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“Só veremos o futuro se conseguirmos aprender com o passado, com o respeito à educação, à cultura e à ciência”, diz Ana Lúcia Meira
Foto: Filipe Araújo
De incêndios a tempestades, a mudança do clima vem causando danos ao patrimônio cultural e natural das pequenas e grandes cidades. O painel Mudança do Clima: Futuros Possíveis para o Patrimônio e a Cultura, nesta terça (5), em Salvador, no Seminário Internacional Cultura e Mudança do Clima, abordou como as alterações do clima aumentam a vulnerabilidade das comunidades e prejudicam a infraestrutura cultural destes locais, assim como a necessidade de proteção desses bens culturais.
“O patrimônio cultural é uma ferramenta de promoção da sustentabilidade, mas precisamos encontrar soluções para preservá-lo diante dessas situações que estão sendo enfrentadas em todo o mundo”, comentou o mediador da mesa, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), Leandro Grass.
Durante o debate, os palestrantes falaram de suas experiências e de suas ações em torno das medidas para a preservação do patrimônio e da ativação dele como fenômeno de sustentabilidade. “A estratégia de redução do risco de desastres para a cultura e o patrimônio é integrada com o desenvolvimento e a construção de um ecossistema”, observou o diretor de Pesquisa e Documentação no Departamento de Patrimônio Urbano da Comissão de Patrimônio da Arábia Saudita, Adnan Al-Jaber, que exibiu exemplos de ações implementadas no país para a proteção do patrimônio.
A partir da enchente ocorrida no Rio Grande do Sul, em maio, a arquiteta e urbanista Ana Lúcia Meira falou sobre futuros possíveis para o patrimônio. “Nosso patrimônio é construído a partir de símbolos, ele tem espaço, ele tem lugar, ele tem tempo. Essas variáveis não existem no mundo negacionista”, enfatizou, referindo-se às notícias falsas publicadas na época do evento climático.
“Um outro olhar possível é a gente olhar para o nosso patrimônio e ver como podemos aprender com ele. Só veremos o futuro se conseguirmos aprender com o passado, com o respeito à educação, à cultura, à ciência, de maneira integrada, que é isso que existia há 400 anos nesse mesmo território do Rio Grande do Sul”, completou.
Representante quilombola do Jalapão, no Tocantins, Ana Mumbuca abordou como a cultura e cosmologia do seu povoado são fonte de reflexão e trazem apontamentos a respeito do enfrentamento à crise climática. “A primeira vez que eu fui chamada para discutir a questão climática foi em 2012, e é um debate amplo. E a certeza que eu saio daqui é que as incertezas trazem para nós um cenário de caos”.
O papel da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura na relação com o patrimônio cultural e a mudança do clima foi tratado pela chefe do Escritório Executivo do Setor de Cultura na Unesco, Dorine Dubois. “Estamos falando aqui de patrimônio cultural em todas as formas, construída e intangível. E nós temos convenções internacionais para proteger esse patrimônio cultural. O G20 é um fórum importante, mas precisamos ir além destes 20 países. Precisamos ir às comunidades internacionais mais amplas, e é isso que estamos fazendo com a COP. Precisamos promover o papel da cultura para a ação climática nesses foros”.
O Seminário Internacional Cultura e Mudança do Clima é uma realização do Ministério da Cultura em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI), com apoio do Governo da Bahia, da prefeitura de Salvador, do BYD, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e patrocínio do Youtube.
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