Descanso das Guerreiras
Mirna Kambeba
Assista abaixo a performance de Mirna Kambeba baseada em sua trajetória sobre a luta de guerreiras indígenas no mundo contemporâneo e a necessidade, igualmente, de descanso.
Yané Kérupe
Mirna Kambeba Omágua Yetê Anaquiri
Nós sonhamos levantar o facão do amor e do cuidado, mesmo estando em guerra. Pela vida das mulheres indígenas!
A construção desta obra é inspirada na coragem dos povos originários e das comunidades quilombolas que resistem em defesa da demarcação e da proteção de seus territórios. O facão, ferramenta de combate, objeto e símbolo importante em diferentes tradições culturais do Brasil, também servirá para abrir caminhos, para sonhar e vivenciar o amor em coletivo.
Este trabalho também é muito influenciado por Tuíra, mulher pertencente ao povo Mebêngôkre, conhecido popularmente como Kayapó. Diante da ameaça da construção da hidroelétrica Belo Monte, no Rio Xingu, ela levantou seu facão para o engenheiro chefe do projeto, passou a lâmina em seu rosto e disse: “A eletricidade não vai nos dar nossa comida. Precisamos que nossos rios fluam livremente. O nosso futuro depende disso. Nós não precisamos de sua represa”. Isso aconteceu em 1989, Tuíra vem influenciando gerações.
Uma outra referência importante na construção dessa performance é a artista e professora indígena Arissana Pataxó, que também, utiliza o facão como suporte para construir uma escultura e pergunta na lâmina do facão: “O que é ser índio pra você?”.
Essa obra me provoca e me desperta o olhar para perceber que é necessário estar atenta para responder essa pergunta, com a proteção da ancestralidade, com muita coragem, resistência e criatividade.
O terçado, como minha família chama o facão, traz essa força e a performance instalação, abre caminhos para sonhar e vivenciar o carinho, a alegria, o bem viver, o afroafeto, a coragem para o amor, celebração e a retomada.
Acredito na potência do descanso das guerreiras, para fortalecer a luta.
Yané Keupi, recebeu o prêmio Estímulo Fargo (2022) como instalação exposta e participou da websérie “Das margens ao centro” (2022) como performance.
Mirna Kambeba Omágua Yetê Anaquiri, pertence aos povos originários do Brasil, Kambeba Omágua do Amazonas. Uma aprendiz das águas, das artes e da vida.
ANAQUIRI é integrante da Coletiva de Mulheres Indígenas e Negras Quilombolas, é artista visual, performer, atriz e arte educadora. É ativista do movimento indígena, que luta por uma educação antirracista.
Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual -FAV/UFG.
Mirna kambeba Omágua-Yetê Anaquiri - Currículo Lattes