MULHERES DO VENTO FLORIDO
MUJERES DEL VIENTO FLORIDO
ENTREVISTA COM A MAESTRA E EDUCADORA LETY GALLARDO
(por Alexandre Herbetta/Revista Pihhy)
A entrevista apresentada a seguir na revista semente, com a incrível diretora musical e professora Leticia Gallardo Martínez (Lety Gallardo), foi realizada em duas ocasiões, nos meses de agosto e novembro de 2021, em grandes conversas registradas, a primeira, virtualmente, desde o Brasil, por conta da pandemia de Covid-19. A segunda em sua casa, na comunidade de Tlahuitoltepec, região indígena mixe, de Oaxaca, no México.
As conversas partem do importante projeto musical feminino, criado em 2006 e dirigido pela maestra, Mulheres do Vento Florido, nome que se inspira no sentido do termo ayuuk, língua falada pelo povo Mixe, e significa “palavra florida”.
A banda é composta por dezenas de mulheres indígenas da região, que passam, desde crianças, por formação em música. E se apresentam regularmente em todo território nacional, promovendo, igualmente, espetáculos com outros importantes nomes da música tradicional mexicana.
É certamente uma das primeiras bandas que rompem com a predominância masculina nas tradicionais bandas oaxaquenhas, estado mexicano conhecido por sua ampla tradição musical.
O trecho das conversas apresentado a seguir trata especialmente da experiência educativa, local e musical, na qual a atuação da maestra Lety se destacou também em um importante projeto de educação intercultural coordenado pela/o docentes Maria Bertely e Stefano Sartorello, intitulado Milpas Educativas: Laboratórios Socionaturales para el Buen Vivir.
A musicalidade tradicional desta comunidade Mixe, criada e recriada ao longo de séculos, eixo da cultura local, é praticada em uma perspectiva epistemológica, na qual constitui relações, codifica saberes e representa identidades.
Escutar, vivenciar e aprender com as Mulheres do Vento Florido é também falar de interculturalidade e descolonização.
Alexandre Herbetta: Maestra Lety, obrigado pela oportunidade. É uma honra poder conversar com você e aprender da linda e importante experiência de Mulheres do Vento Florido. A experiência musical de vocês está também presente nas escolas indígenas Mixe?
Lety Gallardo: Não, o que trabalho na escola primária é apenas isto, criar canções como as que ensinei em Chiapas (outro estado mexicano), que criei canções. E estou acompanhando um pouco os conteúdos, as festas importantes e os eventos importantes na comunidade, como o Dia dos Mortos. Não há ainda material didático na língua ou outra coisa qualquer. Por isso, se não há, fazemos nós próprias. Quero canções para as crianças e canto-as na sala de aula com elas, ao mesmo tempo, trabalho os conteúdos, e estou a ensiná-las a ler na língua deles. Elas aprendem a ortografia, reconhecem a estrutura de como escrever mixe, como falar. Portanto, muitas coisas estão implícitas.
Alexandre Herbetta: Como é a formação do/a professor/a indígena no México? Como se dá o sistema de educação indígena no país? E as políticas linguísticas?
Lety Gallardo: Aqui, a maioria das crianças falam a língua materna. As aulas são em espanhol e em mixe. Eu uso muito o mixe porque falo ele para fazer entender o conteúdo. É sempre usado como uma ponte para fazer, mas eu também dedico um tempo específico para ensinar realmente o que é o (idioma) mixe, a estrutura dele, como ele é composto e tudo isso. Tem muita coisa pra trabalhar. Minha escola é a primária (como o Ensino Fundamental 1), dos 6 aos 12 anos. No meu caso, eu tenho um grupo de alunos do 4º ano. Nem todos os professores falam mixe. Há alguns que vêm da cidade e não mostram interesse. E é aí que digo que dentro do próprio subsistema (de educação escolar indígena) há esses problemas. Não são todos. Eu fui para a Universidade Pedagógica Nacional (UPN). Fiz o curso de licenciatura em educação indígena. Acho que há uma em cada estado. Principalmente na UPN ou numa escola intercultural. Mas a escola normal é mais para as escolas primárias e secundárias em geral. Eu falo, assim, do nosso sistema de educação indígena porque é uma norma intercultural. Mas isso tem sido como a luta de muitos anos, que precisamos de uma (escola) normal para os povos nativos e foi quando foi criado. Os professores são, de certa forma, o sindicato mais organizado. Devido à organização, temos conseguido isso, temos feito marchas e manifestações.
