Tempos de Defesa
Aldo Rebelo
Ministro da Defesa
Em cenário internacional tão instável quanto de prospecção incerta, o Brasil não pode deixar de perseguir a construção de um sistema de defesa alinhado a um projeto nacional de desenvolvimento, soberania e protagonismo. A formulação da Defesa Nacional insere-se no amplo arco da Política Externa. Em primeiro lugar, privilegia a boa-vizinhança, e nesse quesito vivemos em paz com dez vizinhos territoriais, mas também considera o entorno geopolítico do Atlântico Sul e costa ocidental da África. A seguir, vêm o respeito à autodeterminação dos povos e a não ingerência nos assuntos internos de outros países, exceto as chanceladas pela ONU, sem espaço para gerar ressentimentos e retaliações de que são vítimas as grandes potências por conta de suas intervenções externas.
A construção de um sistema de defesa, e com ele uma mentalidade de defesa, há de ser consolidada pelos programas estratégicos já em curso. Podem sofrer redução de ritmo, em virtude das dificuldades sazonais da Economia, mas os investimentos devem continuar, em proporção compatível à inserção do País no cenário internacional e principalmente à nossa tradição pacifista. São essenciais programas de vigilância e resposta militar imediata. E para tanto permanecem indispensáveis e ininterruptos os projetos espacial, o de submarinos (sobretudo o de propulsão nuclear), o Calha Norte, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras. Para o reequipamento das três armas, destaca-se na Aeronáutica os novos aviões-caças Gripen, que transferem e propiciam ganhos tecnológicos.
A conclusão desses projetos há de ser assegurada pela garantia de percentual mínimo obrigatório de 2% do produto interno bruto para os investimentos militares. Hoje é de 1,4%, menor que as médias mundial (2,3%) e a sul-americana(1,71%). À parte o fato de que a indústria de defesa irradia desenvolvimento e inovação tecnológica transferível a outros setores, temos muito o que proteger.
Artigo publicado em vários jornais