AKUÃ PATAXÓ
RAP
(entrevista de Mirna Kambeba)

Akuã: Olá, parentes! Olá, geral que está acompanhando a revista. Eu me chamo Acuã Pataxó, sou cantor de Hip-Hop indígena, do povo Pataxó, cantando na língua materna Paxorã, que é a língua do nosso povo.

Para mim é alegria poder estar fazendo essa entrevista para a revista Pihhy. Vamos somar forças para que nosso trabalho só prolifere cada dia mais e a gente possa alcançar lugares ainda não alcançados e mentes ainda não ocupadas.

Mirna: O que inspira você a fazer a sua música?

Akuã: Olha, com certeza, as crianças. Em primeiro lugar, porque é o futuro e a gente precisa cuidar do futuro. Cuidando das nossas crianças e ensinando elas, desde agora, como cuidar, como não jogar lixo no chão.

O que me inspira é isso, a natureza, é o nosso planeta, os corações. Quem ainda tem a mente realmente fechada, em relação a essa importância de preservação, essa importância de cuidado.

Irrna: E por que o rap?

Acuã: Porque o rap é uma linguagem atualizada, onde eu posso estar trazendo a linguagem ancestral, para um ritmo atualizado que fala para as pessoas, que está em ascensão. Fica mais fácil a gente poder alcançar um público específico. Eu gosto do rap por conta da luta do rap, do objetivo de luta, da importância ali nessa luta do povo negro, do povo indígena. O rap é vida, é tudo para mim!

Mirna: A revista Pihhy é de autoria indígena. Você acha que é importante ter uma revista que seja especificamente de autoria indígena?

Akuã: Olha, eu acho surreal, porque, assim, abre espaço para mostrar a cultura do nosso povo, mostra a diversidade. Então, só soma.

Só acrescenta!

Muito importante essa revista indígena. A gente, só tem a crescer mais, porque fica fácil também de trabalhar por conta desse povo, dessa beleza.

Mirna: Um sonho?

Akuã: Um sonho... poder cantar no Rock in Rio, eu diria, sabe? Trajadão, daquele jeito, e arrepiar, todo mundo com Hip-Hop de verdade.

Olha assim, sem caixinha, sem nada. Mas vamos lá.
Eu cantaria também assim:

Olha onde está, o indígena venceu.
Olha o indígena falando de amor,
Olha o indígena, portando um iPhone.
Será que foi a Funai que mandou?
Essa daqui eu escrevo para aqueles
que pensam que nós somos bicho do mato.
Deixa eu provar a essência do perfume.
Não, não, não condiz com o frasco.
Com esse cabelo tu não é indígena.
Um índio, um negro, nunca ouvi falar.
Estude um pouco mais sobre a história,
miscigenação, já ouviu falar?
É isso!

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