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Notícias
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Foto: Rafa Nedderemeyer/BRICS Brasil/PR
Nesta segunda-feira (24), teve início a 1ª Reunião Técnica do Grupo de Trabalho (GT) da Cultura do BRICS, organizada pelo Ministério da Cultura do Brasil (MinC), com apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE), por videoconferência. O encontro marca a abertura de uma série de três reuniões que serão realizadas ao longo de 2025 no âmbito da presidência brasileira do grupo, culminando em uma sessão ministerial no mês de maio, em Brasília.
O encontro virtual, conduzido por Bruno Melo, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MinC, foi dividido em dois grandes eixos temáticos: Cultura e Economia Criativa, Direitos Autorais e Inteligência Artificial e Cultura, Mudança Climática e Agenda de Desenvolvimento Pós-2030.
Durante a primeira parte da reunião, os delegados discutiram os impactos e oportunidades da inteligência artificial (IA) nas indústrias culturais e criativas, bem como a importância da proteção dos direitos autorais diante do avanço das tecnologias. A cooperação entre os países foi destacada como essencial para desenvolver políticas públicas robustas e inclusivas no setor.
Entre os destaques, a China apresentou seus desafios regulatórios e ferramentas de inovação desenvolvidas para lidar com as transformações tecnológicas. A Índia anunciou a realização do AI Summit em Nova Délhi no próximo ano, iniciativa que visa divulgar os debates sobre inteligência artificial ao nível internacional. Já a Indonésia trouxe reflexões sobre a necessidade de uma IA mais inclusiva e ética, em linha com os princípios de diversidade cultural.
A Rússia contribuiu com ideias relacionadas à continuidade das discussões iniciadas sob sua presidência anterior. O Irã apresentou perspectivas externas à produção editorial e convidou os países para participarem de sua tradicional Feira do Livro. A África do Sul destacou a cultura, a tecnologia e a inovação como motores para a inclusão social.
Os Emirados Árabes Unidos sugeriram desenvolver parceria com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) para o desenvolvimento de uma arquitetura metodológica voltada para a economia criativa. Já o Egito apresentou iniciativas voltadas à capacitação e ao networking de jovens empreendedores culturais.
"O que estamos vendo hoje é uma convergência muito grande nas nossas visões sobre esses temas. Estou muito feliz de ouvir falas complementares, propostas concretas e também preocupações legítimas", afirmou Bruno Melo. "O objetivo aqui é compartilhar visões e melhores práticas, mas, sobretudo, construir uma declaração forte para a reunião ministerial. Não queremos apenas um documento cheio de palavras, mas um compromisso com ações concretas que possam ser levadas adiante pelas próximas presidências do BRICS", enfatizou.
Cultura e crise climática
A segunda parte da reunião abordou o papel da cultura frente aos desafios ambientais e à agenda de desenvolvimento sustentável. Bruno Melo iniciou a sessão lembrando que, para o Brasil, a cultura não deve ser vista somente como um setor vulnerável às mudanças climáticas, mas como um agente de transformação.
"A ministra Margareth Menezes sempre reforça que a crise climática é um desafio coletivo. Através da expressão artística, do design e da memória coletiva, da cultura, comportamentos, valores, podemos catalisar mudanças estruturais. É também um pilar central para adaptação e resiliência, principalmente, por meio do conhecimento incorporado em tradições indígenas e práticas locais", afirmou.
Ele propôs que a discussão no grupo técnico avançasse em três linhas principais: produção e consumo sustentáveis no setor cultural; integração da cultura em políticas nacionais de clima e desenvolvimento; e valorização do conhecimento tradicional e das heranças culturais. O diálogo, segundo ele, também busca fortalecer a posição dos países do BRICS nos fóruns internacionais, como a COP30 e a MonDiCult 2025, da Unesco.
Bruno ainda convidou os países para se unirem ao Grupo de Amigos para a Ação Climática Baseada na Cultura, coalizão lançada pelo Brasil e Emirados Árabes Unidos na COP28, que hoje reúne 48 países e 20 organizações internacionais.
"O sul global sofre desproporcionalmente com os impactos da crise climática. É fundamental que a cultura esteja no centro das soluções, como força vital para a identidade, a inovação e a resiliência. Estamos comprometidos em garantir que ela ocupe o seu lugar nas discussões ambientais globais", apontou.
Contribuições
Além do Brasil, delegações da África do Sul, China, Rússia, Índia, Indonésia, Irã, Egito, Emirados Árabes Unidos e Etiópia participaram ativamente da reunião. Representando a África do Sul, o delegado Ruphus Matibe enfatizou a necessidade de políticas culturais resilientes ao clima, que integrem saberes indígenas e práticas sustentáveis.
“Firmemente acreditamos que a cultura não é apenas uma reflexão de nossa identidade, mas um poderoso instrumento para a adaptação climática e a sustentabilidade”, afirmou.
Já a representante dos Emirados Árabes, Shatha Almulla, ressaltou a iniciativa conjunta com o Brasil na criação do Grupo de Amigos para a Ação Climática Baseada na Cultura, além da adoção de políticas nacionais que combinam turismo cultural, preservação do patrimônio e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
A delegada da Índia, Lily Pandeya, chamou a atenção para a urgência de integrar a herança cultural em estratégias globais de adaptação climática. "A crise ambiental não é só um desafio físico, é também cultural. A cultura tem de ser um pilar da agenda pós-2030", afirmou.
Próximos passos
A 2ª Reunião Técnica do GT da Cultura do BRICS acontecerá presencialmente em Brasília, nos dias 22 e 23 de maio. O encerramento do ciclo será com a reunião dos ministros da Cultura do bloco, no dia 26 do mesmo mês. Segundo Bruno Melo, as propostas levantadas durante o primeiro encontro serão consolidadas em um rascunho de declaração que será enviado aos países em abril, para construção coletiva.
"Estamos avançando numa base comum. Isso é fundamental. O que começou como um diálogo técnico caminha para uma articulação política sólida, com potencial de transformar a cultura em eixo estratégico das agendas climáticas e de desenvolvimento", declarou.
Segundo dia
Nesta terça-feira (25), o Ministério da Cultura realiza nova reunião virtual com os países membros do bloco, que seguirá aprofundando os temas debatidos nesta segunda-feira. A expectativa é que os diálogos resultem em diretrizes claras para o fortalecimento da cooperação cultural entre os países do BRICS.
A partir das 11h30, haverá entrevista coletiva para falar dos principais pontos e encaminhamentos da reunião. O chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MinC, Bruno Melo, é o porta-voz.
Profissionais da imprensa que desejam participar devem se credenciar aqui, até as 9h desta terça-feira (25).
BRICS
Neste ano de 2025, o Brasil assumiu a presidência do BRICS, tendo como tema central Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável. A realização da cúpula em solo brasileiro representa uma oportunidade estratégica para discutir as relações internacionais, o papel da cultura como ferramenta para um mundo multipolar diverso e fortalecido, promovendo iniciativas voltadas à sustentabilidade, inclusão social e soluções conjuntas para os desafios da governança global.
O BRICS é composto pelos seus membros fundadores — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e passou por uma expansão recente com a incorporação de novos membros: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia. Esses países foram convidados a integrar o grupo durante a 15ª Cúpula, realizada em Joanesburgo, em agosto de 2023. A Indonésia formalizou sua adesão em 2024.
Serviço
Coletiva de imprensa
Data: 25 de março
Horário: 11h30
Link credenciamento: https://brics.br/accreditation/media
Local: Serpro - SGAN Quadra 601 Módulo "V" · Brasília - DF
TAG: BRICS