Alexandre Herbetta: Ouvi falar em muitos momentos da luta dos professores em Oaxaca, que é muito, muito forte.
Lety Gallardo: Forte, e também muito incisiva, não nos deixam escapar muitas coisas, mas por quê? Porque a mídia também faz o seu trabalho de desinformação e porque são eles que têm cobertura. Aha. Agora, com o novo presidente, as coisas estão um pouco melhor. Quer dizer, muitos professores já morreram por causa dessa luta. Muitos desapareceram. Muitos. Até agora, os nossos camaradas. Não foi feita justiça para todos os que morreram, para todos os que desapareceram. Houve um custo. É por isso que digo, tem sido muito lento, mas tivemos de viver tudo isso. Quero dizer, fomos para o México (Cidade do México, capital do país) e eles nos maltrataram muito. Estive lá muitas vezes quando nos magoaram ou nos jogaram gás. Foi horrível. Mas só assim, porque o governo anterior era ruim. O presidente está de certa forma mais calmo e melhor. O que este presidente faz agora, em todos os anos que eu trabalhei aqui, nós nunca recebemos apoios. O que este presidente fez foi criar um programa especial para as escolas. Ah, e está tendo recursos. E está sendo administrado diretamente por uma comissão de pais da comunidade escolar. Em todas as escolas, em todas as escolas.
Alexandre Herbetta: Quantas escolas vocês têm aqui em Tlahuitoltepec?
Lety Gallardo: Aqui temos cerca de 30. No centro da comunidade. Mas tem dez rancherias, Aha, núcleos. E nesses núcleos também têm pré-escolar, primária, secundária. Então é por isso que tem muitas escolas. Tem também uma universidade Intercultural, que é autonoma. Foi criada recentemente. Se chama Unicen. Há um membro da banda Vento Florido que dá aulas lá. Há, também, a escola de música, e por aí afora.
Alexandre Herbetta: A escola de música tem uma formação paralela?
Lety Gallardo: Sim, você pode fazer o bacharelato (formação em educação básica) e à tarde frequentar a escola de música. Não se pode dedicar totalmente à música. É preciso fazer o ensino primário ou secundário. Se já tem, pode se dedicar integralmente à música. São cerca de 300 estudantes de várias regiões que vivem lá. Tem muitos, muitos, muitos de outras cidades que vêm para essa escola de música aqui. É por isso que Tlahui é muito conhecida. Porque muitos vêm estudar, vem viver aqui. Foi aí que tive as minhas aulas. Foi lá que tive a minha formação musical. Muitos de nós fomos formados lá. Estive lá até 2005, desde os anos 80. Aha. Até 2005 mais ou menos. Depois fui professora e diretora lá. E depois acabei por sair e fui para a escola primária. O Cecam existe há 40 anos. Já está em andamento há 40 anos. Neste momento, acho que o governo federal está apoiando, mas foi muito tempo de autonomia, ahhhhh, muito tempo de tequio (trabalho comunitário). Eu dei muito tequio lá porque os professores não eram bem pagos. Então foi a comunidade que fez isso crescer. E ainda é muito conhecido porque há muitos jovens da minha geração, de outras gerações, que foram formados no Cecam. O meu filho tem aulas nas duas escolas. E no final, quando ele terminar, ele vai ter um documento dizendo que ele terminou o ensino médio, mas também terminou a escola de música. A minha filha estudou lá. Depois fez o exame da Unam no México. Ela está na Escola de Música da Unam.
Alexandre Herbetta: Eu assisti à apresentação de parte das mulheres do Vento Florido com o grupo musical holandês Snow Apple. Foi muito bom e foi muito, muito gostoso ver as mulheres de sua banda participando. É uma música pop internacional. Como se dá a relação da música mixe, da música oaxaquenha e da música internacional?
