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Vítimas de pirâmides financeiras são mais propensas a investirem novamente em esquemas irregulares e de alto risco
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulga hoje, 11/1/2024, relatório da pesquisa sobre tomada de decisão de investidores em investimentos irregulares, que teve como objetivo analisar o efeito da percepção de risco na tomada de decisão em investimentos que possuem características semelhantes a pirâmides financeiras.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) no âmbito do convênio firmado entre as instituições, e teve a colaboração e supervisão da Gerência de Educação e Inclusão Financeira (GEIF) da Superintendência de Orientação a Investidores (SOI) da CVM.
"Este estudo traz dados importantes sobre o comportamento do investidor, que irão auxiliar a CVM no desenvolvimento de estratégias e ações com foco em educação financeira e na proteção ao investidor."
Paulo Portinho, Gerente de Educação e Inclusão Financeira da CVM.
Hipóteses e resultados apresentados
O estudo testou 12 hipóteses de pesquisa relacionadas à propensão de investir ou convidar novos investidores, com base em mecanismos comportamentais de indivíduos, tais como:
- Indivíduos são mais propensos a investir em investimentos apresentados como de baixo risco que de alto risco.
- Indivíduos convidam mais investidores para investimentos apresentados como de baixo risco que de alto risco.
- Indivíduos que já foram vítimas ou conhecem alguma vítima de pirâmides financeiras são menos propensos a investir em esquemas irregulares que indivíduos que não foram vítimas e não conhecem quem já foi vítima de pirâmides financeiras.
Dentre os principais resultados encontrados, destaca-se que o risco é apenas responsável por uma mudança no comportamento das manipulações de investimento regular, mas não é responsável pela mudança no comportamento de investimentos irregulares.
Além disso, o estudo indica que indivíduos que já foram vítimas de pirâmides financeiras são mais propensos a investirem novamente em esquemas irregulares e de alto risco, do que aqueles que não foram vítimas. De acordo com os pesquisadores da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EBAPE), Matheus Moura e Ricardo Lopes Cardoso, uma possível explicação para essa inclinação se trata de uma determinada predisposição das vítimas em investir em esquemas de alto risco.
Outro ponto revelado pela pesquisa é que essas mesmas vítimas também demonstraram maior inclinação a convidar novos investidores a participarem destes esquemas fraudulentos, percebidos como de alto risco.
Para o inspetor Philip Silberman, da Gerência de Educação e Inclusão Financeira da CVM, a propensão a aceitar esquemas fraudulentos também pode estar relacionada à falta de conhecimento do funcionamento do mercado financeiro, bem como de parâmetros econômicos básicos. "Este desconhecimento torna o investidor propenso a acreditar em retornos irreais uma vez que lhe faltam ferramentas de comparação que ajudem seu julgamento. A solução de tal situação apenas pode ser atingida com a educação financeira maciça da população", destaca Silberman.
Participação do cidadão
A participação de investidores foi fundamental para a realização do estudo. Entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, a CVM convidou cidadãos cadastrados em sua base de Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) para participarem do experimento. Ao todo, foram recebidas 1.377 respostas válidas.
"Foram apresentados investimentos fictícios e os participantes responderam sobre a propensão a investir na oportunidade apresentada, bem como a quantidade de novos investidores que estariam dispostos a trazer para investimento", explica Portinho.
Dois dos investimentos apresentados possuíam algumas características de pirâmides financeiras com o objetivo de observar se os participantes alocados nessa manipulação teriam comportamento diferente daqueles direcionados a investimento sem essa característica.
Saiba mais
Acesse o relatório na íntegra e confira os resultados do estudo.