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Caso não tenhamos os cuidados ou caso não se siga as regras, pode-se sofrer as consequências, segundo a epistemologia Kawaiwete. Os espíritos podem fazer mal.
No período de reclusão também há regras, não se deve comer qualquer tipo de alimento, tem que seguir a orientação dos anciões, avós e os pais. Na primeira menstruação da menina, por exemplo, ela deve contar para mãe e a mãe fica responsável por cuidá-la.
Nesta fase, é o período importantíssimo para o processo de educar para vida. É um processo de aprender muitas coisas sobre a cultura do seu povo.
O homem também tem a mesma regra de alimentação, quando passa a fase de criança para a fase de adolescente. Nesta fase os pais e avós são fundamentais para transmitir os conhecimentos, ensinar as técnicas indígenas adquiridas nesta fase para se preparar para a vida adulta.
O homem vai aprender a caçar, pescar, confecção de artefatos, respeito às famílias, entender o grau de parentesco e os cuidados para o bem-estar da saúde e do corpo.
O povo Kayabi Kawaiwete tem população de 4.000 mil pessoas aproximadamente, distribuídos em 54 aldeias no Território Indígena do Xingu – MT.
Há 30 anos a comunidade Kawaiwete não tinha muito acesso às cidades vizinhas. Nessa época o acesso era bem raro e a entrada de alimentos transgênicos era bem difícil de se ver na comunidade Kawaiwete.
Nos alimentavam de frutas silvestres, de caça, de peixe e mel. Não existia nenhum subsídio do governo em nossa comunidade, por exemplo, não existiam pessoas contratadas na educação, saúde, com Bolsa Família, aposentadoria e salário maternidade.
Com o passar do tempo foram acontecendo mudanças e os hábitos alimentares também mudaram. Hoje, atualmente, tem os profissionais contratados nas aldeias, também temos os beneficiários que hoje recebem auxílio de bolsa família, aposentadoria e salário maternidade, brigadista indígena e outros.
Essas pessoas trazem mais os alimentos industrializados para a aldeia e junto desses produtos vem as embalagens, que acabam gerando lixo em nossas aldeias. Isso tudo está acontecendo com a chegada de estrada nos limites do território e com oaumento de municípios no entorno do Território do Xingu.
Apesar de tudo que foi dito, os Kayabi/Kawaiwete ainda consomem seus produtos tradicionais, como, por exemplo, os produtos da roça, peixes e animais comestíveis e usam, ainda, remédios tradicionais para o tratamento de pacientes.
Nesta percepção há entrada dos alimentos industrializados, como café, açúcar, arroz, macarrão, feijão, óleo de soja, refrigerante, salgadinho, balinha etc. Isso prejudica e está prejudicando a saúde dentro do povo Kayabi/Kawaiwete, trazendo uma série de preocupação para o povo Kayabi ⁄ Kawaiwete.
Tudo isso está acontecendo por causa de consumo excessivo de alimento altamente processado, causando doença crônica nas comunidades, como diabete, hipertensão. Além de tudo, tem comércio na aldeia Kawaiwete. Isso pode ainda prejudicar mais a saúde do nosso povo.
Para isso, nós, acadêmicos, e os agentes indígenas de Saúde, não podemos estar apenas assistindo o nosso povo morrendo sem perceber o que está acontecendo. É inaceitável ver a vulnerabilidade da saúde, da nossa família.
Precisamos fazer algumas ações para discutir em nossa comunidade o tema e a relação entre o corpo e a saúde, envolvendo o epistemicídio e o adoecimento precoce do nosso corpo por causa do consumo de alimentos de fora.