Lety Gallardo: Nós estudamos, sobretudo, a música tradicional de Oaxaca. É mais música de banda. Sim, muitos zapotecas também, também. Eu posso tocar um compositor zapoteca ou os zapotecas podem tocar música mixe e não acontece nada. Na maioria dos povoados há música originária. Nas comunidades zapotecas há chirimia (instrumento musical de sopro mexicano). Aqui é mais instrumento de vento. Lá os zapotecas têm sempre a chirimía. E nós também. É mais uma flauta e um tambor, nada mais. Os povos Mixe têm há muito tempo. Nós éramos marginalizados. Éramos muito, muito pobres. Muito, muito, muito pobres, porque a terra não era fértil. Estamos nas montanhas e os zapotecas (nos) vales, onde havia mais produção de fruta, café, milho.
Alexandre Herbetta: Há bastante migração desde Tlahuitoltepec? As pessoas saem para estudar, trabalhar? Para onde vão?
Lety Gallardo: Vão para universidades, para Oaxaca, para a Cidade do México ou em Chapingo que é uma universidade de engenharia no México (Cidade do México) também. Migração para o México (Cidade do México), para os Estados Unidos. Para trabalhar também, mas é mais para ir estudar. Quando estudam, voltam para a sua comunidade. Aqui tem muito movimento. Muitas vezes os táxis saem o tempo todo. Eles chegam. Muita gente sai. Tem muito movimento aqui. A toda a hora. Na festa enche, enche muito. Tem umas cinco ou seis bandas que fazem uma festa por cinco dias seguidos. A gente brinca cinco dias. Em agosto e em dezembro, 12 de dezembro. Talvez no ano que vem comece. Depende muito da evolução da pandemia. Teme-se que, com as reuniões de família que estão a ter lugar agora, por causa do Dia dos Mortos, pode haver vários casos.
Alexandre Herbetta: Agradeço muito por me receber, maestra.
Lety Gallardo: Aceita um café. Coma um tamale (comida tradicional mexicana). Leve uma fruta, maçã ou banana.
En español
MUJERES DEL VIENTO FLORIDO
ENTREVISTA CON LA MAESTRA Y EDUCADORA LETY GALLARDO (por Alexandre Herbetta/Revista Pihhy)
La entrevista que se presenta a continuación en la revista Semente, con la increíble maestra, directora musical y profesora Lety Gallardo, se realizó en dos ocasiones, en los meses de agosto y noviembre de 2021, en grandes conversaciones registradas, la primera virtualmente, desde Brasil, por la pandemia de Covid-19, y la segunda en su casa, en la comunidad de Tlahuitoltepec, región indígena mixe, de Oaxaca, en México.
Las conversaciones parten del importante proyecto musical femenino, creado en 2006 y dirigido por la maestra, Mujeres del Viento Florido, nombre que se inspira en el significado del término ayuuk, lengua hablada por el pueblo originario, y que significa “palabra florida”. La banda está compuesta por decenas de mujeres indígenas de la región, quienes desde niñas reciben formación en música y se presentan regularmente en todo el territorio nacional, promoviendo, igualmente, espectáculos con otros importantes nombres de la música tradicional mexicana.
Es, sin duda, una de las primeras bandas que rompen con la predominancia masculina en las tradicionales bandas oaxaqueñas, estado mexicano conocido por su amplia tradición musical.
El extracto de las conversaciones que se presenta a continuación trata especialmente de la experiencia educativa, local y musical, en la cual la actuación de la maestra Lety también se destacó en un importante proyecto de educación intercultural coordinado por los docentes Maria Bertely y Stefano Sartorello, titulado Milpas Educativas: Laboratorios Socionaturales para el Buen Vivir.
En este sentido, la musicalidad tradicional de esta comunidad Mixe, creada y recreada a lo largo de siglos, eje de la cultura local, se practica desde una perspectiva epistemológica, en la cual se constituyen relaciones, se codifican saberes y se representan identidades.
Escuchar, vivir y aprender con las Mujeres del Viento Florido es también hablar de interculturalidad y descolonización.
Alexandre Herbetta: Maestra Leti, gracias por la oportunidad. Es un honor poder conversar con usted y aprender de la linda e importante experiencia de Mujeres del Viento Florido. ¿La experiencia musical de ustedes también está presente en las escuelas indígenas Mixe?
