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Volta de políticas públicas que integram cultura e educação marca abertura do Seminário Aprender para Construir
Foto: Filipe Araújo/MinC
Cultura e educação: Eis aí a solução. Esse foi o refrão repetido por um público de mais de duzentas pessoas, a pedido da atriz e escritora Cristiane Sobral. Ela e o rapper, Madin, foram responsáveis pela performance que abriu o Seminário Nacional de Cultura e Educação – Aprender para Construir, realizado pelos Ministérios da Cultura (MinC) e da Educação (MEC). O evento foi lançado na manhã desta quarta-feira, (14/6), no Memorial Darcy Ribeiro (Beijódromo), na Universidade de Brasília (UnB) e segue até a sexta-feira (16), no Hotel Planalto Bittar.
Em seu discurso, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, disse que o seminário representa um primeiro e fundamental movimento para que novas oportunidades possam florescer a partir da aliança entre cultura e educação. “Sabemos que esses dois eixos são vitais para a formação humana, para a democracia, para a promoção da cidadania, para a sociedade que queremos construir, mais juntas e com mais oportunidades para todos”, disse.
De acordo com ela, a meta mais urgente a partir da realização do seminário é reorganizar muitos dos temas que precisam ser debatidos com seriedade entre os ministérios e a sociedade de forma geral, de maneira a integrar o retorno das políticas culturais com a educação. “Temos aqui o compromisso de pensar a formação artística e cultural em suas diferentes linguagens e contextos. Para isso, o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação, devem desenhar uma política capaz de responder ao desafio de uma formação plena, que contemple tanto os saberes escolares quanto os ancestrais, que conecte a racionalidade e os afetos, a precisão e a beleza, o conhecimento científico e a arte’, destacou a ministra.
O objetivo do evento é debater a construção de políticas públicas intersetoriais que destaquem a integração entre arte, cultura e educação, com foco na interface entre os Planos Nacionais de Cultura, de Educação e de Livro e Leitura, dando relevo às políticas de formação artístico-cultural e à democratização do acesso ao livro e formação de leitores.
Contribuição
A secretária-executiva do MEC, Izolda Cela, representando o ministro Camilo Santana, disse considerar que “o que nos move, o que nos traz aqui é algo da maior relevância que é nós construirmos processos para articular e trazer para os espaços de educação, a arte e cultura. “A nossa formação pessoal fica melhor quando desenvolvemos canais de apreciação da arte. Isso movimenta o melhor da nossa humanidade, expande as nossas subjetividades. O comando do ministro é de articulação, é de que possamos cada vez mais estabelecer esse processo, de forma orgânica. Fazer acontecer é exigente. Temos que encontrar caminhos e vamos encontrá-los. Daqui, teremos encaminhamentos ricos para iluminar nossa caminhada”, afirmou.
Integração
Também participaram da mesa de abertura, o secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba; a reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abraão; e os secretários de Educação Básica, Katia Schweickardt e de Educação Profissional e Tecnológica, Getúlio Marques Ferreira, do MEC.
Ao recitar a letra de "A Linha e o Linho" (é a sua vida que eu quero bordar na minha/como se eu fosse o pano e você fosse a linha), composição de Gilberto Gil, Fabiano Piúba associou o poema à correlação entre cultura e educação. “Educação e cultura caminham juntas na estrada, na correnteza, na casa, no ninho, na escola, na universidade, no teatro, no museu, na biblioteca, no centro cultural, na vida. Cultura e educação são frutos de uma mesma árvore sagrada do conhecimento”, afirmou.
Piúba assegurou a retomada dos programas Mais Cultura nas Escolas e Mais Cultura nas Universidades, “interrompidos pelo Golpe de 2016 e destruídos nos últimos quatro anos”, completou.
O secretário chamou de “árdua e bela” a agenda que deve ser desenvolvida, antecedidas por três movimentos, sendo o primeiro a realização do seminário e, o segundo e terceiros, a criação do Comitê Técnico Interministerial Cultura e Educação e, a assinatura de um novo Acordo de Cooperação que deve ser anunciado pelo presidente da República e titulares das pastas, anunciando ações e volume de investimentos para os próximos quatro anos.
O relacionamento entre a Universidade de Brasília e os Ministérios da Cultura e da Educação foi destaque na fala da reitora, Márcia Abrahão. “Estou muito honrada por ter este evento pensado e executado na UnB. “Ter o governo federal conosco nos dá um ar de esperança. Já podemos perceber que as universidades estão sendo tratadas de forma diferente e estamos ávidos por estreitar essa relação, tanto com o MEC quanto com o MinC”, disse.
Painéis Temáticos
No período do seminário serão realizados também painéis temáticos para discutir pontos que nortearão políticas públicas. Convidado para as discussões, o escritor e roteirista Paulo Lins, autor da obra Cidade de Deus, entre outras, defende o incentivo para a criação do hábito de leitura nas crianças e nos jovens de forma lúdica. “A arte tem que ser lúdica. A arte não pode ter cobrança. Tem que ter incentivo. E é isso que a gente está propondo aqui”.
A escritora de obras como Água de Barrela, o Crime do Cais do Valongo e Solitária, a carioca Eliana Alves Cruz, conta que chegou ao evento bastante emocionada. “Porque nós passamos um período muito difícil, muito duro. E ter este ambiente de interlocução, de diálogo entre duas pastas tão cruciais para o país, para o futuro do país, é algo que realmente reestabelece uma fé no futuro, uma fé de que conseguiremos ultrapassar as nossas dificuldades em um país tão grande. Esse diálogo entre os dois ministérios, tendo o livro com a manteiga no pão, é um alimento para a alma. Muitas ideias vão circular durante esse seminário, muitas coisas vão germinar com toda certeza. Eu fico muito feliz de fazer parte, de ter sido convidada”, contou.
A especialista em acessibilidade em eventos culturais, Bárbara Barbosa, estava radiante. “Um momento desses é a melhor coisa do mundo, poder cantar o Hino Nacional, sabendo que ele é nosso, sabendo que tem muita coisa pra fazer, que tem muito trabalho para mas a gente pode fazer, não tem preço”.
Também integrante de painel que vai discutir acessibilidade, ela disse que anotou vários pontos importantes que surgiram nas falas das autoridades para contribuir com o grupo. “É uma honra estar fazendo parte desta construção”.
Veja aqui a íntegra do evento: