Medalha verde-oliva
Aldo Rebelo
A primeira medalha que o Brasil ganhou em Olimpíadas foi conquistada por um militar. Nos Jogos da Antuérpia, em 1920, o tenente do Exército Guilherme Paraense calibrou a pistola rápida e levou o ouro. Seu mérito virou façanha, porque não havia incentivo ao esporte na época e ele até competiu com armas e munição emprestadas pelos adversários. Mas a trajetória daquele tiro certeiro abriu um fronte evolutivo da prática do esporte no Brasil.
Os resultados dos VI Jogos Mundiais Militares, recém-encerrados na Coreia do Sul, atestam que nos quarteis se formam gerações de atletas vitoriosos. O Brasil ficou em segundo lugar no total de medalhas, conquistando 84, das quais 34 de ouro, 26 de prata e 24 de bronze. Na edição anterior, no Rio de Janeiro, em 2011, ficou em primeiro, com 114 medalhas, das quais 45 de ouro.
A participação vitoriosa dos militares segue a tradição nascida na Antuérpia de também destacar-se nos jogos civis. Nos Pan-americanos deste ano, disputados no Canadá, dos 600 atletas integrantes da delegação brasileira, 123 eram militares participantes do Programa de Atletas de Alto Rendimento, dos Ministérios da Defesa e do Esporte. Eles ganharam 48% das 141 medalhas que deram ao Brasil a terceira colocação no torneio.
A expectativa é que repitam o desempenho nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio. Estima-se que uma centena defenderá as cores do Brasil, contribuindo para atingirmos a meta oficial de ficar entre os dez primeiros colocados.
A evolução dos esportes no Brasil deve muito à caserna. Obrigados a cultuar a boa forma física, os militares sempre adotaram a máxima do poeta romano Juvenal: Mente sadia em um corpo sadio (mens sana in corpore sano). Decisivos na proclamação da República em 1889, democratizaram a prática orientada do esporte entre os civis. O general Benjamin Constant, ministro da Instrução Pública, introduziu a Educação Física nas escolas, caminho para a formação de campeões.
Artigo publicado em vários jornais.