Lety Gallardo: No, lo que trabajo en la escuela primaria es solo esto, crear canciones como las que enseñé en Chiapas, que creé canciones, y estoy siguiendo un poco los contenidos, las fiestas importantes y los eventos importantes en la comunidad, como el Día de los Muertos. No hay aún material didáctico en la lengua o cualquier otra cosa. Por eso, si no hay, lo hacemos nosotros mismos. Quiero canciones para los niños y las canto en el aula con ellos, al mismo tiempo trabajo los contenidos, pero al mismo tiempo les estoy enseñando a leer en su lengua. Aprenden la ortografía, reconocen la estructura de cómo escribir mixe, cómo hablar. Por lo tanto, muchas cosas están implícitas.
Alexandre Herbetta: ¿Cómo es la formación del/a maestro/a indígena en México? ¿Cómo se da el sistema de educación indígena en el país? ¿Y las políticas lingüísticas?
Lety Gallardo: La mayor parte de los niños hablan la lengua materna. Las clases son en español y en mixe. Uso mucho el mixe porque lo hablo para hacer entender el contenido, siempre se usa como un puente, pero también dedico un tiempo específico para enseñar realmente lo que es el mixe, su estructura, cómo se compone y todo eso. Hay muchas cosas por trabajar. Mi escuela es primaria, de 6 a 12 años. En mi caso, tengo un grupo de alumnos de 4º año. No todos los maestros hablan mixe. Hay algunos que vienen de la ciudad y no muestran interés. Y es ahí donde digo que dentro del propio subsistema (de educación escolar indígena) hay esos problemas. No son todos. Yo fui a la Universidad Pedagógica Nacional (UPN). Hice el curso de licenciatura en educación indígena. Creo que hay una en cada estado. Principalmente en la UPN o en una escuela intercultural. Pero la escuela normal es más para las escuelas primarias y secundarias en general. Hablo, así, para nuestro sistema de educación indígena porque es una normal intercultural. Pero eso ha sido como la lucha de muchos años que necesitamos una normal para los pueblos nativos y fue cuando se creó. Los maestros son, de cierta forma, el sindicato más organizado y, debido a la organización, hemos conseguido eso, hemos hecho marchas y manifestaciones.
Alexandre Herbetta: He oído hablar muchas veces de la lucha de los maestros en Oaxaca, que es muy, muy fuerte.
Lety Gallardo: Fuerte, y también muy incisiva, no nos dejan escapar muchas cosas, pero ¿por qué? Porque los medios también hacen su trabajo de desinformación y porque son ellos los que tienen cobertura. Aha. Ahora, con el nuevo presidente, las cosas están un poco mejor. Quiero decir, muchos maestros ya murieron por causa de esa lucha. Muchos desaparecieron, muchos. Hasta ahora nuestros camaradas. No se ha hecho justicia para todos los que murieron, para todos los que desaparecieron. Hubo un costo. Es por eso que digo, ha sido muy lento, pero tuvimos que vivir todo eso. Quiero decir, fuimos a México (Ciudad de México) y nos maltrataron mucho. Estuve allí muchas veces cuando nos lastimaron o nos echaron gas. Fue horrible. Pero solo así, porque el gobierno anterior era malo. El presidente está de cierta forma más calmado y mejor. Lo que este presidente hace ahora, en todos los años que trabajé aquí, nunca recibimos apoyos. Lo que este presidente hizo fue crear un programa especial para las escuelas. Ah, y están teniendo recursos y están siendo administrados directamente por una comisión de padres de la comunidad escolar. En todas las escuelas, en todas las escuelas.
Alexandre Herbetta: ¿Cuántas escuelas tienen aquí en Tlahuitoltepec?
Lety Gallardo: Aquí tenemos cerca de 30. En el centro de la comunidad. Pero hay diez rancherías, Aha, núcleos. Y en esos núcleos también tienen preescolar, primaria, secundaria. Entonces es por eso que hay muchas escuelas. Hay también una universidad intercultural, que es autónoma. Fue creada recientemente. Se llama Unicen. Hay un, un miembro de la banda Viento Florido que da clases allí. Hay, también, la escuela de música y demás.
