povoado de Saquarema, em Cabeceiras do Piauí, após a realização das oficinas. (Fonte: arquivo do autor).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Participar do projeto Rondon foi um sonho realizado. Eu já acompanhava a divulgação das operações anteriores e conhecia colegas que haviam participado do projeto e sempre imaginava como seria viver essa experiência, ter a oportunidade de conhecer culturas e costumes diferentes, assim como outro bioma e outras paisagens. Sem dúvida, ser recebida de braços abertos pela comunidade, ser reconhecida na rua pelas roupas de rondonista, ser chamada para falar sobre o projeto é uma vivência única. Em alguns momentos, aprendemos muito mais do que ensinamos, vivenciamos vários sentimentos em poucos dias e nos tornamos mais cidadãos. O projeto me permitiu ter mais consciência da realidade brasileira e a valorizar coisas que antes, talvez, passavam despercebidas.
Palavras-chave: Projeto Rondon ; Cidadania; Extensão.
Keywords: Rondon Project , citizenship ; extension .
REFERÊNCIAS
ANDRETTA, Juliana.
Projeto Rondon: extensionistas iniciam as atividades no Piauí.
Disponível em: Acesso em: 10 mar. 2019.
BRASIL. Ministério da Defesa. Projeto Rondon.
Disponível em:< https://www.defesa.gov.br/programas-sociais/projeto-rondon> Acesso em: 18 mai. 2019.
CLEMENTE, Claudelir Corrêa, et al. Projeto Rondon: Relato de experiência na cidade de Murici,
Alagoas. Em Extensão, Uberlândia, v. 10, n. 1, p. 167-178, jan./jun. 2011.m
Disponívelkem Acesso em: 18 mai. 2019.
Integrantes do Projeto Rondon realizam preparativos para a Operação Parnaíba.
Disponível em: Acesso em: 20 abr. 2019.
Fonte: Coordenação de Comunicação Social do Projeto Rondon