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SEMINÁRIO
Segundo dia de Seminário Internacional Construção Nacional Hip-Hop discute políticas públicas e fortalece a cultura periférica no Brasil
Fotos: Filipe Araújo/ MinC
Com uma programação intensa de debates e diálogos sobre o impacto da cultura Hip-Hop no Brasil, foi encerrado, neste sábado (30), o I Seminário Internacional Construção Nacional Hip-Hop, em Brasília. O evento, que contou com a presença de representantes de todas as regiões do país, buscou elaborar políticas públicas culturais inclusivas e participativas, reafirmando o papel da linguagem como uma ferramenta essencial na construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
O seminário fez parte das ações em alusão ao mês da consciência negra e ampliou a discussão sobre a potência desse movimento na formação de identidades culturais e na luta por direitos, especialmente nas periferias. Durante os dois dias de encontro, foram abordados temas como a preservação e valorização do Hip-Hop, a importância das políticas públicas para a cultura e as perspectivas de futuro para o movimento.
Karina Gama, diretora de Promoção da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC), ressaltou a emoção e a felicidade do Ministério ao dar continuidade ao compromisso iniciado em 2023.
“Estamos dando esse passo para materializar uma política pública que reconhece a importância do Hip-Hop em todas as transformações sociais e na luta contra o racismo. O Ministério da Cultura está aqui para apoiar e seguir junto nessa construção coletiva”, destacou.
Cláudia Maciel, facilitadora geral da Construção Nacional do Hip-Hop, enfatizou o papel fundamental do Seminário na abordagem dos problemas enfrentados pela população negra.
“Estamos discutindo questões importantes sob a perspectiva da raça, destacando o impacto do gênero não apenas sobre as mulheres, mas também sobre os homens negros. Falamos sobre patrimônio cultural material e a necessidade de reconhecimento do corpo e da arte, além do movimento social e político do Hip-Hop”, afirmou.
A iniciativa também trouxe à tona debates sobre o reconhecimento do Hip-Hop como patrimônio cultural imaterial. Cláudia falou ainda sobre o decreto de valorização do movimento e a criação de editais de fomento, como o de R$ 6 milhões, para apoiar a cena no Brasil.
Mais debates
Na programação, diversos painéis abordaram temas essenciais. Pela manhã, um dos destaques foi a mesa Mulherismo AfriKana, Política Pública para Homens Negros e o Hip-Hop. Com a mediação de Cláudia Maciel, a mesa abordou o papel fundamental das mulheres africanas e afrodescendentes tanto na história quanto no movimento Hip-Hop. As participantes enfatizaram que, na perspectiva pan-africana, o futuro dos povos negros depende da união de suas diásporas.
Logo depois, foi realizada a mesa Políticas Públicas para o Hip-Hop e o Papel do Ministério da Cultura, que teve como foco o impacto das políticas públicas, como a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e a Política Nacional Cultura Viva (PNCV), fundamentais para o fomento e a sustentabilidade da produção cultural no Brasil. A discussão, mediada por Karina Gama, abordou como essas políticas têm sido essenciais para promover a inclusão social e combater o racismo, ao mesmo tempo que têm incentivado o desenvolvimento cultural. Além disso, foram debatidos os desafios e oportunidades dessas políticas, com ênfase nas estratégias para garantir acesso e efetividade dos recursos em todos os níveis da sociedade.
À tarde, um painel que se destacou foi o sobre Políticas Públicas e Cultura de Base Comunitária – Ferramenta de Transformação Social. Esse debate explorou o papel das casas de Hip-Hop, batalhas de rima, slams e coletivos culturais como elementos essenciais na promoção de transformações sociais nas periferias. Com a presença de Márcia Rollemberg, Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, e Paula Stucket, do Pontão de Cultura Hip-Hop do Rio Grande do Sul, foi discutido como essas ações têm contribuído para a inclusão social e o empoderamento da juventude negra. Além disso, o painel abordou a importância do Hip-Hop como ferramenta educacional, de saúde e de transformação cultural.
O seminário também discutiu o processo de reconhecimento do Hip-Hop como patrimônio cultural imaterial, destacando a importância desse reconhecimento para fortalecer as comunidades periféricas e valorizar as expressões culturais negras.
O painel A Cultura Hip-Hop como Patrimônio Imaterial - Da Diáspora ao Gueto. De onde viemos e para onde iremos contou com a participação de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Foram abordados os aspectos técnicos e legais do processo de reconhecimento, bem como as etapas enfrentadas pelos movimentos para registrar e preservar o Hip-Hop como um patrimônio cultural imaterial. A discussão ressaltou a importância dessa ação para garantir a valorização do movimento e a preservação de suas práticas, além de apresentar o exemplo de sucesso do processo que declarou o forró como patrimônio cultural do Brasil.
Realização
O seminário foi realizado pelo MinC, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, o movimento Construção Nacional da Cultura Hip-Hop e a Universidade Federal de São Paulo. Conta com o patrocínio dos Correios e do governo federal, com o apoio do Ministério da Igualdade Racial, da Secretaria de Relações Institucionais, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Fundação Cultural Palmares (FCP) e da Petrobras.