Alexandre Herbetta: ¿La escuela de música tiene una formación paralela?
Lety Gallardo: Sí, puedes hacer el bachillerato (formación en educación básica) y por la tarde asistir a la escuela de música. No se puede dedicar totalmente a la música. Es necesario hacer la primaria o secundaria. Si ya tienes, puedes dedicarte plenamente a la música. Son cerca de 300 estudiantes de varias regiones que viven allí. Hay muchos, muchos, muchos de otras ciudades que vienen a esta escuela de música aquí. Es por eso que Tlahui es muy conocida, porque muchos vienen a estudiar. Vienen a vivir aquí. Fue allí donde tuve mis clases. Fue allí donde tuve mi formación musical. Muchos de nosotros fuimos formados allí. Estuve allí hasta 2005, desde los años 80. Aha. Hasta 2005 más o menos. Después fui maestra y directora allí, y luego terminé yendo a la escuela primaria. El CECAM existe hace 40 años. Ya está en marcha hace 40 años. En este momento, creo que el gobierno federal está apoyando, pero fue mucho tiempo de autonomía, ahhhhh, mucho tiempo de tequio (trabajo comunitario). Yo di mucho tequio allí porque los maestros no eran bien pagados. Entonces fue la comunidad la que hizo crecer eso. Y todavía es muy conocida porque hay muchos jóvenes de mi generación, de otras generaciones, que fueron formados en el CECAM. Mi hijo toma clases en ambas escuelas. Y al final, cuando termine, tendrá un documento diciendo que terminó la secundaria, pero también terminó la escuela de música. Mi hija estudió allí. Luego hizo el examen de la UNAM en México. Está en la Escuela de Música de la UNAM.
Alexandre Herbetta: Asistí a la presentación de parte de las mujeres del Viento Florido con el grupo musical holandés Snow Apple. Fue muy bueno y fue muy, muy agradable ver a las mujeres de su banda participando. Es una música pop internacional. ¿Cómo se da la relación de la música mixe, de la música oaxaqueña y de la música internacional?
Lety Gallardo: Estudiamos, sobre todo, la música tradicional de Oaxaca. Es más música de banda. Sí, muchos zapotecas también, también. Y yo también. Y yo puedo tocar un compositor zapoteca o los zapotecas pueden tocar música mixe y no pasa nada. En la mayoría de los pueblos hay música originaria. En las comunidades zapotecas hay chirimía. Aquí es más instrumento de viento. Allí los zapotecas tienen siempre la chirimía. Y nosotros también. Es más una flauta y un tambor, nada más. Los pueblos Mixe tienen desde hace mucho tiempo. Éramos marginados. Éramos muy, muy pobres. Muy, muy, muy, muy, muy, muy pobres, porque la tierra no era fértil. Estamos en las montañas y los zapotecas en los valles, donde había más producción de fruta, café, maíz.
Alexandre Herbetta: ¿Hay bastante migración desde Tlahuitoltepec? ¿La gente sale para estudiar, trabajar? ¿A dónde van?
Lety Gallardo: Van a universidades, a Oaxaca, a la Ciudad de México o en Chapingo que es una universidad de ingeniería en México también. Migración a México (Ciudad de México), a los Estados Unidos. Para trabajar también, pero es más para ir a estudiar. Cuando estudian, regresan a su comunidad. Aquí hay mucho movimiento. Muchas veces los taxis salen todo el tiempo, ellos llegan, mucha gente sale, hay mucho movimiento aquí. Todo el tiempo. En la fiesta se llena, se llena mucho. Hay unas cinco o seis bandas que hacen una fiesta por cinco días seguidos. La gente festeja cinco días. En agosto y en diciembre, 12 de diciembre. Tal vez el año que viene empiece. Depende mucho de la evolución de la pandemia. Se teme que, con las reuniones familiares que están teniendo lugar ahora por el Día de los Muertos, pueda haber varios casos.
Alexandre Herbetta: Agradezco mucho por recibirme, maestra.
Lety Gallardo: Acepta un café. Come un tamal. Lleva una fruta, manzana o plátano.