Dilemas da tradução
(Revista Pihhy)
“Pihhy é a música. É cultura, língua, é a história. É a pintura corporal. Pihhy é o sol e a lua, é a terra e a chuva. Pihhy é a saúde e a educação. É nossa organização. É respeito e o nosso direito. É a natureza e a água. É o conhecimento do lugar. Pihhy é comunicação. É milenar. Pihhy é a semente de origem indígena”. Gregório Huhte Krahô
A Revista Pihhy é vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil (MinC), ao Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena (NTFSI), da Universidade Federal de Goiás (UFG), e ao Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos (CEALC) da Universidade da Califórnia (UC), Berkeley, Estados Unidos. Recentemente, foi realizado um webnário (seminário online) no qual foram tratados temas como os desafios e dilemas da tradução.
Este webnário foi coordenado por Natália Brizuela, diretora do CEALC; e contou com as participações dos professores e coordenadores da Pihhy, Alexandre Herbetta, Gilson Tenywaawy Tapirapé; do curador indígena Gregório Huhte Krahô e da equipe de tradutores da instituição estrangeira.
Ele é parte, igualmente, de parceria da revista semente com a instituição que busca traduzir para o inglês reflexões de intelectuais indígenas brasileiros, fazendo tais saberes circularem em outros territórios. Um exemplo é o texto do professor e intelectual Bruno Kaingang, uma grande referência na área da interculturalidade. Este material já está disponível em inglês e, agora, o texto da professora, liderança e intelectual Célia Tupinambá, está disponível nesta edição da revista.
A noção de tradução é entendida num sentido amplo, envolvendo a versão de textos de intelectuais indígenas brasileiros para a língua inglesa, como se faz na parceria entre as instituições mencionadas. Também para outras línguas, como o espanhol. Da mesma forma, o sentido envolve a complexidade presente no processo de tradução interepistêmico, ou seja, entre distintas epistemologias. A tradução é também pensada desde sua complexidade, limites e possibilidades.
A Revista Pihhy tem a tradução como centro de seu trabalho, ao buscar registrar e disponibilizar conhecimentos e práticas de distintas epistemologias, em diversos idiomas e linguagens. É um movimento contra colonial, de disponibilizar saberes duramente atacados no processo de colonização no Brasil, em outros países da América Latina e do mundo
Para o intelectual Gregório Huhte Krahô, o sentido mesmo de ‘pihhy’, traduzido normalmente como semente, apresenta grande complexidade, representando desde a perspectiva mehi, muito mais do que a noção, vista desde um viés ocidental. Traduzir é, portanto, um processo possível, porém limitado. É um processo de diálogo entre epistemologias, que necessitam de deslocamentos, até mesmo, estéticos, para a comunicação.
Não deixe de assistir ao webnário e de conhecer a revista semente!