"Essa música fala do nosso dia aqui na comunidade. O macaco tá com sede para beber água. E aí na faculdade nós pensamos assim: Estamos com sede. Sede da justiça, sede da demarcação, sede da garantia de Direito, sede de proteção territorial. De estar na faculdade. E por aí adiante. Esse é o sentido dessa música”.
Sonoridades e vibrações Yudjá
Daniel Yudjá, músico e intelectual indígena, nasceu na aldeia Krokamuro do povo Kayapó, passando sua infância no Pará. Já maior, foi para Mato Grosso, para a aldeia Tuba Tuba, do povo Yudjá, onde se identificou com a musicalidade de seu povo.
Chamou sua atenção a complexidade das flautas e toda a prática musical que observava e experimentava.
Quando foi estudar na universidade, no Curso de Educação Intercultural, do Núcleo Takinahaky, da Universidade Federal de Goiás, se tornou um pesquisador das flautas Yudjá.Quando. Chegou em Goiânia, era o único Juruna e optou estudar na matriz curricular das Ciências da Natureza. Atualmente, há muitos estudantes do Xingu.
Para Daniel, sempre foi importante aprender com os mestres musicais e compartilhar seu conhecimento.
Em Goiânia, já egresso, participou de aulas e alguns eventos, com destaque para o evento "Encontro de Saberes na UFG", compartilhando parte de seus saberes com a comunidade universitária, transformando momentaneamente os modos de ensino e aprendizagem na academia.
Yudjá ensinou parte de seu conhecimento musical, por meio de afetos, falas e vibrações. Foi como uma aula magna!
Ele é, também, compositor, recebendo orientação dos encantados para a composição.
Daniel nos apresenta aqui dois exemplos da musicalidade de seu povo:
A música 1, Perumãka Pïza itãtanû (O macaco está com sede para beber água), o faz pensar na ânsia de justiça, respeito e participação que vê em seus parentes.
A outra música 2, Pïza itãtanû, se refere aos caminhos possíveis para o conhecimento. Isto o faz pensar na necessidade de pegar a caneta do conhecimento e na potência que há na formação acadêmica.
"O pessoal não indígena vai atrás de nós, achando que estamos perdidos e vai nos encontrar em todos os espaços da sociedade. A universidade vai nos ajudar a assumirmos posições como advogado, músico, professor".