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ENCERRAMENTO
Reflexão sobre as demandas da cultura popular marca encerramento do XVI Encontro Mestres do Mundo
Foto: Samuel Macedo
Parte da programação do XVI Encontro Mestres do Mundo, realizado no Cariri (CE), o Simpósio do Patrimônio Imaterial chegou ao fim no último sábado (7), após três dias de debates sobre as demandas das culturas populares e tradicionais do estado cearense, mas também em nível nacional e na América Latina. No total, foram sete mesas de discussões, que abordaram temas diversos como garantia de direitos dos mestres e mestras, transmissão dos saberes, notório saber, participação social, ações de fomento e economia criativa.
A importância do fortalecimento do pacto federativo entre os governos federal, distrital, estadual e municipal ganhou destaque nos diálogos. Os participantes reforçam ainda a necessidade da integração da Cultura com outras áreas.
“A gente sai desse simpósio com elementos muito importantes para a qualificação e integração das políticas no Brasil como um todo, no âmbito do Sistema Nacional de Cultura e no âmbito do Plano Nacional de Cultura, que está em processo de elaboração”, avaliou o secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC), Fabiano Piúba. Citou como exemplo o recente Acordo de Cooperação Técnica assinado com o Ministério da Educação para ampliar a inserção de mestres e mestras da cultura nas escolas públicas de tempo integral e nas universidades.
A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, lembrou ainda que o Grupo de Trabalho constituído para contribuir com a elaboração da Política Nacional para as Culturas Tradicionais e Populares está envolvendo a participação de 15 ministérios, além da sociedade civil e de pesquisadores.
“O nosso compromisso institucional é o de nos aproximarmos de outros ministérios nesse pacto federativo. Já temos conversas com o Ministério de Desenvolvimento Social, o Ministério do Trabalho e o Ministério da Saúde. Quando a gente cria o Grupo de Trabalho, discutindo essa política, também é uma maneira de dar materialidade a isso. Por fim, foi colocada nesse evento de maneira muito interessante e que a gente leva como uma diretriz para essa pactuação, a criação das redes de apoio em cada estado”, explicou Márcia Rollemberg.
A secretária de Cultura do Ceará, Luisa Cela, classificou como um dos resultados mais importantes do simpósio a definição de propostas para aperfeiçoar as políticas públicas. “As discussões que acontecem dentro do encontro precisam culminar e ter como consequência os aperfeiçoamentos das políticas públicas. Então, vai apontando para o próximo período o que a gente vai colocar nossa energia para que, no encontro seguinte, a gente tenha dado alguns passos em direção àquilo que é se se se desejou”, explicou.
Para a Mestra Carla Mara, da Comissão dos mestres(as) titulados(as) pelo Estado do Ceará, o evento possibilitou, além da celebração das manifestações culturais, a escuta das dores e dificuldades dos mestres e mestras. A expectativa é que esse processo resulte em melhorias em suas vidas e na garantia de seus direitos. “O encontro nos enche de força para que a gente possa lutar um pouco mais e perceber que para além de tudo de bom que a cultura provoca na comunidade, na sociedade e no indivíduo, ela precisa de respeito, precisa ser olhada de fato com seriedade e com responsabilidade”, afirmou a Mestra Carla. E completou: “Todos esses encontros tiveram muitos ganhos, inclusive, muito do que a gente está vivendo hoje já foi fruto de discussões passadas. Então, que a gente possa ter força para brigar por mais melhorias para que a gente possa chegar em encontros como esse e de fato ver todos os mestres e mestras mais tranquilos, com menos problemas em suas casas, com menos dificuldade de fomentar sua arte. É isso que a gente espera enquanto mestre e mestra da cultura”.
O Encontro Mestres do Mundo foi realizado pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Mirante de Arte e Cultura. Entre os dias 5 e 7 de dezembro, o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, localizado no Crato, sediou mais de 30 atividades gratuitas de valorização e reconhecimento das manifestações e expressões da cultura popular cearense. O público teve a oportunidade de conhecer e se aproximar das vivências de mestres e mestras da cultura, comunidades tradicionais, culturas indígenas e afro-brasileiras.
Nesta edição, o encontro também possibilitou um amplo debate sobre as culturas tradicionais e populares, com a inclusão na programação do Simpósio de Patrimônio Imaterial: O lugar das culturas tradicionais e populares e da cultura viva nas políticas públicas, organizado com o Ministério da Cultura.
"O encontro se destacou como um espaço vital para o diálogo e a reflexão sobre as culturas tradicionais e populares. Possibilitou um amplo debate sobre a importância dessas expressões culturais no contexto social e histórico das políticas públicas. Este simpósio não apenas reafirma o compromisso do nosso governo com a valorização das culturas tradicionais e populares, mas também promove a interação entre mestras (es) comunidades, povos tradicionais e formuladores de políticas, fortalecendo a presença das vozes e dos conhecimentos tradicionais na construção da Política Nacional das Culturas Tradicionais e Populares. Estamos empenhados em garantir que as culturas populares ocupem o lugar de destaque que merecem, contribuindo para uma compreensão alargada sobre s diversidade cultural", avaliou Tião Soares, diretor de Promoção das Culturas Populares.